Mantenha distância
"O estado – e não só o estado brasileiro – falhou e tem falhado nessa guerra em que nos meteu. Não nos protegeu de um vírus que estava localizado num país – a China – e agora não consegue nos proteger nem dele nem das suas consequências", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - À medida em que essa catástrofe avança fica mais claro que ninguém – nem os cientistas mais renomados – sabe como lidar, de fato, com ela, como diminuir seus efeitos desastrosos, como proceder, porque é uma novidade total: nunca houve uma epidemia como essa.
Modelos de epidemias anteriores não podem ser aplicados. Mesmo as decisões aprovadas pelos maiores especialistas não têm comprovação científica, estão sujeitas a comprovação pela experiência que ainda não existe, são balões de ensaio que podem dar certo ou errado.
A frase que mais se vê em todo o mundo, atualmente, é “fique em casa”. Aparece em todas as línguas, em todos os meios de comunicação, em todos os púlpitos, virou uma verdade inabalável, um tabu sem direito a contestações – pessoas podem chegar às vias de fato discutindo se é para ficar em casa ou não.
De outro lado, os mesmos especialistas que mandam ficar em casa afirmam que é necessário manter distância de um a dois metros entre as pessoas. Seja onde for, na rua ou em casa.
Se a casa for pequena, habitada por muitas pessoas, pergunto: é melhor ficar em casa ou manter distância quando fazer as duas coisas ao mesmo tempo é impossível?
Alguém sabe responder? Há uma resposta? Ou cada um que se vire?
A outra questão que me incomoda é a das máscaras. Eu vejo imagens da China e do Japão, por exemplo, nas quais pessoas de todas as idades usam máscaras o tempo todo, em todos os lugares. Mas os especialistas ocidentais – sejam da OMS ou do nosso ministério da Saúde – afirmam que elas só devem ser usadas por quem está doente ou por profissionais. E sempre salientam que se todos as usarem faltará aos que de fato necessitam.
Uma afirmação como essa mais confunde que esclarece. Se os profissionais precisam delas (e não estão doentes) é porque elas os protegem de quem possa estar. É óbvio, há muito mais contaminados em potencial no hospital do que na rua ou num supermercado, mas o fato é que, se as máscaras nos defendem do vírus deveriam ser usadas por todos.
O estado – e não só o estado brasileiro – falhou e tem falhado nessa guerra em que nos meteu. Não nos protegeu de um vírus que estava localizado num país – a China – e agora não consegue nos proteger nem dele nem das suas consequências e tudo o que tem a nos oferecer é a reclusão em casa até que as coisas melhorem, com direito de ir ao mercado e à farmácia .
E sem máscara.
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