Mais Temer sem Temer, o que é pior…
O que temos em 2019 é um pouco mais de Temer, sem Temer, o que garante ao projeto mais eficácia, por mais que seus executores nos pareçam patéticos.
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Enquanto o Brasil discute a cor da roupa do menino e da menina, mordendo a isca da pauta involuntariamente colocada pela bizarra ministra dos Direitos Humanos, a tal Damares Não Sei das Quantas, o trenzinho das maldades empacotadas para o povo brasileiro pelos liberais que ora assumem o poder vai passando. Nisso, não me refiro apenas ao Governo Bolsonaro (onde chegamos.... "Governo Bolsonaro", aquele que era tratado apenas como uma excentricidade anacrônica do Congresso. Esperamos não estar discutindo o "Governo Damares" no futuro).
Cá nas Minas Gerais, o Governo Romeu Zema (Bolsonaro com alguma sofisticação, praticamente segundo ele próprio em entrevista à Rádio Itatiaia) começará a deixar passar o carrinho neoliberal de seus aliados, desfazendo-se de todo o patrimônio mineiro possível, em benefício de sua casta social e, indiretamente, de si mesmo, e precarizando aquelas estruturas as quais não puder privatizar.
Se a Cemig é dada por vendida nos círculos mais próximos ao Palácio Tiradentes, restando apenas aguardar que a especulação cuide do melhor momento para que seja negociada a luz elétrica dos mineiros, não menos ameaçados seguem outros segmentos da Administração pública estadual.
Esta semana, com a ameaça de exoneração de um terço dos comissionados da Rede Minas (daí a importância do aumento até à integralidade de funcionários concursados em setor técnico como a comunicação pública, não deixando-a ao sabor das veleidades de Governos que entram e saem - cabendo-lhes apenas a definição da direção e parte da linha editorial), a TV estadual hoje mais rica em programação cultural do Brasil, responsável por programas como Voz Ativa e Alto Falante, além de espaço cedido à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e a grupos de teatro e dança mineiros, pode encerrar duas atividades.
Como ocorre na cena nacional, não foi preciso uma semana para que avanços duramente conquistados para a soberania e a cidadania brasileiras, aí incluída a comunicação para a identidade e reconhecimento de um povo, escapassem-nos pelos dedos como água. Se o aviso de que o PN era violentamente privatizante veio do ex-governador Antônio Anastasia, em campanha de segundo turno, por que não haveríamos de acreditar, sendo o PSDB o Vaticano das privatizações brasileiras?
Eis, portanto, a que veio Romeu Zema, que, palpite, cumpre papel estratégico para os setores econômicos de que faz parte e sequer se importa com popularidade, história política e rejeição, conformando-se com os quatro anos de carta branca que os 70% de votos lhes deram para agir livremente em favor do setor econômico de que faz parte, estratégia com a qual estabelece um jogo de ganha-ganha: tornando-se de alguma maneira popular em meio às cortinas de fumaça moralistas lançadas pelo líbero-Bolsonarismo, ganha fazendo carreira política e se reelegendo. Tornando-se rejeitado pelas maldades perpetradas contra Minas Gerais, nascedouro do Brasil independente, leva em 2022 para casa a aprovação de seus pares e os ganhos econômicos para suas ações e empresas.
Além da Cemig e da Rede Minas, Zema ainda pode subtrair de seu estado a qualidade de escolas públicas (em muitas cidades, modelos perante estados vizinhos como Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia, lado a lado com o interior paulista), além do patrimônio cultural do barroco mineiro e da independência, grande parte sob gestão de fundações estaduais, assim como os parques de preservação ambiental.
Ressalte-se que, paralelo a isso, segue a "velha política": Zema e seus secretários receberão os salários fixados pela Assembleia que ele afirmou dispensar, durante campanha, e a aliança com o MDB vai sendo costurada sob os auspícios do chefe do Legislativo, Adalclever Lopes.
O que temos em 2019 é um pouco mais de Temer, sem Temer, o que garante ao projeto mais eficácia, por mais que seus executores nos pareçam patéticos.
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