Marx Beltrão: E Renan não sabia?
Talvez esteja claro que a queda de Marx foi intencional. A dúvida que existe é se foi feita de comum acordo entre Temer e Renan
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O presidente interino Michel Temer (PMDB) decidiu suspender a nomeação do deputado federal Marx Beltrão (PMDB-AL), indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para o Ministério do Turismo, após reportagens mostrarem que o parlamenta é réu no STF por falsidade ideológica – processo da época em que Marx era prefeito de Coruripe.
Dizem que o presidente Temer está "muito sensível ao noticiário após a queda de três ministros do seu governo envolvidos na Lava Jato", segundo reportagem do O Globo, e aguarda que Renan Calheiros indique outro nome. Diz ainda que um auxiliar do governo revelou que estão sendo levantados histórias e escândalos que envolvem o pai de Marx, o deputado estadual João Beltrão.
Cá com os meu botões li e entendi claramente que rifaram Marx Beltrão. E é difícil acreditar que essa decisão tenha sido obra apenas do governo. É que outro alagoano, o deputado federal Maurício Quintella (PR), também tem problema, foi alvo de reportagens, mas não foi detonado. Assumiu e permanece no cargo.
E olha que Quintella foi condenado em agosto de 2014 por participação em um esquema que desviou dinheiro destinado ao pagamento de merenda escolar em Alagoas, entre 2003 e 2005, período em que era secretário de Educação do Estado. Marx ainda não foi julgado.
Ou seja, governo protegeu, topou e peitou o nome de Maurício Quintella. Já quanto a Marx, indicação do poderoso Renan, ao contrário, a reportagem ainda cita questões conhecidas em Alagoas sobre o pai dele, o deputado estadual João Beltrão, que é envolvido numa penca de processos na área criminal, condenação no TCU, enfim.
Portanto, talvez esteja claro que a queda de Marx foi intencional. A dúvida que existe é se foi feita de comum acordo entre Temer e Renan. O presidente interino teria coragem de peitar o presidente do Senado dias antes da votação do impeachment de Dilma? Só se fosse louco ou tivesse ingerido o remédio errado.
Mais parece uma saída sem desgaste, sem responsabilidade direta e pessoal dos personagens, como quem quer passar a ideia de que ocorreu algo imprevisto. Os Beltrão e os Calheiros caminham juntos na política alagoana faz muito tempo, como unha e cutícula.
E qualquer pessoa com o mínimo de noção anteveria que Marx seria atacado e os problemas do seu pai, que ainda não foram julgados, poderiam ser facilmente usados. No entanto, não poderiam atingir o filho, pois este não é réu nos processos. Mas poderiam expor o pai do ministro para todo o país, os tipos de processos, a demora nos julgamentos, por exemplo.
O fato é que Marx Beltrão, após ser eleito deputado federal, conseguiu uma grande visibilidade. Ocupa espaço na mídia local, principalmente, é alto, jovem, simpático, está no PMDB, mas controla outras siglas. Além de tudo isso, surgiu à especulação que em 2018 ele seria candidato ao Senado, numa dobradinha com Renan Calheiros.
E é claro que no comando do Turismo teria uma visibilidade dezenas de vezes superiores do que tem no cargo de deputado federal. E isso lhe daria ainda mais condições de pavimentar a disputa pelo Senado.
Portanto, pode ser que o novato seguindo nessa estrada tão cedo fechada não interessasse aqueles que também vão surgir, ou ressurgir, para disputar uma das duas vagas ao Senado Federal.
Talvez seja necessário que a rodovia fique aberta para outros, caso de Teotonio Vilela, não é mesmo?
O tempo e ações futuras serão reveladores sobre essa jogada.
E tem gente que ainda acha que o senador Renan não é um mestre.
Aí, Marx, e Renan não sabia?
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