Lula frustra expectativas dos perseguidores

No jornal da TV Cultura o professor Leandro Karnal, sem conseguir esconder a sua decepção pelo resultado do depoimento, criticou a falta de provas e disse: "Ou Lula tem uma habilidade extraordinária para esconder seus delitos ou – e vou dizer algo que vai chocar muita gente – é inocente"

Lula
Lula (Foto: Ribamar Fonseca)


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Os jornalões do eixo Rio-São Paulo, que formam a chamada grande imprensa do Brasil, mais uma vez escancararam a sua total falta de escrúpulos e de profissionalismo na cruzada para impedir Lula de voltar ao Palácio do Planalto. Como o interrogatório do ex-presidente pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba, não teve o desfecho esperado por eles, ou seja, a comprovação da propriedade do tríplex do Guarujá, pinçaram um trecho do depoimento em que Lula revela que a sua mulher, dona Marisa, chegou a se interessar pelo imóvel, mas ele descartou a sua compra. E então, com manchetes e matérias combinadas, insinuaram que o líder petista quis lançar a culpa na esposa já falecida, mesmo não sendo o dono do apartamento, uma tentativa de demonizá-lo, como fizeram quando ele discursou no velório dela. É uma indignidade. Para as famílias proprietárias desses jornalões vale tudo para atingir o objetivo de retirar Lula do cenário político.

Tanto a mídia, como Moro e seus "apoiadores", no entanto, tiveram suas expectativas frustradas pelo desempenho sempre seguro do ex-presidente operário. Nenhuma prova foi apresentada contra ele, que rebateu todas as insinuações, nas cinco horas de depoimento. No jornal da TV Cultura o professor Leandro Karnal, sem conseguir esconder a sua decepção pelo resultado do depoimento, criticou a falta de provas e disse: "Ou Lula tem uma habilidade extraordinária para esconder seus delitos ou – e vou dizer algo que vai chocar muita gente – é inocente".

Evidentemente ele torce para que o líder petista seja culpado e certamente tem dificuldades para admitir a honestidade e inocência do ex-presidente. Assim como ele, também sofrem do mesmo mal, as famílias proprietárias da grande imprensa, parte do Judiciário e do Ministério Público empenhado em perseguir o ex-torneiro mecânico e os fascistas que usam as redes sociais para destilar seu veneno. O fato, porém, é que Lula mais uma vez provou a sua inocência num depoimento cercado de expectativas e de muitos policiais.

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Observou-se que ao noticiar a realização do depoimento do ex-presidente, duas das principais revistas semanais do país, mesmo sem querer, retiraram a máscara do juiz Sergio Moro, apresentando-o como adversário do líder petista, não juiz: os dois são mostrados como contendores. As revistas, na verdade, apenas confirmaram o que todo mundo já sabia. Isso explica, mas não justifica, a perseguição de Moro a Lula e as suas negativas a todos os recursos impetrados pela defesa do ex-presidente operário, inclusive ao pedido para que o depoimento fosse gravado. Quem é que dá colher de chá para adversário? Por conta desse comportamento odioso, visível até para um cego, o magistrado deveria ser considerado suspeito para julgar o líder petista, pois adversário não tem isenção. Infelizmente, porém, parece que parte da Justiça federal está engajada na perseguição a Lula, razão porque o ex-presidente não ganha uma ação em nenhuma instância.

Além de negar os recursos do ex-presidente operário, com despachos nitidamente políticos, vários juízes também tomaram decisões que se caracterizam como arbitrárias, como a da juíza Diele Zydek, de Curitiba, e do juiz substituto Ricardo Leite, de Brasilia. A primeira, que é ativista política contrária a Lula, proibiu manifestações próximas do local onde o ex-presidente prestaria depoimento, e o segundo, que foi afastado da

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Operação Zelotes e denunciado pelo Ministério Público por atrapalhar a operação, determinou o fechamento do Instituto Lula, com o mais esfarrapado dos pretextos. As duas medidas foram tomadas às vésperas do depoimento de Lula, contribuindo obviamente para o acirramento dos ânimos. O comportamento desses magistrados, escandalosamente políticos, reforça a necessidade da nova lei sobre abuso de autoridade, já aprovada pelo Senado e atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados. Por isso as manifestações de juízes e procuradores contra o projeto, que certamente os inibirá desse tipo de decisão.

Constata-se, lamentavelmente, que a cada dia que passa fica mais evidente a ditadura do Judiciário no Brasil. Seria injusto generalizar, porque – felizmente – ainda existem muitos magistrados sérios e isentos, mas a verdade é que parte do Judiciário se politizou. O Supremo Tribunal Federal, que deveria conter os arroubos político-partidários de juízes e procuradores, é o primeiro a dar mau exemplo. O decano da Suprema Corte, ministro Celso de Mello, por exemplo, certo dia condenou veementemente a crise moral que viu no governo Dilma, mas hoje não consegue enxergar a crise moral do governo Temer, com o próprio presidente e oito ministros acusados de corrupção. Pelo contrário, manifestou-se admirador do "constitucionalista Temer". E ainda decidiu favoravelmente ao governo no caso da nomeação de Moreira Franco para ministro, nomeação questionada por dar a Franco foro privilegiado. Em situação idêntica, a nomeação de Lula para a Casa Civil de Dilma foi anulada por liminar do ministro Gilmar Mendes.

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O Supremo, que deveria ser o guardião da Constituição, tem dado mau exemplo também no desrespeito rotineiro à Carta Magna, inclusive usurpando do Congresso Nacional a missão de legislar. E os legisladores, acovardados, talvez porque muitos deles estão pendurados em acusações de corrupção, aceitam tranquilamente a ocupação do seu espaço pelos homens de preto. A ditadura do Judiciário vai, desse modo, se fortalecendo e se consolidando em nosso país, onde desapareceu a presunção de inocência e as pessoas, à mercê das paixões políticas de magistrados, são presas e condenadas sem provas, com base em convicções formadas de interpretações da lei, não do seu texto. Ou estribados na teoria do domínio do fato. Provas? Tal exigência da lei virou coisa do passado e hoje ninguém mais tem segurança constitucional.

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