Lula mostrou que o infortúnio brasileiro tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro

"Em pouco mais de uma hora, fez reacender a esperança. Conseguiu nos retirar da decepção de um governo que só fez acumular fracassos para mostrar a possibilidade auspiciosa de um outro país. Bem diferente do anarcocapitalismo criminoso, genocida, implantado por Guedes, com o beneplácito de Jair", escreve Ricardo Bruno

Reinaldo Azevedo e Lula
Reinaldo Azevedo e Lula (Foto: Reprodução)


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A entrevista do ex-presidente Lula a Reinaldo Azevedo restabeleceu confiança e credibilidade na ação de líderes políticos nacionais como fator determinante para definição de políticas públicas críveis e eficazes. Em oposição ao estilo insensato de Jair, o ex-presidente fez uma análise crítica da conjuntura brasileira e nos mostrou como poderia ser diferente, caso o país não estive nas mãos de um tresloucado com pendores autocráticos. 

 

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Ao citar as entrevistas que tem concedido à imprensa internacional, Lula reportou os recados que tem mandado para os principais líderes mundiais no sentido de construção de saídas conjuntas para a crise. Mostrou estatura e altivez como ator político global ao sugerir a pauta de um encontro emergencial dos países do G 20 . Fez referências a Joe Biden, Macron, Merkel e Ji Xiping sobre a necessidade da convocação com a sobriedade e a naturalidade inatas ao líder. Sem sabujices tampouco submissão. À altura de representante da oitava economia nacional. 

 

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Imerso no fanatismo ilógico dos adoradores de Jair, o Brasil adoeceu; perdeu referências, subtraiu sensatez do debate político. A despeito de nossa importância mundial estratégica, passamos a ser tratados como rebotalhos da civilização contemporânea, palco dos desatinos de um mandatário que só faz crescer o descontrole da pandemia a ponto de nos tornarmos o epicentro mundial da propagação do vírus. Não por acaso. Não por fatalidade. Não por desígnio. Para além dos conflitos ideológicas, o Brasil está pagando um altíssimo preço por ter eleito um mentecapto. 

 

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A entrevista de Lula possibilitou o cotejo entre a realidade caótica do Brasil atual e a possibilidade de um país com um destino diferente, pautado pelo equilíbrio, pela capacidade de interlocução, pelo diálogo. Mostrou que o Brasil, não por acaso, vive a sua mais aguda tragédia social. Que não estamos atavicamente fadados ao fracasso. Que o infortúnio brasileiro tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. 

 

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O ex-presidente trouxe equilíbrio ao debate político. A ponderação de suas posições em si é um vigoroso contraponto ao atrabiliário Jair. Mostra ainda que Lula, ao contrário de seus críticos, não exibe qualquer radicalismo, não se opõe a Bolsonaro pela simples troca de sinais ideológicos. Em síntese, hoje, Lula é o equilíbrio. Bolsonaro, o desatino. 

 

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Sem abrir mão de setores estratégicos da economia nacional, o petista admitiu transformar a Caixa Econômica numa empresa de economia mista, com ações na Bolsa de Valores, a exemplo do Banco do Brasil e da Petrobras. O exemplo mostra flexibilidade na visão do papel do Estado e afasta a retórica dos detratores que o pintam como um perigoso opositor das forças de mercado. Que, por sinal, foram desafiadas a se apresentarem para um debate público sobre os destinos do país. 

 

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O ex-presidente mostrou enorme habilidade em construções retóricas que exprimem compromisso social nítido. Nada mais incisivo, claro e assertivo do que “colocar o povo no orçamento”. É a antítese da formulação liberal anacrônica de Paulo Guedes, cujo único propósito é controlar o teto de gastos, os déficits orçamentários, a apesar de a ortodoxia econômica ter sido arquivada em todo o mundo – vide o espetacular programa de redução das desigualdades sociais lançado por Joe Biden, de 2 trilhões de dólares – maior, portanto, do que o PIB brasileiro. 

 

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Desgovernado, o Brasil é vítima da conjunção fatal entre um presidente despreparado, com espasmos nitidamente golpistas, e um ministro da economia de visão retrógada, adepto de um liberalismo perverso, que insiste em retirar o povo do orçamento – mesmo diante de tanta miséria. “Ele se comporta como marido que não gosta de trabalhar. Só quer saber de vender tudo, a geladeira, o fogão”, afirmou Lula para apontar o entreguismo liberalóide do Ministro da Economia. 

 

A entrevista teve um rápido momento de autocrítica, ao condenar as desonerações exageradas concedidas por Dilma Roussef ao empresariado, sem qualquer retorno social. Lula não insistiu em erros. Não reafirmou compromissos apenas para marcar posição. Foi didático em apontar as falhas de Jair e claro ao mostrar os rumos que deseja imprimir ao país, caso volte à presidência. 

 

Em pouco mais de uma hora, fez reacender a esperança. Conseguiu nos retirar da decepção de um governo que só fez acumular fracassos para mostrar a possibilidade auspiciosa de um outro país. Bem diferente do anarcocapitalismo criminoso, genocida, implantado por Guedes, com o beneplácito de Jair.

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