Lula na Globo expõe crise militar e desastre da politização das Forças Armadas

"O presidente está devidamente informado do comportamento errático dos militares, no processo de politização crescente das forças armadas", diz César Fonseca

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por César Fonseca 

A reação enérgica de Lula ao comportamento dos militares durante a invasão bolsonarista fascista, na Esplanada dos Ministérios, com depredação dos prédios dos três poderes da República, quando eles cruzaram os braços diante dos depredadores, protegendo-os no espaço dos quarteis, eleva a temperatura política nacional; foi ou não tentativa de golpe de estado?

continua após o anúncio

O presidente está devidamente informado do comportamento errático dos militares, no processo de politização crescente das forças armadas, desde o golpe neoliberal, de 2016, expresso, agora, nessa extraordinária crise política militar que abala o Brasil e o mundo.

Indiscutivelmente, por suas próprias palavras, mostra-se disposto a colocar os pingos nos iiis, simplesmente, porque a tentativa de golpe explícita coloca a democracia, o poder civil, ameaçado pelo poder militar; nesta sexta feira, o presidente e os militares terão encontro decisivo que deixa a nação politicamente em suspense.

continua após o anúncio

O fato, aos olhos de Lula, é que os militares agiam à revelia dos poderes republicanos, como se fossem independentes e com autonomia própria, para agirem ao largo da autoridade maior da Constituição, conforme julgam o que representam, constitucionalmente, ou seja, poder moderador republicano, com o qual Lula disse não concordar; a vitória lulista nas urnas, para os militares, não estaria, portanto, sendo considerada, dado o comportamento antidemocrático que adotaram diante da baderna para destruir o governo e a República.

REBELIÃO INDISFARÇÁVEL NOS QUARTÉIS

continua após o anúncio

O clima de estranhamento é indisfarçável; diversas manifestações das patentes militares mais expressivas se mostram abertamente em choque com o mandatário civil chancelado democraticamente nas urnas para governar o país no período de 2023 a 2026; a vitória, realmente, apertada de Lula, à frente de uma aliança democrática ampla sobre o presidente Bolsonaro, que se mostrou adepto do fascismo sem peias, arregimentando sua base para se rebelar contra processo eleitoral e o contra o TSE, responsável pela sua condução, conforme regras democráticas, deixou os militares estagnados, politicamente.

Nenhum líder das três forças foram capazes de virem a público chancelar a vitória eleitoral lulista e dissuadir os bolsonaristas fascistas em seus atos abertamente terrorista, na tarefa explosiva de negarem a democracia; ao agirem como a própria malta revoltada, sem expressar suas opiniões sobre a legitimidade do resultado eleitoral, os militares, de dentro dos quartéis, avalizaram a rebeldia dos terroristas que acabariam invadindo os três poderes oito dias apenas depois da vitória da Frente Ampla lulista; por conta disso, o clima político, no país, entrou em suspense, à espera do pior, dado que o exemplo de cima, daqueles que institucionalmente têm responsabilidade de garantir a democracia, a defesa do território e soberania nacional se mantiveram em inquietante silêncio; foram incapazes, sequer, de deixarem claro sua necessária subordinação ao Ministro da Defesa, um civil, sem o que colocaram em dúvida sua responsabilidade democrática institucional; é nesse pé que encontram em choque o presidente e os militares.

continua após o anúncio

FURO SENSACIONAL 

A reação de Lula, na Globo, agora, à tarde, em entrevista à Natuza Nery, foi a de quem se encontra inconformado por sofrer traição dos comandantes que desobedeceram não ao presidente mas à própria democracia, na condição de apoiadores silenciosos dos golpistas incompatíveis como regime democrático; a decisão presidencial de não concordar com posições militares favoráveis a uma GLO – sugestão que teria chegado ao titular do Planalto pelo ministro da Defesa, Múcio Monteiro –, revelou a desconfiança de Lula em face de possível traição, visto que investigações preliminares haviam confirmado a completa ausência de ação daqueles que tinham por obrigação, por exemplo, defender o Planalto dos terroristas, como fizeram, bravamente, os seguranças do Congresso, no cumprimento do seu dever.

continua após o anúncio

A ira presidencial relativamente ao comportamento da GSI, responsável por cuidar do Batalhão Militar, relativamente, à proteção do Planalto, foi a gota d'água que levou Lula ao desespero da sensação de estar sendo vítima de traição; posteriormente, informações dos homens de confiança do presidente deram conta de que ordens expedidas para mobilização de tropas para fortalecer o Batalhão não foram seguidas; a casa institucional mais destacada da Praça dos Três Poderes estava, portanto, exposta aos vândalos; de resto, o mesmo aconteceu com os prédios do Congresso e do STF.

DESAFIO PARA POLÍTICA

continua após o anúncio

Como se trata de algo que acontece pela primeira vez na história do Brasil e em face das informações de posse do presidente quanto ao comportamento miserável dos que não fizeram nada para evitar o trágico acontecimento, a sinceridade das palavras iradas de Lula à Globo causa espécie; militares na reserva, como general Etchegoyan, ex-ministro do GSI, no Governo Temer, apressam-se em dizer que Lula, ao responsabilizar militares pela invasão da Praça dos Três Poderes, não contribui para pacificar o país; ao contrário, ajuda a tumultuar; essa declaração é feita às véspera do encontro que Lula terá nesta sexta feira com os militares para encontrar solução política para um clima que incendeia as relações entre as partes; o desafio da política está no ar para apagar incêndios. Conseguirá?

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247