Lula fará governo democrático e antineoliberal

"Lula começou a transição para o novo governo no próprio domingo da sua eleição. Desde aquele dia, Lula está no centro da vida política do país", diz Emir Sader

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: REUTERS/Mariana Greif)


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Por Emir Sader 

O Brasil se prepara para começar um governo que o Lula define como um governo de reconstrução. Parte da ideia de que o país foi destruído pelo governo de Bolsonaro.

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Em primeiro lugar, pela adoção do neoliberalismo, colocou em prática uma política de buscar o Estado mínimo, isto é, de centralidade do mercado. O objetivo do Estado mínimo foi buscado com as privatizações de empresas públicas, com a diminuição dos servidores públicos, com o enfraquecimento das políticas sociais – de educação, de saúde, de assistência social e outras.

A centralidade do mercado se traduziu na política de desregulamentação da economia, permitindo que as grandes empresas pudessem realizar seus interesses, sem intervenções estatais, que pudessem colocar limites a essas ações.

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O país que o Lula receberá, como ele mesmo sempre afirmou, será muito pior que aquele que ele recebeu em 2003. Naquele momento o Brasil de uma década neoliberal – dos governos do Fernando Collor e do Fernando Henrique Cardoso. Além das privatizações e desregulamentações, a herança era de uma recessão econômica e de um nível alto de desemprego.

Lula tem centrado seu programa de governo em dois pontos fundamentais: o resgate da democracia e a retomada do modelo de desenvolvimento econômico com centralidade das políticas sociais, com expansão do mercado interno e criação de empregos.

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O resgate da democracia é essencial, é condição de superar o regime bolsonarista. Retoma o sistema político que havia sido rompido em 2016, que jogou o Brasil na pior crise da sua história desde a ditadura militar.

A política econômica do Lula se apoia no envio inicial de uma reforma tributária ao Congresso, com impostos sobre o 1% mais ricos. Para permitir que o Estado possa impulsionar os investimentos produtivos, com geração de empregos e distribuição de renda, através da elevação dos salários acima da inflação e das políticas sociais.

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Enquanto isso, Lula já é tratado como novo presidente. Foi convidado à COP 27, ao qual ele comparecerá, em novembro, antes de tomar posse, com a possível futura Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Bolsonaro nunca participou dessas reuniões, mas protestou dizendo que o Lula estaria usurpando o seu cargo. E anunciou que vai mandar uma representação à reunião, como se pudesse concorrer com a presença do Lula.

O presidente eleito já tem reuniões com Joe Biden, com Emmanuel Macron, entre outros mandatários. No Brasil, Lula organiza o seu governo, que vai ter um núcleo central de membros do PT, especialmente na economia, na educação, na cultura, na assistência social, nas relações exteriores, entre outros.

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A frente ampla em que Lula se apoiou para vencer as eleições requer a participação dos outros partidos nos 33 ministérios que agora terá o governo. A composição do governo será então muito mais ampla do que nos seus governos anteriores, sem influenciar nos eixos fundamentais do seu programa.

Lula se instalou em Brasília, no Centro Cultural do Banco do Brasil, adaptado especialmente para que ele sistematize as atividades de organização do seu governo, assim como para se reunir com os presidentes da Câmara e do Senado, assim como com a presidenta do Supremo Tribunal Federal e o do Tribunal Superior Eleitoral.

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Valendo-se do silêncio de Bolsonaro, Lula começou a transição para o novo governo no próprio domingo da sua eleição. Desde aquele dia o Lula está no centro da vida política do país.

As tentativas de ocupação de estradas fracassaram, durou apenas três dias e não conseguiu detonar ações de outro tipo de protesto. O próprio bloco de partidos que apoiavam o Bolsonaro foi se desfazendo, com vários deles já se somando aos partidos que apoiam o Lula, enquanto outros, minoritários, mantém a posição de extrema direita.

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A expectativa é que Lula inicie o seu governo, em primeiro de janeiro, já com cerca de 70% de apoio, da forma como está gerando expectativa muito favorável na massa da população.

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