O artigo do presidente Lula, publicado no jornal francês Le Monde desta quinta-feira (17), é um dos mais importantes fatos políticos do país, desde que ele foi trancafiado em uma cela de 15 m², na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Pela primeira vez, Lula pôde falar diretamente como povo brasileiro, sem intermediários, e demonstrou, novamente, que é ele quem continua dando as cartas nas eleições de outubro.
Por mais que alguns setores da esquerda insistam em forçar uma aliança precipitada do PT com Ciro Gomes, Lula reafirmou sua candidatura e sua disposição em resgatar um projeto de país mais justo e solidário para todos. Mesmo trancafiado, o ex-presidente mantem uma leitura precisa sobre a conjuntura política do país e sobre o processo histórico de que é vítima.
Lula sabe que, em eleições limpas, é imbatível. O ex-presidente continua liderando as pesquisas presidenciais em todos os cenários de todos os institutos. Mais que isso, Lula tem a plena consciência do papel fundamental que desempenhará no pleito, ainda que seja alijado do mesmo, em razão de uma nova estratégia jurídica da elite golpista, que já começa a excluí-lo das pesquisas e das participações nas sabatinas de candidatos.
Sem Lula, o índice de eleitores que declara que não votará em ninguém chega à quase 25% do eleitorado. Além disso, 30% dos eleitores brasileiros afirmam que votariam em quem o ex-presidente indicasse para as eleições, um percentual mais que suficiente para levar qualquer candidatura ao 2º turno, ainda mais em uma eleição tão fragmentada como será a deste ano.
No campo da centro direita, todas as candidaturas ligadas ao golpe de 2016, com a do PSDB, a do DEM e a do próprio MDB, são retumbantes fracassos e pioraram o desempenho depois das recentes provas de partidarização do judiciário, com a libertação de Paulo Preto e a remessa dos processos contra Aécio Neves para a 1ª instância da justiça de Minas Gerais, por exemplo. Jair Bolsonaro também parece ter atingido um teto de eleitores e deve sofrer ao longo da campanha com o pouco tempo de para propaganda política na televisão e no rádio e com as próprias bobagens que costuma dizer.
No campo da esquerda, Lula tem todo o direito de apresentar sua candidatura ao povo brasileiro. Se foi julgado por uma justiça partidarizada e em um processo frágil e repleto de atropelos, por que sucumbir à vontade daqueles que os condenaram? As forças democráticas têm o dever de respeitar o tempo de Lula e de lutar, até o fim, para que ele tenha o direito de ser candidato. Afinal, todas as demais candidaturas do campo progressistas orbitam de alguma forma em torno da força de Lula.
Como o próprio ex-presidente diz em seu artigo sua candidatura “é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos”. Aqueles que querem Lula fora do pleito que arquem com o ônus político e social de uma eleição em que o povo brasileiro não se reconhecerá. Sem Lula, a eleição não será capaz de promover um verdadeiro reencontro entre a política e aquilo que o povo deseja.
Lula só deve deixar de ser candidato se for proibido pela justiça ou se ele próprio abrir mão de concorrer, o que não parece estar disposto a fazer até o momento. Mesmo nessas duas situações, é Lula quem deverá apontar o caminho a ser seguido pelos seus eleitores e pelo próprio Partido dos Trabalhadores. Neste momento, qualquer movimento em contrário seria queimar etapas.
Em seu artigo, Lula provou que, apesar do silenciamento imposto a ele pelo oligopólio midiático nacional, há formas de se manter em contato direto com o povo brasileiro. Ao Le Monde, Lula provou que está vivo, lúcido e coerente. E é, por isso, que Lula continua sendo a esperança de um país mais justo e de um futuro melhor para milhões de brasileiros e de brasileiras. É Lula lá!
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247