Manobras para barrar registro de Lula já estão em andamento

"O gritante partidarismo da Justiça, cuja parcialidade nas questões que envolvem Lula e o PT é vista até do exterior, está escancarado", avalia o jornalista Ribamar Fonseca, colunista do 247; "O esforço da mídia e do Judiciário para deixar Lula de fora da sucessão, imaginando abrir caminho para o candidato do golpe Geraldo Alckmin, pode produzir um resultado inesperado e levar ao poder o candidato da extrema direita, Jair Bolsonaro", diz ele

Manobras para barrar registro de Lula já estão em andamento
Manobras para barrar registro de Lula já estão em andamento (Foto: STF/Ricardo Stuckert)


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O Brasil vive um dos períodos mais difíceis da sua História, não apenas porque vem sendo destruído, de maneira acelerada, pelo governo fruto do golpe parlamentar-juridico-midiático de 2016 mas, também, porque suas instituições estão contaminadas pelo ódio e pela intolerância disseminados pela mídia e redes sociais. O desrespeito à Constituição, sobretudo pela Justiça, acabou com as garantias constitucionais, deixando o país à mercê dos humores, convicções e simpatias e antipatias políticas de magistrados descomprometidos com o cumprimento das leis e com os interesses nacionais. Com essa falácia de combate à corrupção, um engodo espalhado pela Globo que empoderou o juiz Sergio Moro, desencadeou-se uma perseguição sobretudo a petistas, tendo como alvo principal o ex-presidente Lula, para impedi-lo de voltar à Presidência da República e, de maneira mais ampla, para estancar o avanço da Esquerda, com enormes prejuízos para a própria democracia. Essa é a única maneira de colocar a Direita no poder, porque todos sabem que no voto ela não mais ocupará o Palácio do Planalto.

O problema é que o esforço da mídia e do Judiciário para deixar Lula de fora da sucessão, imaginando abrir caminho para o candidato do golpe Geraldo Alckmin, pode produzir um resultado inesperado e levar ao poder o candidato da extrema direita, Jair Bolsonaro, colocado em segundo lugar em todas as pesquisas. O ex-capitão vem ganhando espaço entre os eleitores imbecilizados pela Globo, os quais perderam a capacidade de raciocínio, acreditando que o aloprado seguidor do coronel Ustra possa resolver a bala os problemas do país. Se tal acontecer, os grandes responsáveis pelos males daí decorrentes serão a mídia e o Supremo Tribunal Federal, que estão empenhados em impedir Lula de concorrer, pois ninguém tem dúvidas de que o ex-presidente é o único capaz de frustrar as pretensões de Bolsonaro. Mas diante da possibilidade de Lula vir a ser libertado, com a posse do ministro Dias Toffoli na presidência da Suprema Corte em setembro próximo e o provável julgamento das ADCs, a Direita, através da mídia e seus porta-vozes, já começou o processo de intimidação daquele ministro. Só falta o levante indignado e ameaçador dos generais de pijama.

O aparato montado no país para impedir a eleição de Lula, de modo a frustrar o desejo da maioria dos eleitores de quem deveria emanar o poder, segundo a Constituição, voltou a movimentar as suas engrenagens na mídia e no Judiciário com a proximidade da data do pleito. No TSE e no STF já são visíveis sinais de manobras para barrar o registro da candidatura do ex-presidente, enquanto nos meios de comunicação tradicionais e alternativos dissemina-se, após a decisão petista que preteriu Marilia Arraes em Pernambuco em favor de uma aliança com o PSB, a confusão quanto ao projeto politico de Lula, acusando-o, inclusive, de isolar a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes. Vale lembrar que o PT não tinha nenhum compromisso com Ciro, até porque ele próprio se encarregou de destruir todas as pontes que o ligavam ao líder petista. Para completar a movimentação anti-Lula só está faltando os discursos dos generais de pijama, que sempre se manifestam com ameaças todas as vezes em que surge uma possibilidade do ex-presidente sair da prisão. Eles só não dizem nada sobre a entrega das riquezas nacionais aos americanos, nem mesmo diante dos riscos à nossa soberania.

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O gritante partidarismo da Justiça, cuja parcialidade nas questões que envolvem Lula e o PT é vista até do exterior, está escancarado. A Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, por exemplo, que com sua fala mansa vem empurrando de barriga as investigações sobre Michel Temer e Aécio Neves com sucessivos pedidos de prorrogação, recorreu contra a libertação de José Dirceu pela segunda turma do Supremo, ao mesmo tempo em que arquivou o inquérito contra o ministro Eilseu Padilha. E nem corou as bochechas brancas! Todo mundo, inclusive os togados de todos os níveis, sabe que a condenação e prisão de Lula foi uma armação para impedi-lo de voltar à Presidência da República, mas todos fingem que o processo conduzido pelo juiz Sergio Moro foi legal e ninguém tem coragem de anulá-lo. O ministro Gilmar Mendes, durante uma das sessões do STF, disse que alguns dos seus colegas tremem de medo do Jornal Nacional e da Folha de São Paulo e que por isso preferem não conhecer dos habeas corpus. Na oportunidade disse ainda que a corrupção já chegou à Lava-Jato e acusou o juiz de Curitiba de transformar prisões provisórias em definitivas e de usá-las para torturar presos e obter delações. A mídia se fez de surda às palavras de Gilmar, mas a sua fala circula nas redes sociais, causando perplexidade porque nenhuma providência foi tomada para estancar os abusos de Moro.

O Congresso Nacional, o único poder que poderia fazer algo e recolocar a Justiça nos trilhos do Direito, se acovardou vergonhosamente, inclusive abrindo mão do seu direito constitucional de legislar. O projeto de lei sobre abuso de autoridade, indispensável para conter os arroubos de magistrados empoderados pela fama, foi esquecido nos corredores do Parlamento após a reação da categoria. O mesmo acontece com a CPI da Lava-Jato, também esquecida em alguma gaveta da Câmara dos Deputados. Enquanto isso, Lula continua preso ilegalmente, condenado sem crime, porque os donos do poder decidiram que ele não pode voltar ao Planalto e, lamentavelmente, o Judiciário se prestou ao papel de carrasco. Quando a sentença de Moro foi levada à apreciação da segunda instância, no TRF-4, o jornalista Reinaldo Azevedo chegou a afirmar, categoricamente, que a condenação seria anulada pelos desembargadores daquela Corte porque sem nenhuma base, sem crime, sem prova, sem nada, até porque o tal tríplex pertencia à OAS, conforme a Justiça de Brasilia. Ao contrário do que Azevedo esperava, porém, acreditando na seriedade do TRF-4, aquela Corte de Porto Alegre não apenas confirmou a sentença, como aumentou a pena para evitar a sua prescrição. Com semelhante Justiça, um Parlamento acovardado e uma mídia facciosa será difícil imaginar que um dia o Brasil retomará a normalidade democrática pelas vias legais. Até quando??

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