Manifestação bolsonarista troca golpe por cloroquina
"Os que estavam na praça não representam o povo brasileiro. Podem representar, no máximo, os 30% que apoiam Bolsonaro. Mas é certo que a inflexão de hoje foi um movimento defensivo, de quem sente que o tapete está escorregando sob seus pés", escreve Tereza CruvinelTereza Cruvinel
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Tereza Cruvinel, para o Jornalistas pela Democracia
Enfrentando um inquérito do STF sobre as acusações de Sérgio Moro e 30 pedidos de impeachment na Câmara, vendo minguar seus índices de aprovação, criticado pelas forças democráticas pelo apoio às ultimas manifestações golpistas, Bolsonaro fez uma inflexão conciliadora neste domingo. A manifestação de apoio na porta do Palácio do Planalto, embora contrariando as recomendações sanitárias, não exibiu faixas pedindo fechamento do Congresso e do STF ou intervenção militar. Em compensação, os manifestações pediram "cloroquina já".
Houve uma clara coordenação entre os organizadores da manifestação e o governo para evitar novas acusações de golpismo e atentado ao Estado de Direito, com o próprio Bolsonaro falando em respeito à democracia e destacando a ausência de faixas contra os outros poderes, embora algumas pregassem o "Fora Rodrigo Maia", ou "Fora Toffoli". Mas criticar pessoas não é o mesmo que atacar as instituições. Bandeiras dos Estados Unidos e de Israel voltaram a ser exibidas.
Com a manifestação deste domingo, embora evitando ataques institucionais, Bolsonaro buscou dar mais uma demonstração de apoio popular, justamente quando ganham força as articulações a favor do impeachment, como o pedido que será apresentado por PT e demais partidos de esquerda, juntamente com entidades da sociedade civil. "O povo está comigo", disse Bolsonaro, ao descer a rampa para interagir diretamente com os apoiadores, pegando uma criança no colo e trocando apertos de mão. Também pela primeira vez, após a queda do segundo ministro da Saúde, Bolsonaro tentou dizer que se preocupa com a pandemia, afirmando que seu governo está "dando apoio aos que contraíram coronavirus".
Os que estavam na praça não representam o povo brasileiro. Podem representar, no máximo, os 30% que apoiam Bolsonaro. Mas é certo que a inflexão de hoje foi um movimento defensivo, de quem sente que o tapete está escorregando sob seus pés.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247