Lula, o troféu dos que buscam a fama

A fama do juiz Sérgio Moro despertou ciúmes em outros magistrados que, sem a menor cerimonia, resolveram também buscar o estrelato participando da caçada a Lula e competindo para ver quem primeiro consegue prendê-lo. É o caso, por exemplo, do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que determinou o fechamento do Instituto Lula sem nenhuma justificativa convincente

A fama do juiz Sérgio Moro despertou ciúmes em outros magistrados que, sem a menor cerimonia, resolveram também buscar o estrelato participando da caçada a Lula e competindo para ver quem primeiro consegue prendê-lo. É o caso, por exemplo, do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que determinou o fechamento do Instituto Lula sem nenhuma justificativa convincente
A fama do juiz Sérgio Moro despertou ciúmes em outros magistrados que, sem a menor cerimonia, resolveram também buscar o estrelato participando da caçada a Lula e competindo para ver quem primeiro consegue prendê-lo. É o caso, por exemplo, do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que determinou o fechamento do Instituto Lula sem nenhuma justificativa convincente (Foto: Ribamar Fonseca)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A fama do juiz Sérgio Moro despertou ciúmes em outros magistrados que, sem a menor cerimonia, resolveram também buscar o estrelato participando da caçada a Lula e competindo para ver quem primeiro consegue prendê-lo. É o caso, por exemplo, do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que determinou o fechamento do Instituto Lula sem nenhuma justificativa convincente. Ele próprio declarou que poderia ter mandado prender o ex-presidente operário, sob a alegação de que há depoimentos que indicam a sua participação na prática de crimes. Antes, aquele procurador de São Paulo, Conserino, com o mesmo objetivo de ficar famoso, também buscou a prisão do líder petista. Lula passou, assim, a ser o grande troféu de magistrados e procuradores que, contaminados pelas paixões políticas, pretendem alcançar a fama, como Moro, colocando o ex-presidente na cadeia.

O juiz Moro, que saiu na frente, provavelmente conseguirá o troféu, independente de conseguir ou não provas contra o ex-presidente operário, porque, vergonhosamente, a nossa Justiça hoje não é a mesma que respeitava a presunção de inocência. Hoje todos são culpados até prova em contrário. E mais: o ônus da prova não é mais do acusador, mas do acusado. Veja-se o exemplo do caso do tríplex, que os acusadores, sem nenhuma prova, insistem em afirmar que pertence a Lula. O ex-presidente é que tem que provar que o apartamento não é seu. As leis hoje não tem qualquer validade, mas sim a interpretação e as convicções do magistrado. Em sua palestra em Londres o juiz Sérgio Moro disse que "o juiz tem que cumprir o seu dever de julgar conforme as leis e as provas". Se isso fosse verdade ele não teria transformado o ex-presidente em réu no processo sobre o tríplex do Guarujá, onde até hoje não surgiu uma única prova contra o líder petista. E já teria, inclusive, arquivado o processo, porque além da falta de provas as mais de 70 testemunhas ouvidas o inocentaram.

Na realidade, a Justiça hoje no Brasil funciona ao sabor das convicções políticas de magistrados, que sempre produzem uma interpretação que atenda aos seus interesses políticos. Para completar essa injustiça em que se transformou a nossa Justiça, oficializou-se a figura do dedo-duro na chamada delação premiada. Com um agravante: no caso da Operação Lava-Jato a delação se tornou o melhor caminho para o preso conseguir a liberdade, mas ela só é aceita se o delator fizer alguma acusação a Lula. Ou seja: Lula é a senha para a obtenção da liberdade. E como todo preso quer sair da cadeia, especialmente aqueles que são mantidos atrás das grades sem nenhuma condenação por conta da chamada prisão preventiva, fica fácil criar uma historinha para envolver, mesmo sem provas, o ex-presidente. E como hoje a prova não importa, a simples citação do nome de quem quer que seja passa a ter força de verdade para justificar a prisão – e às vezes até a condenação – do acusado. Essa é a Justiça brasileira que Moro escondeu dos britânicos. A deusa grega Themis, que simboliza a Justiça, deve estar envergonhada.

continua após o anúncio

É óbvio que toda essa perseguição explícita a Lula, que já o tornou réu em cinco processos mesmo sem qualquer prova contra ele, deverá produzir o efeito para a qual foi montada: a sua inelegibilidade, independente dele ser preso ou não. Se isso se confirmar, no entanto, é claro que o líder petista não ficará de fora do processo sucessório, pois deverá apoiar um candidato, mesmo que não seja do PT mas que tenha afinidade com ele e seus projetos de governo. E esse candidato poderá ser Ciro Gomes. Na verdade, se for impedido de concorrer, Lula precisa ter um candidato, até para evitar a eleição de Jair Bolsonaro, que já ocupa o segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos e pode se tornar uma opção para os que estão desencantados com os políticos, transformados em corruptos pela mídia, e acreditam que estarão protestando votando em propostas alopradas. Foi graças a esse desencanto que João Dória foi eleito, surpreendentemente, prefeito de São Paulo. A decepção virá depois, mas aí já será tarde. Só Lula poderá impedir mais essa tragédia na vida do país, até porque o PSDB, que se insinuava como alternativa, praticamente acabou, com seus principais líderes atolados até o pescoço na corrupção.

Na realidade, admitindo a sua impossibilidade de concorrer às próximas eleições presidenciais com perspectivas de vitória, o PSDB já cogita o lançamento da candidatura do apresentador Luciano Huck, da TV Globo, excluindo Dória, que sequer participou do programa do partido exibido na televisão. Os tucanos, ao que parece, já concluíram que o sucesso de Dória é passageiro, superficial, fruto de marketing, não conseguindo manter-se por muito tempo. Por isso já investem no animador de auditório que, presumem, terá o apoio da Globo. Como os tempos são outros, ninguém se surpreende com a atitude dos tucanos e a possível candidatura de Huck foi encarada com naturalidade. Há tempos, quando Silvio Santos se insinuou como candidato ao Palácio do Planalto, todo mundo caiu de pau nele, considerando muita pretensão do animador. Até jornalistas norte-americanos o criticaram, esquecendo que naquele ano um medíocre ator de filmes de bang-bang, Ronald Reagan, fora eleito presidente dos Estados Unidos. Pelo menos nesse aspecto alguma coisa mudou.

continua após o anúncio

De qualquer modo, agora é aguardar o mais novo capítulo da Lava-Jato, a delação anunciada de Antônio Palocci, para muitos aquela que, finalmente, incriminará Lula. Ex-colegas de Palocci no Ministério de Lula não creem que ele dirá algo contra o ex-presidente, mas para sair da cadeia muita gente é capaz de falar mal até da própria mãe. Esse certamente não é o caso de Palocci, mas como a delação premiada abre caminho para a liberdade, outros presos já estão na fila para delatarem. Os reféns de Moro, no dizer do ministro Gilmar Mendes, não estão conseguindo resistir na prisão.

 

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247