Marina quer eliminar os direcionamentos obrigatórios do mercado de crédito
Para os leigos essa frase curta significa acabar com a garantia e as condições favoráveis dos créditos rural, habitacional, à micro empresa e à indústria, hoje garantidos pelo governo Dilma
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Tudo indica que a guerra suja contra a reeleicão de Dilma vai se intensificar. O vale tudo deixa perplexos jornalistas, historiadores e economistas experientes. De entranhas abertas, o jogo do poder começa a cheirar mal para o cidadão comum. Nem mesmo o terrorismo econômico realizado pela mídia comercial de direita com o apoio das agências de classificação de risco da economia, vão cegar o povo brasileiro.
Duas pesquisas mostram esta semana que apesar de todo o empenho das elites para tentar jogar o nome de Dilma na lama, a meteórica subida de Marina estacionou e está agora em queda. Não é por acaso que a Globo noticiou com destaque, na quarta, o rebaixamento da nota do Brasil de estável para negativa, pela agência internacional Moodys, o que teoricamente espantaria investidores.
Segundo a 121ª rodada da pesquisa CNT/MDA divulgada na terça, 9, pelo site da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) Dilma e Marina voltam a ficar empatadas em segundo turno. Para Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, a pesquisa é excelente para Dilma porque, além de voltar à situação de empate técnico no 2º turno, ela confirma as pesquisas Ibope e Datafolha da semana passada, que já mostravam tendência de queda da vantagem de Marina sobre Dilma em 2º turno.
Outra pesquisa - feita pela Vox Populi e divulgada na quarta, 10, pelo site da revista Carta Capital - aponta Marina Silva com 42 por cento contra 41 por cento de Dilma Rousseff no segundo turno, ou seja, mais uma vez empatadas tecnicamente.
Segundo a mesma pesquisa, Dilma lidera no primeiro turno com 36 por cento das intenções de voto, Marina tem 28 por cento e Aécio Neves 15 por cento.
Este é um momento crucial. Passados os dias de comoção vividos por todos com a morte de Eduardo Campos, os eleitores brasileiros devem refletir objetivamente sobre o que é bom para o Brasil e buscar entender quem está sendo claro a respeito de cada um dos pontos de seu programa.
Marina Silva tem revelado a cada dia uma promessa de gosto mais amargo ao trabalhador brasileiro. Fiquei estarrecido ao me deparar na página 61 de seu programa de governo que o mercado de crédito no Brasil será reformulado de tal forma que, gradualmente, se eliminem os direcionamentos obrigatórios.
O que significa para os leigos essa frase curta? É o mesmo que se perguntar o que resultaria desta medida para o crédito rural, para o crédito habitacional, para o crédito à indústria, entre outros hoje garantidos em condições especiais pelo atual governo? A resposta é simples: o fim de todos eles.
É isso que seus eleitores querem? Que o Estado deixe de garantir a certos segmentos de reconhecida importância social, condições de financiamento favoráveis, como faz por exemplo, com a agricultura familiar, responsável por 60% dos alimentos que chegam na mesa do brasileiro?
Os eleitores de Marina querem mesmo que os financiamentos da casa própria diminuam e os programas habitacionais para a população de baixa renda deixem de existir? que os micro empresários e os grandes empresários não tenham mais acesso a crédito especial, como hoje são garantidos pela Caixa Econômica? Se assim for, votem em Marina.
A Folha Bancária, um dos mais antigos veículos da imprensa sindical brasileira, critica a proposta e esclarece em matéria nesta semana, como funciona atualmente o mercado de créditos no país. Hoje, 25% dos depósitos à vista vão obrigatoriamente para o crédito rural; 65% do que entra na caderneta de poupança destina-se ao financiamento imobiliário e 2% dos depósitos à vista rumam para o microcrédito, por exemplo. Além dos recursos do BNDES.
Estudo do Dieese, citado pela Folha Bancária, comprova a importância do crédito direcionado na economia do país. De janeiro de 2008 a dezembro de 2013, o saldo de empréstimos com recursos livres cresceu 70%, enquanto que o crescimento dos direcionados chegou a 176%, com destaque para o imobiliário, rural e com recursos do BNDES. A participação relativa do direcionado no total de crédito do país passou de 33%, em janeiro de 2008, para 44,4%, em dezembro de 2013.
Uma das modalidades que mais se expandiu nos últimos anos foi a do crédito imobiliário, tornando-se um dos pilares do crescimento do crédito no país. Dados do Banco Central mostram que o volume do saldo da carteira de crédito direcionado para aquisição e financiamento imobiliário cresceu 5,7 vezes (474,8%) entre 2008 e 2013.
Esses números mostram a importância do crédito direcionado para o desenvolvimento do país. Trata-se, portanto, de um verdadeiro crime contra os brasileiros acabar com a obrigatoriedade dos bancos privados e públicos de utilizar uma porcentagem definida do capital circulante para contribuir com a qualidade de vida do brasileiro, de ter sua casa própria, de implementar melhorias para que sua propriedade rural, a sua micro empresa ou sua indústria produza mais e melhor.
Aqueles que se empolgaram com a retórica de Marina sobre a nova política, estudem bem o que faz parte dela. No lugar de eliminar gradualmente a garantia do direcionamento de créditos, minha proposta, a proposta petista, é garantir e aumentar gradualmente o montante destes créditos. Regredir, o Brasil não pode, jamais.
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