Macri tem ejaculação verbal precoce

(Foto: Alex Solnik)


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Eu vi o sr. Macri pessoalmente apenas uma vez, aqui em São Paulo, numa visita que fez ao prefeito Fernando Haddad. O que posso dizer? Que a sua elegância se manifestava apenas no corte do terno. Parava por aí. Foram apenas alguns minutos de observação. Bastaram, no entanto, para detectar a sua indisfarçável certeza de que era superior a todos os demais naquela sala. Inclusive ao seu anfitrião.

A impressão que me transmitiu é que pairava acima de todos nós. Impossível ser mais argentino. Para completar é um fanático torcedor de futebol, pois foi presidente do Boca Juniors. É um daqueles que acha que Maradona foi maior que Pelé. Some-se a isso o fato de ter uma conta bancária que não acaba nas próximas gerações e tem-se o perfil do próximo candidato a caudilho da América Latina.

Digo da América Latina porque tudo faz crer que ele não vai se limitar a impor as suas ideias ao seu país, vai querer comandar uma cruzada, a julgar pelo pontapé inicial: mesmo antes de entrar em campo já deu a primeira canelada, e logo em quem? No Maduro, que é outro sujeito cheio das certezas e é tão esquentado quanto ele. Cartão amarelo para os dois e o jogo ainda nem começou.

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O presidente eleito criou o primeiro incidente diplomático de um governo que ainda nem assumiu. Custava esperar ao menos o dia da posse? É correto falar como presidente se Cristina Kirchner ainda não deixou o cargo? É como falar do morto enquanto o corpo ainda está quente.

Por aí se vê que o sr. Macri sofre de ejaculação verbal precoce, não se preocupa nem um pouco com a ética na política e que os próximos anos não deverão ser de tranquilidade na América Latina. Nenhum país vai aceitar ingerência em seu quintal. Não vá ele querer se arrogar a ser o líder da América Latina porque vai se dar mal, mas não descarto que este seja seu sonho secreto.

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Poderá querer se aproveitar da situação política complicada da presidente Dilma, emparedada por Eduardo Cunha, enfraquecida internamente, para dar as cartas no continente e aplicar uma goleada. Só uma Dilma mais forte poderá evitar a cruzada liberal de Macri na América Latina.

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