Marina, a esfinge
Hercúlea tarefa é tentar penetrar em suas convicções, mesmo porque ela despensa o que pensa constantemente. Errática, muda de convicções como quem troca de xale
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Árdua tarefa tentar desvendar esse insondável mistério. Esfíngica, Marina se esconde atrás de um biombo linguístico pernóstico e tortuoso.
Quem entende o que ela diz?
Hercúlea tarefa é tentar penetrar em suas convicções, mesmo porque ela despensa o que pensa constantemente. Errática, muda de convicções como quem troca de xale.
Saiu do PT e candidatou-se pelo PV, metendo o malho no ex-partido. No PV foi uma espécie de dublê de candidata e garota propaganda da Natura.
Saiu do PV e inventou uma miragem chamada nova política e com ela pregava no deserto. Para dar ar de realidade a essa fantasia, tentou montar um partido, que se chamaria Rede Sustentabilidade, mas mesmo tendo obtido mais de 20 milhões de votos em 2010, não conseguiu obter um milhão de indivíduos que firmassem suas assinaturas pela criação da tal Rede.
Ninguém sabia o que pretendia o natimorto partido, até que um de seus dirigentes foi flagrado, durante as raves cívicas do ano passado, quebrando vidraças na esplanada dos Ministérios.
A Rede como partido não saiu, mas o Itaú aproveitou-se da exposição midiática da marca e tascou-a em suas maquininhas de cartão de crédito. Ora, pois.
Marina era verde, ainda quando andava com os pés descalços pelos seringais e, como criacionista, acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis que pairavam sobre todas as criaturas.
Mas aí ela amadureceu e converteu-se à religião de Neca Setúbal, a bilionária banqueira, herdeira de fortuna parasitária. Para deixar clara a sua conversão à religião dos banqueiros, Marina comparou a madame Neca a Chico Mendes, veja que heresia, disse que os dois, Chico e Neca, eram elite.
A filha do seringueiro sindicalista aplicou-lhe uma seringa de simancol, desautorizando-a pela bisonha associação.
Parece que neste momento ninguém conhece melhor o que diz, pensa e faz dona Marina do que madame Setúbal. E a bilionária acaba de confirmar, sem franzir uma única ruga de preocupação, que se Marina vencer o pleito "não governará com convicções pessoais".
E com que convicções ela irá governar então, pergunta esse atônito datilógrafo.
Madame Itaú parece saber que são frágeis as firmes decisões da ex-seringueira. Isso todos nós vimos há pouco, bastou o pastor eletrônico Malafaia dar quatro tuitadas e lá se foram as convicções de Marina.
Dona Neca acena para que ela retire os óculos vermelhos que a deixavam parecida com a Vovó Zilda, e Marina liberta a vista e rejuvenesce na TV.
E tem aquela coisa do coque, da igreja castradora que ela segue. A cândida candidata parece viver ainda no tempo de Salomão, e se quer sapiente como o lascivo rei dos hebreus.
Dona Marina acredita, veja que coisa, que aquele mito Lafontainico de um Deus que amassa uma porção de barro e extrai dali um homem e depois arranca das costelas dele uma mulher e, em seguida, aparece uma cobra falando, bebendo e fumando charuto é uma verdade incontestável.
Com mil diabos.
Sinto muito pela franqueza que me é peculiar, mas Deus não acredita em quem acredita numa coisa dessas.
Mas há uma forma de saber se a nota que madame Setúbal oferece para o país é verdadeira ou falsa. A verdadeira Marina tem raízes profundas no Acre. Ali está a sua história, é dali que vamos extrair sua trajetória até chegarmos em Neca.
Em Xapuri, como sabemos, não se vota com entusiasmo na ex-seringueira, sua filha. Por que insondáveis mistérios da floresta Marina ficou em terceiro lugar no Acre em 2010, quando ela era desejada por todo o Brasil? Onde está a incoerência aí, no seringal ou na seringueira? Por que raios os conterrâneos de Marina não votam nela?
O que eles sabem que não sabemos?
Outra pergunta, Malafaia terá um ministério?
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