Lula trouxe a voz do futuro
Sem espada, sem cavalo, sem apoio das elites coloniais, vídeo de Lula marca o 7 de setembro como um grito pela recuperação dos direitos dos trabalhadores e excluídos, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

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O pronunciamento de Lula em 7 de setembro de 2020 é uma peça política de valor histórico, destinada a configurar uma nova fronteira política para o país.
Num vídeo sóbrio, coerente com a gravidade do momento vivido pelo país, Lula retoma a condição de única liderança real política da população brasileira, num país que hoje enfrenta "um dos piores momentos de sua história".
Assume a responsabilidade conferida por dois mandatos presidenciais que mudaram o país a partir de um projeto político responsável e generoso para oferecer uma saída perante um governo "que não dá valor a vida e banaliza a morte" e "converteu o coronavírus numa armada e destruição em massa".
Na perspectiva única de quem pode assumir o papel de protagonista na busca de uma saída para o colapso nacional pelo bolsonarismo, seus patrocinadores e beneficiários, Lula aponta as responsabilidades e tarefas políticas do momento. que tem como eixo dar um fim ao govderno Bolsonaro.
Denuncia a militarização da administração federal, que faz lembrar "os tempos sombrios da ditadura". Acusa Bolsonaro de aproveitar um quadro de "sofrimento coletivo para, sorrateiramente, cometer um crime de lesa-patria" e "abrir mão da soberania nacional". Lembra a ruinosa entrega da Embraer para a Boeing norte-americana e a concessão da base área de Alcantara ao controle militar dos Estados Unidos. Fala da planejada privatização da Eletrobrás
Ao sinalizar que em breve irá completar 75 anos, Lula mostra que não tem muito tempo a perder e, como sempre fez em cinco década de vida pública, não tem a menor disposição de errar.
Recusando o papel de vovozinho em festa de aniversário -- ou conselheiro das elites em artigos sisudos nos jornalãoes -- apresenta-se mais uma vez para o bom combate de sua existência.
Fala em "vencer a pandemia, defender a saúde e a vida do povo". Reafirma a necessidade de "pôr fim esse desgoverno e ao teto de gastos que deixa o Estado brasileiro de joelhos diante do capital financeiro nacional e internacional."
E é nessa condição, explica, que se coloca "a disposição do povo brasileiro, em especial dos trabalhadores e dos excluidos". Vale-se de uma sintese amarga de Vitor Hugo sobre a desigualdade sob o capitalismo ( "o paraíso dos ricos é o inferno dos pobres") para lembrar que nenhum problema será resolvido sem que o andar de cima seja chamado a dar sua contribuição ao bem-estar da maioria.
Deixando claro seu compromisso absoluto com aqueles que foram capazes de abrir um lugar para o povo na história brasileira, Lula explica o sentido da caminhada: "assim como a maioria dos brasileiros, não acredito e não aceito os chamados 'pactos pelo alto,' com as elites". Sem espada, sem cavalo e sem apoio das elites colonias, o discurso de Lula é o grito de uma nação que, 198 anos depois, não desiste de afirma sua independência.
Alguma dúvida?
(Leia o discurso de Lula na integra aqui)
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