Lula: um gigante na terra de anões
O tapetão democrático de uma eleição ilegítima sem Lula passa por cima de, pelo menos, 35% do eleitorado. Em tempos de escalada do autoritarismo e do ódio, a defesa da democracia passa pela viabilização da candidatura do ex-presidente. Lula é um desses gigantes da democracia: um gigante em terras de anões, avalia o deputado distrital Chico Vigilante
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Toda a perseguição política sofrida por Lula, nos últimos anos, só reafirma o gigantismo da figura histórica que ele representa na luta democrática das forças progressistas no Brasil e no mundo. Uma perseguição que tem como marcas o preconceito, o ódio classista, o autoritarismo e a tentativa desesperada de uma elite tupiniquim secular de impor ao país uma agenda neoliberal entreguista, de manutenção de desigualdades e de realinhamento geopolítico da soberania nacional em subordinação à uma relação Norte-Sul.
Desde a década de 70, quando Lula emerge como grande liderança popular do novo sindicalismo brasileiro, a elite conservadora inicia um processo de combate permanente figura pública do ex-presidente. Um processo apoiado pelos tradicionais oligopólios de comunicação, que não respeitou sequer, sua intimidade, sua família e sua vida privada.
Já em 1980, Lula é preso pela ditadura militar por 31 dias, após liderar o movimento grevista dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Mesmo após o fim do regime militar, as perseguições não param. Além do caso Lurian, às vésperas da votação do segundo turno das eleições presidenciais de 89, Lula é vítima de uma grosseira manipulação do Jornal Nacional da TV Globo, quanto ao debate que teve com o então candidato Fernando Collor. Manipulação que teve papel fundamental na vitória de Collor naquele pleito.
Nas seguidas eleições que disputou, 94 e 98, foi apresentado pela mídia tradicional como semianalfabeto, um operário sem qualificação e, até mesmo, como alguém que não conseguiria se comunicar com as grandes lideranças mundiais por não falar inglês. Somado ao irrestrito apoio à candidatura de Fernando Henrique Cardoso, o terrorismo eleitoral criava no imaginário popular um Lula radical, incapaz e pronto para “tocar fogo no país”. Inventaram um Lula que destruiria toda a estabilidade econômica e o fim da hiperinflação, gerados pelo Plano Real.
Em 2002, a campanha presidencial do candidato tucano, José Serra, inicia o programa eleitoral gratuito com famosa atriz da Globo anunciando que o Brasil tinha medo da eleição de Lula. Apesar da campanha do medo, o programa econômico ortodoxo e neoliberal implementado pelos governos FHC, baseado fundamentalmente em um processo radical de privatizações e de dependência do mercado internacional, notadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI), não promoveu o crescimento econômico sustentado e, muito menos, avançou sobre a diminuição das desigualdades sociais históricas do nosso país.
É nesse contexto de completo desgaste do modelo neoliberal tardio, que a esperança vence o medo e que o Brasil elege seu primeiro presidente operário: Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo depois de eleito e já governando, Lula continua sofrendo uma série de ataques classistas, como o emblemático caso do jornalista norte-americano, Larry Rohter, publicou matéria, amplamente reproduzida nos jornais brasileiros, afirmando que a ““predileção do presidente Lula por bebidas fortes estava afetando seu desempenho no gabinete”.
Contrariando todos os prognósticos da tacanha elite nacional, no governo Lula, o Brasil experimenta um momento de recuperação da econômica, inclusão social e distribuição de renda, nunca antes vistos na história do país. Lula retirou Brasil do mapa da fome, projetou o país internacionalmente e trouxe autoestima ao povo brasileiro.
É com Lula que a população passa a ter acesso à direitos dos quais foi historicamente excluída, como o acesso à educação superior, impulsionada pela intensa expansão gerada pelo Reuni, pelas políticas de cotas, pelo Fies, pelo Sisu e pelo Prouni, à luz elétrica, pelo Programa Luz para Todos, à saúde, pelo programa Aqui Tem Farmácia Popular, pelo Mais Médicos e pelo Samu, à moradia, pelo programa Minha Casa, Minha Vida, entre outros. O balanço dos governos do PT é a retirada de 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema. Além disso, outros 42 milhões ascenderam à chamada classe média.
É por isso que, agora, depois de terem retirado do governo uma presidenta sem ter cometido crime de responsabilidade para retomar uma agenda neoliberal entreguista, os mesmos setores que sempre foram contra os governos populares atuam de forma deliberada para impedir uma nova candidatura de Lula. Querem uma eleição fraudulenta sem a presença da maior liderança popular do país.
Assim como fez com Getúlio e Brizola, o oligopólio da mídia tradicional iniciou uma verdadeira campanha espetacularizada contra Lula. Com a complacência de um poder judiciário partidarizado, diariamente, divulgam de forma seletiva delações premiadas e informações processuais, sem a devida comprovação das acusações. Verdadeiros filmes de ação policial, nos quais o lado dos acusados só aparece no pé das matérias ou no final dos vídeos na boca dos ancoras dos telejornais.
No judiciário, Lula e sua família já sofrem uma completa devassa. Direitos individuais foram violados, como a condução coercitiva de Lula e a divulgação ilegal de conversas telefônica do ex-presidente com advogados e com a própria presidenta legítima no exercício do cargo, e nada foi encontrado. Invadiram o apartamento em que Lula reside e nada de malas de dinheiro. Quebram o sigilo fiscal de Lula e onde estão as contas no exterior?
As acusações, fruto de uma caçada judicial já identificada como lawfare por diversos juristas renomados do mundo, se concentram em “ilações premiadas”. Lula foi condenado em Curitiba pela posse de um suposto apartamento no Guarujá, o que já se configura um julgamento de foro inadequado, sem provas documentais. Compete lembrar que falamos de um imóvel que faz parte da lista de garantias dada pela empresa da qual o delator era presidente à Caixa Econômica Federal.
Distorcem o regime jurídico vigente e atropelam o devido processo legal em uma explicita caçada à Lula. Na 2ª instância, aceleraram o julgamento e o TRF4 marcou, em tempo recorde, a data do linchamento de Lula em praça pública: dia 24 de janeiro de 2018. Por ironia do destino ou não, mesma data em que Dona Marisa sofreu um AVC há um ano.
Diante dos avanços da intolerância e da caçada judicial, mais uma vez, o gigantismo de Lula emerge nas caravanas da cidadania. Por onde passa, Lula é recebido nos braços do povo e silenciado pela oligarquia midiática, que age como se as caravanas não existissem.
O Brasil profundo começa a despertar e pede pela volta de Lula e de tudo que ele representa, ou seja, um país mais justo para todos, com soberania, autoestima e projeção internacional. A retirada da candidatura do ex-presidente na “mão grande” será o rompimento definitivo do pacto constitucional de 1988. Sem a participação de Lula, as eleições de 2018 perdem legitimidade e representatividade.
O tapetão democrático de uma eleição ilegítima sem Lula passa por cima de, pelo menos, 35% do eleitorado o que já declarou que quer votar em Lula. Em tempos de escalada do autoritarismo e do ódio, a defesa da democracia passa, também, pela viabilização da candidatura do ex-presidente, que resiste e segue em frente. Segue em frente, porque Lula é um desses gigantes da democracia: um gigante em terras de anões. “Deixa o homem concorrer!”
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