Lula lá, e os ministros do STF no esgoto da História
Na verdade, estes 9 homens e as 2 mulheres nomeadas para a Corte Suprema terão escolher entre ficar com o medo e o esgoto da História do Brasil, ou a ousadia de aplicar o Direito Positivado e devolver o caráter institucional de coerência ao País, portanto, sendo "redimidos" pela Ciência e pela Memória
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Hoje, dia 04 de dezembro de 2018 é, sem dúvidas, um dia histórico para o País. Os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirão se o ex-presidente Lula permanece preso em Curitiba por um crime que não avoca qualquer técnica jurídica de faculdade de esquina, dada a formalidade da não-prova de seu evento fático, ou se o libertam do cárcere revestido de simbologia civilizatória.
A verdade é que estamos a passar a maior vergonha do/no mundo. Lula fora inocentado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para além disso, Lula está prestes a receber um Prêmio Nobel da Paz por sua luta para combater a fome no Brasil (bem-sucedidos os programas e investimentos) e no mundo (que construiu um compêndio teórico e programático a partir do modelo brasileiro para replicar, inclusive em alguns países de "1º mundo"). Embora, receber ou não o Nobel da Paz seja mera formalidade protocolar, pois Lula ganhou dezenas de títulos Honoris Causa nas mais importantes universidades do Planeta e diversas medalhas e comendas das mãos de dezenas de líderes mundiais por sua "guerra" contra a fome e a miséria.
Portanto, de um lado, suas excelências terão de pesar na Balança da cega Justiça, se servem ao temor dos militares – que lhes apontam tão mais bravatas que canhões para o STF, e se encaram com as faces rosadas de timidez a seus pares que, em pequena maioria instalada nos salões de festas castas do tão corporativo Poder Judiciário, fazem coro antagônico à urgência real do País; ou se decidem pela coerência histórica do Direito e da Nação (sem "Temer", com coragem) e fazem o que chamam em países civilizados de Justiça.
Na verdade, estes 9 homens e as 2 mulheres nomeadas para a Corte Suprema terão escolher entre ficar com o medo e o esgoto da História do Brasil, ou a ousadia de aplicar o Direito Positivado e devolver o caráter institucional de coerência ao País, portanto, sendo "redimidos" pela Ciência e pela Memória.
É importante lembrar que, quando falamos de História, estamos a dizer aos lúcidos da Nação que podem ficar com o conforto da comoção imediatista em conteúdos potencialmente injustos, ou o julgo da comoção histórica, lapidada pelos pesquisadores e pelo caráter intergeracional, isto é, pela memória de nossos herdeiros do Brasil.
Uma coisa é certa: independentemente do resultado de hoje na Suprema Corte, Lula está livre já faz muito tempo. Só esqueceram de avisar aos protocolos e pompas formais dos gabinetes das excelências de toga, encastelados naquele lindo Palácio na esquina da Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Boa sorte, portanto, ao Brasil!
Aproveito para deixar como parte dessa Memória, um poema que fiz, não para o Lula somente, para uma ideia que engendre as lógicas de Civilização e Liberdade. Segue o poema abaixo:
O cárcere e as asas da ideia
Resiliência versus demência civilizatória.
Limbo da história.
Memória feita dor e latência
[ da alma pulsante,
[ de ideia vagante.
Ideias:
Metalinguagem da metafísica substantiva
Que translada nas asas de Ícaro ressurgido.
Insurgido por entre as grades
[ nas manhãs frias do cárcere,
Voa para o além-mundo
A espalhar esperança semiótica.
Temperança do gigante
Diante da realidade caótica.
Ele não está mais lá na escuridão.
Jamais foi solidão enjaulada.
É espada invisível que perfura profundamente o senso
Comum união latente de novas expectativas.
As trancas caíram e ele flutua nas ondas sensitivas
Que moram dentro dos sonhos de milhões.
Ele já não está mais lá: superexistiu!
Tornou-se ideia essencial no cosmo civilizatório,
No repertório de um povo sem quase nada para existir.
E de novo fez ressurgir a esperança.
Alcança todas as manhãs de um tempo, a certeza:
Ele e seu povo, finalmente, desacorrentados; é realeza!
Porque ideias e sonhos não se pode subjugar.
Vá, portanto, Lula, Livre, voar!
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