Lula, muito além do metalúrgico
"Lula, desde 1969, quando era delegado de base na Villares, pelo sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, até os dias de hoje, empresta seu tempo e sua vida a cuidar dos interesses coletivos"
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
A caminho da faculdade comprei o livreto chamado “Felix Guattari entrevista Lula”, da editora Brasiliense, foi ali na livraria Papirus, na esquina das ruas Bernardino de Campos e Barão de Jaguara. Li todinho durante a aula de “Lógica Jurídica” (que o professor Álvaro César Iglesias me perdoe o pecado, que agora confesso), mas àquele jovem de dezoito anos parecia claro que a ditadura estava nos seus estertores, e que faríamos parte da caminhada do último trecho da luta, para recondução do país à democracia.
Félix Guattari foi um filósofo, psicanalista, semiólogo, roteirista e ativista revolucionário francês, que morreu em 1992, e entrevistou o então jovem Lula no início dos anos 1980. Foi também um grande estudioso do capitalismo contemporâneo, trabalhou em várias frentes de reflexão, dentre elas observou e analisou as diversas formas cunhadas pelo capital em sua expansão global; e acompanhou os movimentos sociais que criticam o capitalismo e sua contrapartida, o chamado “socialismo real”, que tentava esboçar respostas alternativas em diferentes níveis, mas que recebeu necessárias críticas daqueles corajosos sindicalistas, que foram capazes de romper com toda forma de dogma.
A entrevista, foi realizada em 1982, e nela Lula com pouco mais de trinta e cinco anos, pode ser chamado de o jovem Lula, ainda em formação, mas ávido por justiça social e com muita clareza que a solução para as enormes demandas sociais está nas mãos dos trabalhadores.
Através de um amigo comum, esse livreto chegou às mãos de Lula, que anotou uma mensagem muita carinhosa para mim. Está guardado no meu, quase organizado, escritório de casa como uma joia.
Outro livro, também dos anos 1980, e comprado na Papirus, chamado “Lula, o metalúrgico – anatomia de uma liderança”, escrito por Mário Morel, um grande jornalista, cujo obra dispensa comentários. Nesse livro é possível, através do olhar de Morel, conhecer Lula sindicalista, criando o PT ao lado de Jacó Bittar; é imperdível para quem gosta de Lula (esse eu li sem pecado, no ônibus, a caminho do estágio necessário, no escritório de meus tios e primos).
Fato é que desde que avistei Lula a primeira vez em 1980, eu tinha dezesseis anos, até hoje, passaram-se quatro décadas; Lula deixou de ser apenas um líder sindical, ou um líder político de centro-esquerda nacional, para transforma-se numa das maiores e mais importantes vozes do planeta, uma voz que busca chamar a atenção de todos para as injustiças estruturais e sistêmicas construídas pelo homem, contra a humanidade.
Bem, o fundador do PT, da CUT, deputado constituinte e presidente da república, é a voz de esperança a confortar nossos corações, e o líder da nossa ação militante; perseguido desde sempre, criminalizado pelos vassalos do establishment, acusado por uma quadrilha de malandros que apropriaram-se no MPF de Curitiba, processado, condenado e preso injustamente, por um juízo incompetente, por juiz suspeito; ainda assim apresentou-se aos seus algozes “com a dignidade de um mestre-sala” e lutou institucionalmente pela sua liberdade, assim como luta pela declaração definitiva de sua inocência.
Lula, desde 1969, quando era delegado de base na Villares, pelo sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, até os dias de hoje, empresta seu tempo e sua vida a cuidar dos interesses coletivos.
Como já escrevi aqui, Lula dá-se tanto e muitas vezes não recebeu nada além da nossa incompreensão e crítica.
Pelo desculpas a Janja, Lurian, Marcos, Fábio, Sandro e Luiz Claudio, às suas noras, genro, netos, netas e à bisneta, mas precisamos de sua voz de Lula, e de seu exemplo mais tempo, pois muitos podem falar, mas somente ele é capaz de ser ouvido.
Essas são as reflexões.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247