Lula, se for firme, pode liderar inédita união nacional
'Não haverá força política ou social que saia em apoio aos terroristas ou ao bolsonarismo que claramente, está por trás desse vandalismo', diz Helena Chagas
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Por Helena Chagas, para o 247
Da Casa Branca aos governadores bolsonaristas do Rio, São Paulo e Minas, passando pela mídia mais conservadora e antipetista, há quase unanimidade no repúdio ao vandalismo golpista que atacou as sedes dos três Poderes - e é sobretudo por isso que o golpe não veio e não virá. Não há apoio da sociedade a esses terroristas toscos e boçais. Mas a normalidade esteve por um triz.
Cabe agora ao presidente da República, que agiu rapidamente ao decretar intervenção federal na segurança do DF, punir duramente os golpistas e garantir ao país que isso não voltará a acontecer, nem em Brasília nem em lugar nenhum.
O novo governo, pego de surpresa ainda em festa depois da posse apoteótica, tem que agir duramente. Determinar aos órgãos de segurança e investigação a apuração rigorosa dos crimes cometidos, e que cheguem a seus financiadores, estejam eles em Brasília, no Tocantins ou na Flórida. Exigir da Justiça punição exemplar, e penalizar os que estiverem a seu alcance, como funcionários públicos golpistas, mesmo militares.
Neste momento, o que o país quer de seu presidente da República é aquilo que não teve nos últimos anos: um líder. Se Lula, que nunca passou por isso mas governou em outros momentos difíceis, assumir esse papel e agir com dureza contra o golpismo, poderá, paradoxalmente, obter um apoio político que não tem hoje. Mas é preciso agir com rigor e ser muito firme, sem perder a autoridade.
A maioria esmagadora da população brasileira, mesmo aquela que não gosta de Lula e do PT, repudia o golpismo. Não haverá força política ou social de peso que saia em apoio aos terroristas ou ao bolsonarismo que claramente, está por trás desse vandalismo.
Lula, se souber conduzir o país nesse momento de perplexidade, pode colher os frutos da união da sociedade brasileira e das forças políticas em defesa da democracia – uma frente, quem sabe, muito mais ampla do que jamais sonhou, que não lograria construir sem a invasão ao Capitólio tupiniquim. E que lhe dará, para governar, um respaldo político maior do que aquele com o qual saiu das urnas.
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