Lula é o plano A, B...e Z do PT

Se a inabilitação de Lula se consumar, ele deve atuar na campanha com agenda de candidato, pedindo voto para o candidato do PT em todos os comícios, viajando por todo o país e ocupando espaço privilegiado na propaganda de rádio e televisão, tal qual um candidato não candidato

Ato de encerramento da Caravana Lula pelo Brasil, no Maranhão Fotos Ricardo Stuckert
Ato de encerramento da Caravana Lula pelo Brasil, no Maranhão Fotos Ricardo Stuckert (Foto: Bepe Damasco)


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Só pode ser vista como tática de pressão política sobre o Tribunal do Santo Ofício de Curitiba (forma apropriada como o bravo jornalista Mino Carta se refere aos justiceiros do Paraná) a proposta de alguns dirigentes do PT de boicotar as eleições de 2018, caso Lula seja alijado da disputa. A ideia seria dar desdobramentos práticos e radicalizados à palavra de ordem “eleição sem Lula é fraude.”

Alguns petistas pregam inclusive o alargamento do boicote, com o partido se negando a lançar candidatos à Câmara dos Deputados e ao Senado. E, seja por coerência ou efeito cascata, o PT também abdicaria de disputar os governos estaduais e as vagas nas assembleias legislativas. A meu ver, tudo da boca para fora. Não pode ser levada a sério a entrega de mão beijada não só da presidência da República e governos aos carrascos do povo, mas também de todas as cadeiras dos parlamentos.

Já imaginou no que se transformaria o Brasil caso o maior partido de esquerda abandonasse a institucionalidade? A julgar pelo ódio que a elite sente pelo nosso povo, estaríamos a um passo da volta do regime escravocrata. Teríamos a consolidação definitiva da roubalheira do dinheiro público e todas as riquezas nacionais seriam dilapidadas a céu aberto, de forma bem mais escancarada do que já ocorre no governo golpista de Temer. Nesse cenário a repressão aos movimentos sociais e a caçada às vozes da imprensa alternativa são mais do que previsíveis. A ditadura judicial-parlamentar fincaria raízes.

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Embora de sinal trocado, lembro de um boicote semelhante. Ele ocorreu em uma das eleições venezuelanas ocorridas em passado recente, quando a oposição ao então presidente Hugo Chávez decidiu não lançar candidatos em protesto contra o avanço da revolução bolivariana. O resultado se revelou trágico para as forças de oposição, pois os chavistas ficaram à vontade para implementar seu programa de forma acelerada. A direita da Venezuela, que hoje optou pelo golpismo, pela sabotagem e por ações de terror faz profunda autocrítica da não participação nesse pleito.

Lula é o elemento central da sucessão, sendo ou não candidato. E o PT deve seguir apostando nas caravanas, fator de acúmulo de força política e espaço privilegiado para a denúncia da caçada sofrida pelo maior líder popular do país por parte da ditadura judicial-midiática. Esses périplos pelas entranhas da Brasil têm o condão de fazer Lula retomar a iniciativa política e acuar seus adversários. Sem falar que é um campo no qual ele não tem concorrentes nem aqui nem em qualquer lugar do planeta.

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Até que o TRF-4 julgue o recurso da defesa do ex-presidente, provavelmente até julho de 2018, Lula deve assumir de forma cada vez mais ostensiva sua condição de candidato. E, não é verdade que uma eventual e provável condenação em 2ª instância, no jogo sujo de cartas marcadas  armado para impedi-lo de ser candidato, signifique sua automática exclusão da eleição presidencial. Ainda restariam possibilidades de recursos ao STJ e ao STF. Em 2014, nada menos que 28 candidatos concorreram amparados por liminares concedidas por tribunais superiores.

Se tudo der errado, sobra ainda o caminho da resistência popular, da insubordinação e da desobediência civil. Contudo, como lembrou o professor Aldo Fornazieri em artigo publicado dias atrás, isso não acontecerá espontaneamente a partir da revolta das dezenas de milhões de pessoas que vêm em Lula sua única esperança. Ou o PT dirige e organiza a luta, ou ela se limitará a duas ou três manifestações sem consequência.

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Ao fim e ao cabo de tudo isso, se a inabilitação de Lula se consumar, ele deve atuar na campanha com agenda de candidato, pedindo voto para o candidato do PT em todos os comícios, viajando por todo o país e ocupando espaço privilegiado na propaganda de rádio e televisão, tal qual um candidato não candidato. Sua eventual prisão, hipótese que considero remota, pode gerar uma comoção de consequências imprevisíveis. Mesmo encarcerado, Lula não perderá a condição de maior cabo eleitoral do país.

Como se vê não faz sentido o partido mergulhar agora no debate sobre um plano B para o caso de Lula não poder concorrer.Primeiro porque ainda há muita lenha para queimar. E depois porque até as cinco pontas da estrela do partido sabem que a vaga está entre Fernando Haddad e Jaques Vagner. Que tal os dois se transformarem desde já em companhias fixas de Lula nas andanças pelo país? 

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PS : A pesquisa da CNT divulgada nesta terça-feira (19/9) mostra que Lula é um fenômeno a ser estudado por muitos anos no futuro. Que outro político do Brasil e do mundo, hoje ou no passado, seria capaz de sobreviver ao massacre que ele sofre ?  Depois que Palocci decidiu fazer o jogo do inimigo, diversos colunistas da mídia monopolista cravaram pela milésima vez a morte política de Lula. De novo deram com os burros n'água. Pelo levantamento, feito depois da deduragem de Palocci, Lula não sofreu um arranhão sequer e segue vencendo em todos os cenários, contra qualquer adversário.

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