Marielle na roda da História

Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia, avalia que, "qualquer que seja a verdade sobre a conversa de portaria no condomínio Vivendas da Barra, cabe não perder de vista o essencial: o crime contra Marielle Franco e Anderson Gomes segue à espera de esclarecimentos capazes de levar ao julgamento e punição de responsáveis"

(Foto: Foto: Agência Brasil)


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Por Paulo Moreira Leite, para o Jornalistas pela Democracia - Qualquer que seja a verdade sobre a conversa de portaria no condomínio Vivendas da Barra, cabe não perder de vista o essencial.

Um ano e oito meses depois, o assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes segue à espera de esclarecimentos capazes de levar ao julgamento e punição de responsáveis -- não apenas os operadores de ponta, mas os mandantes graduados.

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A morte da vereadora do PSOL, em 18 de março de 2018, é o grande crime político ocorrido na estrada torta que conduziu uma democracia já esfrangalhada pelo impechament para um período de perseguição aberta e violência à espreita. A evolução dos acontecimentos tem uma cronologia clara.

Um mês antes da morte de Marielle, Michel Temer assinou o Estado de Emergência no Rio de Janeiro, entregando o segundo maior estado brasileiro, subjugado pelo poder paralelo das milícias, ao comando das Forças Armadas.

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Um mês depois do assassinato, como se fosse uma sequência natural, Lula seria conduzido de helicóptero para a cela de Curitiba. Depois do assassinato impune, passou-se à prisão sem prova.

Em agosto, por 6 votos a 5, o Supremo decidiu que o candidato favorito ao pleito presidencial estava fora da campanha, decisão sacramentada por um tuíte do então comandante do Exército, general Villas Boas. Em janeiro de 2019, quando tomou posse, Bolsonaro reconheceu em voz alta que o general fora um dos responsáveis por sua  chegada à Presidência.

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A história brasileira ensina que a preservação do esquema criminoso que assassinou Marielle e acobertou as responsabilidades maiores é parte essencial de mudanças recentes que ameaçam direitos e garantias conquistados com tantas dificuldades.

Acima de qualquer direito civilizatório, o segredo deve ser preservado de qualquer maneira. É o que se aprende nos manuais de guerra revolucionária dos professores da ditadura, heróis do presidente da República, que usavam até codinomes para dar choques e conduzir cidadãos indefesos para o pau-de-arara.

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Quando foi possível acender luzes naquela indizível escuridão, diminuíram os crimes mais infames, a barbárie mais violenta, as atitudes mais hediondas. Nem tudo foi esclarecido, nenhum carrasco foi julgado, o que é uma lástima.

Ainda assim, por três décadas o país teve direito a encontrar-se consigo mesmo, curar  dores agudas, alimentar  esperanças.

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Examinada em retrospecto, única forma de se compreender a História de um povo, a operação que assassinou Marielle Franco e Anderson Braga representa uma tentativa de fazer a história andar para trás.

Está inteiramente ligada ao que veio depois. É preciso que seja esclarecida, para que a roda da história retome seu curso.

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