Mariano Recalde
Marianos há por toda a América Latina. Que todos possam dar certo assim para o bem das nossas sociedades. É preciso apenas criar as oportunidades como o casal K criou
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Estive no último final de semana em Buenos Aires, a participar de um curso de formação política para quadros juvenis da Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina-COPPPAL. Lá tive a oportunidade de estar presente no ato de lançamento da candidatura de Mariano Recalde, pelo Partido Justicialista, à prefeitura da capital da Argentina.
Mariano é um jovem de 40 anos, é advogado, ingressou na militância nos cacerolazzos de 2001, na maior grave crise econômica e social já experimentada por seu país durante os governos Menem e De La Rúa, sendo o primeiro representante da então degeneração do peronismo ao neoliberalismo. Desta crise emergiu os governos de Nestor e Cristina Kirchner, que recuperaram o legado histórico de Juan Perón e sua plataforma de Soberania Política, Justiça Social, Independência Econômica e Integração Regional.
Para conseguir implementar a década de maior prosperidade da história da Argentina, o casal K enfrentou duras batalhas com a direita conservadora, sendo a maior delas o conflito com o agronegócio, em 2006. Ali, perceberam que era necessário investir em uma nova geração de líderes do PJ tanto para manter o partido compromissado com o peronismo resgatado das garras neoliberais, quanto da política tradicional que o infestava até 2003 e foi repudiado pelo povo sob a consigna "Que se vayan todos!".
Assim, Recalde e outros companheiros criaram a agrupação La Campora, que viria a ser um celeiro desta transição de gerações, pois era imaginável para Nestor e Cristina que, após seu ciclo de governo, o país e o partido caíssem de novo nas mãos dos derrotados de 2003. A Campora catapultou jovens lideranças ao governo que, gradualmente, foram se formando e crescendo na gestão pública, enquanto, na dimensão social da disputa política, buscavam organizar jovens de "45 años a bajo" para defender o governo e reoxigenar o peronismo.
Hoje, Mariano é presidente da Aerolíneas Argentinas, a maior (e estatal) empresa de aviação aérea, onde seu balanço é formidável. Quando assumiu em 2008, a empresa, privatizada, tinha 26 aviões operativos. Está, em 2015, com 71. Mais passageiros foram conquistados, novas rotas abertas, entre as quais Madrid, Nova Iorque e Miami, com aeronaves de primeira linha, com direito à streaming em dispositivos como tablets ou smartphones dos passageiros. Tudo por meio de gestão profissional, que reconquistou a confiança do mercado.
Recentemente, foi lançado o Fundo Aerolíneas, composto por fundações e organizações como a Colca-Cola, YPF, a Diego Maradona, Leo Messi, entre outras. É um fundo de sobra de milhagens para financiar as viagens de cientistas, esportistas que promovam o país ou cidadãos que necessitem viajar para transplante de órgãos, questões médicas etc. É orgulho também o programa Meu Primeiro Vôo, para jovens de baixa renda de pequenos municípios do país.
Dando um banho de gestão e de gestão pública sobre a gestão privada, Mariano Recalde agora disputará a capital do país, concluindo o ciclo do investimento geracional em novas lideranças do país que tem esta Aerolíneas e não deixa de enfrentar os Fundos Abutres e promover a integração latino-americana em solidariedade com países como a Venezuela ou a dureza ao combate de golpistas paraguaios. Ou, ainda, realizou a Ley de Medios, democratizando os meios de comunicação e a informação na Argentina.
Daqui para a frente, Mariano pode ser até um dos que, ali adiante, sentem na cadeira de Perón de do casal K. Quem sabe? Outros amigos de Mariano completam a outra frente, assumindo cargos de chefia no Partido, como José Ottavis, que além de deputado provincial de Buenos Aires é o secretário-geral do PJ.
Este é mais um bom exemplo de como um projeto de esquerda, popular, nacional, pode seguir continuando sem sucumbir a senhores que clamam pela volta ao passado para não ficarem para trás, inclusive nas fileiras populares.
A América Latina, em geral, superou as lutas democráticas, ingressou em um ciclo de governos capazes de promover crescimento econômico e inclusão social, expansão de serviços e políticas públicas, assim como direitos. O momento exige não mais Know How, mas, sobretudo, Savoir Faire. Vamos disputar valores? Vamos! Mas dizendo qual a estratégia. Não há mais espaço para frases de efeito.
Marianos há por toda a América Latina. Que todos possam dar certo assim para o bem das nossas sociedades. É preciso apenas criar as oportunidades como o casal K criou. E que isso não se confunda com "promoção" por submissão. Uma nova geração de líderes não é igual a uma nova geração de burocratas. E burocratas devem, sobretudo, ser líderes.
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