Luta ideológica e lutas políticas na conjuntura da transição
"Por tudo, é imperativo a aplicação da justiça de transição, mais cedo ou mais tarde, se quisermos uma nação sem débito com o seu passado"
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Há os que têm concepção de mundo, os que acalentam a utopia por uma sociedade alternativa à capitalista, na qual a ética seja marca do modo de ser no exercício da política.
A esquerda já defendeu ardoramente a ética na política. Muitas vezes confundida com o moralismo binário.
O pragmatismo foi chegando, o raciocínio oportunista foi ganhando o militante sem formação, por ser simples e de fácil entendimento, e a ética foi sendo excomungada das nossas plagas.
A ética de princípios cedeu à ética de resultados.
O maquiavelismo se impôs como lógica predominante, apenas na cosmética havia alguma diferença.
Passamos a ouvir casos de corrupção abonadas por essa lógica de que os fins justificam os meios.
Sabemos que a ideologia dominante condiciona a sociedade a agir consoante a ela, salvo quando se contrapõe a mesma a ideologia socialista.
Ocorre que a luta ideológica foi adormecida e na atualidade muitos militantes não sabem nem mesmo o que é uma e outra.
O voto não tem atestado de ideologia, mas as alianças têm, embora necessárias.
Os pragmáticos maquiavélicos de esquerda já não distinguem.
Quando afirmam que o governo Lula não pode ter ideologia, é a declaração da ignorância sobre ideologia, pois todos temos e a manifestamos a cada hora, a cada situação, seja reproduzindo os valores da ideologia burguesa dominante, seja contrapondo com os supostos valores da ideologia socialista, seja priorizando os interesses do mercado, seja priorizando os interesses populares.
As diferenças de consciência e postura do Neymar e do Richarlison, fora do futebol, são exemplos de valores ideológicos; enquanto um é egóico, preconceituoso, fútil, desprovido de consciência social, o outro é humanista, solidário nas tragédias sanitárias e socias do povo brasileiro.
Fugir do embate ideológico é ser cúmplice do predomínio burguês e esconder-se das contradições objetivas, que independem da vontade, é perder a identidade de classe, dos explorados e oprimidos pelo sistema.
Não há como colocar antolhos na contenda atual entre os interesses do mercado (tropa de choque dos rentistas especuladores) e os interesses dos que escolheram Lula presidente.
É a saúde e o bem-estar dos trabalhadores versus a saúde do capital financeiro e o bem-estar dos ricaços.
Há muita inercia das instituições democráticas e da esquerda em particular, faltam proagir e reagir no tempo certo.
Quando o teto de gastos surgiu no governo golpista de Temer, por si só ilegítimo, e pela caneta do representante do mercado, Henrique Meirelles, as massas foram às ruas protestar, neste momento que o governo de transição luta para acabar, os trabalhadores e estudantes estão passivos.
As insurgências ao resultado eleitoral e as violências que estão grassando pelo país, semeando a ideologia nazifascista, seja com a perseguição e agressão a um ícone da cultura como Gilberto Gil, até a provocação ao Ciro Gomes, que foi aliado eleitoral do Bolsonaro, seja com os repetentes assassinatos como os recentes no ES, as instituições reagem com atraso e não está havendo movimento preventivo.
Até quando vão deixar os bloqueios nas estradas? Vão deixar o problema para o novo governo? O que pensa o GT da transição de justiça e segurança?
E quanto ao projeto de anistia dos delinquentes caminhoneiros trancadores das vias públicas? O que estão fazendo o GT de DH e os parlamentares democratas contra esse despautério?
O que não é punido gera a sensação e a prática de mais impunidade, e vai sendo repetido: os agentes da ditadura militar, que cometeram os graves crimes de lesa-humanidade e lesa-pátria, passaram impunes, querem reproduzir esse tenebroso passado, perdoando Bolsonaro, famiglia, os criminosos da saúde, e agora os parlamentares bolsonaristas estão com um projeto para anistiar os insurgentes do resultado eleitoral.
E o ministro decano do STF, Gilmar Mendes, comunica ao presidente genocida-canibal-pedófilo e seus aliados que a Corte poderá ter boa vontade com ele, após sair da presidência, se parar de incentivar seus arruaceiros.
Negócio de compadres!? Pode isso, boa ou má vontade da mais alta instância jurídica do país?
General Braga Neto é o comandante do QG de insubordinação e terrorismo instalado em Brasília. Todos sabem, mídia e instituições, mas toleram. Já deveria ter sido preso em flagrância subversiva à Constituição e as leis.
O mundo está de olho no Brasil, sejamos um belo exemplo em todas as áreas para compensar, em parte, os piores exemplos dados pelo governo bolsonarista e sua corja militar-miliciana de nazifascistas.
Uma transição não é feita de prazeres e esperanças, há as dores e irresignações dos que saem, paciência, é o preço do poder, o que não se deve é contemporizar com os responsáveis por todos os males dolosos ocasionados ao povo brasileiro.
O exemplo servirá de um novo paradigma para a política brasileira.
As medidas que atingirão aos que saem devem ser tomadas em bloco e de uma única vez, entre elas a desmilitarização imediata da máquina governamental.
Por tudo, é imperativo a aplicação da justiça de transição, mais cedo ou mais tarde, se quisermos uma nação sem débito com o seu passado.
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