Mau-caratismo, uma praga

A saída está nos jovens, nas ruas e nos movimentos que brotam numa sociedade plural

Largo da Catedral/Floripa
Largo da Catedral/Floripa


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A potencialidade do Brasil e sua importância no cenário mundial ficaram evidentes nos primeiros seis meses do governo Lula. A visita de Ursula Von der Leyen, dia 12, ao presidente Lula, só confirma: estamos de novo bem na foto. No entanto, na mesma semana, um mega escândalo, tamanho king size "três g", envolvendo a privatização da Eletrobras, não teve o devido destaque pela mídia como deveria ter tido. Pela gravidade do ocorrido seria o assunto da semana em qualquer outro país. A nossa realidade, infelizmente, é outra: quando o assunto envolve bilhões as portas se fecham. (*) 

O que está acontecendo no nosso país é o crescimento da esperteza, advinda do mau-caratismo. Quando esse grave desvio de comportamento se alastra pelo país, contaminando todos os Poderes da República, Executivo, Legislativo e Judiciário, chegando nas relações empresariais privadas e até mesmo no futebol, a praga tem que ser combatida. Sem a devida reação da sociedade, tudo fica mais difícil e o futuro como nação ameaçado. (**)

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Para situar o problema, vamos aos fatos da semana: o que se observa é a promiscuidade entre interesses públicos e privados envolvendo a privatização da Eletrobras. Qualquer cidadão minimamente atento e consciente percebe no ar a safadeza em curso. Aliás, pelo que vem sendo apurado, a imoralidade está presente nos arranjos entre o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, com grupos privados. Tudo combinado, saiu da presidência da Eletrobras para presidir a "Nova Eletrobras". Sobre isso já falamos várias vezes. (***)

Outro caso recente envolvendo o Poder Executivo, ocorreu aqui em Santa Catarina. Um fato inédito no Brasil, desde janeiro dezessete prefeitos estão presos. O motivo de estarem na cadeia é o mesmo, corrupção com a coleta do lixo nas suas respectivas cidades. Por coincidência são parceiros no crime e na política. Como boa parte deles governavam pequenas cidades, onde todos se conhecem, o malfeito entra nas escolas, no posto de saúde e na casa das pessoas. Um péssimo exemplo que dão, principalmente para as crianças.

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No Poder Judiciário depois das apurações envolvendo a Lava Jato, que transformaram a República de Curitiba numa "republiqueta", com graves denúncias envolvendo e comprometendo os expoentes da operação, o mau-caratismo aflorou de vez. Os delatores pressionados, sentenças suspeitas, procuradores afastados, juízes e desembargadores sob observação. Uma confusão que não tem fim, agravada pelas declarações de Tony Garcia e em breve com os depoimentos de Tacla Duran. (****)

Quanto ao Poder Legislativo Federal, por tudo que acontece em Brasília, acaba sendo o mais exposto. As famosas Emendas Parlamentares favorecem o mau-caratismo. Os recursos disponibilizados ficam sob a tutela do parlamentar, que tem o poder da liberação da verba. Com a Emenda do Relator, uma novidade introduzida pelo Centrão de Arthur Lira, tudo ficou mais facilitado. O deputado tem a faca e o queijo na mão, contra si só a consciência.

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Por falar em consciência, na última quarta-feira, 14, a Câmara dos Deputados, por ampla maioria, aprovou o projeto de lei da deputada Dani Cunha. Por ser filha do deputado cassado Eduardo Cunha, a repercussão foi imediata. O projeto por si só já é polêmico, ao tipificar como crime a discriminação de pessoas politicamente expostas. Ainda mais se sabendo que a iniciativa partiu da filha dele, uma deputada de primeiro mandato, que conseguiu regime de urgência na matéria, e ter seu projeto aprovado em apenas duas horas. Para quem conhece a Câmara esse rito é anormal. Como vai para o Senado, que é a Casa Revisora, vamos ver o que vai dar. Lamentável, mas estamos atentos.  #deolhonofuturo 

(*) O crime não compensa. Ele acaba aparecendo. Vide o caso das Lojas Americanas.  Um lucro fictício de 20 bilhões de reais, por enquanto. Foi assim com a Enron, na década de 90, nos EUA. Na época uma das maiores empresas de energia do mundo. Virou pó.

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(**) Com as devidas exceções, as pessoas gostam de passar os outros para trás. Dizem que faz parte do nosso jeito de ser. Estudiosos da alma humana, já acham que é falta de caráter mesmo. As apurações do MP em Goiás, envolvendo jogadores de futebol ilustram bem o mau-caratismo dos envolvidos. Nem mesmo a paixão nacional foi poupada.

(***) O presidente da Eletrobras não trocou de cadeira. O que trocou foi o seu salário. Segundo o  Valor saiu de 50 mil e passou em março para 300 mil. Ao tomar conhecimento dos salários dos diretores da "nova Eletrobras" e da descabida remuneração dos conselheiros, o presidente Lula mandou apurar os arranjos societários feitos que prejudicaram diretamente a União.

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(****) Tony Garcia, empresário influente, ex-deputado estadual, foi muito próximo de Moro. Tacla Duran, advogado da Odebrecht, por segurança vive na Espanha. É um arquivo vivo. 

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