Lula e o novo (velho) fantasma do comunismo
"Não podemos mais aceitar que em plena pandemia novos bilionários sigam aumentando seus lucros enquanto a maioria das pessoas passa fome", escreve Luiz Padulla
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Em época eleitoral, nada mais comum do que as táticas ardilosas da direita nazifascista em propagar suas “fake news”. Essa é uma estratégia que visa confundir e causar o medo na população, com o objetivo único de criar um “inimigo comum” para sua sobrevivência – uma vez que se mostram incapazes de apresentarem uma política voltada aos interesses públicos.
Em 2018, redes sociais e correntes do WhatsApp divulgaram a inacreditável “mamadeira de piroca”, associada ao “kit gay” e outros absurdos. Mais do que angariar votos de inocentes e analfabetos úteis, permitiu a desinformação e a eclosão de um ódio irracional à esquerda – e, piorando a situação, deu voz e oportunidade para que nazifascistas saíssem do submundo da sociedade, tendo na figura de Bolsonaro, sua representatividade.
Mas isso não é novidade. Desde a polarização entre EUA e URSS, o imperialismo estadunidense tenta desestabilizar a ascensão do socialismo através do medo, o que desperta, automaticamente, a reação natural de defesa em qualquer pessoa. O problema é que antes de acreditar em qualquer informação, é preciso consultar a veracidade da mesma, estudar. Em 1959, quando os cubanos promoveram a brilhante revolução, enfrentaram esse tipo de tática. Era comum, por exemplo, aviões dos EUA sobrevoarem a ilha despejando folhetos alertando a população do “perigo do comunismo” e dos “guerrilheiros assassinos”.
No Brasil, não foi diferente. Em 1964, como sempre com a mão dos EUA, o golpe militar usou também a “ameaça comunista” como alternativa para desestabilizar a recente democracia e impor o regime assassino e ditatorial, tendo inclusive o apoio de parte da igreja e da sociedade.
Mas afinal, há uma real ameaça do Comunismo?
Em primeiro lugar, é preciso entender o que é o Comunismo.
Comunismo é uma ideologia política e socioeconômica que pretende estabelecer a abolição da propriedade privada, das classes sociais e do próprio Estado, tendo o Socialismo como uma etapa inicial. No entanto, a pergunta que faço: qual país é (ou foi) verdadeiramente comunista? Nenhum! Nem Cuba, nem Venezuela, nem China, muito menos a Coréia do Norte! Todos esses apresentam a presença forte – e necessária – do Estado.
Muitos podem argumentar também que são países “atrasados”, em especial quando se fala de Cuba e Venezuela, mas não enxergam que isso se deve justamente pela influência do capital – leia-se imperialismo estadunidense – que, na tentativa de difamar e desestabilizar, impõe políticas desumanas de sanções econômicas contra qualquer país que queira manter relações com esses governos. Cuba resiste até hoje por conta de sua soberania e defesa do próprio povo cubano, que defende o regime socialista. Cuba é o exemplo claro de que o socialismo deu certo. Resta, portanto, aos interesses capitalistas, isolarem e tentarem destruir o que coloca em risco seus interesses.
Cria-se, dessa maneira, um discurso raso, mentiroso, mas que ainda assusta a grande parcela da população. Esses discursos são fundamentados pela burguesia que, mais do que detentora dos meios de produção, enriquecem com a mercantilização da força dos trabalhadores e trabalhadoras, explorando e precarizando o trabalho, agora também é uma burguesia de mercado imobiliário que concentra terras, aumentando os conflitos no campo e em territórios indígenas, sendo responsável direta também pelos desmatamentos, incêndios criminosos e destruição do ambiente – o que impacta também da desestabilização do equilíbrio ambiental, potencializando a contaminação com agrotóxicos na água, nos alimentos e, consequentemente, também acelerando as mudanças ambientais.
Hoje, com todo acesso às informações – nem sempre acessadas! – está cada vez mais difícil que essas mentiras se sustentem. No entanto, com apoio das mídias hegemônicas e tradicionais, que respondem aos interesses do capital, o espaço que ocupam ainda é grande. Em recente pesquisa, divulgada em dezembro pelo instituto Datafolha, afirma-se que 44% dos brasileiros e brasileiras “temem o comunismo no Brasil”. E o desgoverno, utilizando-se dessas armas, segue propagando a “ameaça comunista”, como fez recentemente a ministra (sic) (Doi)Damares em suas redes sociais ao projetar um mapa da América Latina e os “países tomados pelo comunismo”.
Ora, já sabemos que nunca houve um único país comunista. Hoje, as chances disso acontecer são mínimas. Novamente digo: o Estado é fundamental para o acesso às oportunidades e necessidades básicas!
Tentar jogar essa mentira, ainda mais no Brasil, é mais do que desfaçatez, é uma ignorância sem tamanho. Acusar a esquerda brasileira – partidária! – de ser comunista, é outro descabimento. Por mais que PT, PSOL, PCdoB e cia sejam de vertentes esquerdistas, não passam nem perto de qualquer tentativa comunista. O que nós esquerdistas defendemos e exigimos dessas representações partidárias, são políticas públicas voltadas para programas sociais, distribuição de renda, oportunidades igualitárias. Justiça social. Esse é nosso objetivo. Essa é nossa luta para que, quem sabe, com a educação de base e consciência de classe, possamos migrar para um sistema socialista não apenas nacional, mas mundial.
Afinal, não é mais possível e admissível que 1% da população continue a surfar nos lucros gerados pelos verdadeiros trabalhadores. Não podemos mais aceitar que em plena pandemia, em meio ao caos sanitário e econômico, novos bilionários surjam e sigam aumentando seus lucros enquanto a maioria das pessoas passa fome, está desempregada sem um lugar digno de moradia. Lutamos contra isso. Não aceitamos que o capitalismo lucre e prevaleça sobre a vida.
Sabemos que o capitalismo, por si só, não será derrubado totalmente. No entanto, ao mostrar mais uma vez sua fragilidade – evidenciada com a pandemia, que gerou ainda mais fome, desigualdades sociais e a necessidade urgente da presença do Estado – ficou evidente que apenas um regime político realmente socialista poderá ser a alternativa para a humanidade.
Lula não é apenas a representação de uma possibilidade representativa da esquerda. Mais do que uma ideia, é o golpe para destruir o nazifascismo e fortalecer a democracia. Lula é algo que já deu certo e sabe como fazer. E como ele mesmo diz, quer fazer mais. E isso, indiscutivelmente, deve passar pela atenção às bases, pelo fortalecimento do povo. O medo que tentam imputar a Lula, não será mais forte que a memória afetiva das pessoas. Lula será a alternativa para que possamos efetivamente lutarmos pela revolução social. Essa é nossa expectativa e esperança.
Assim, com todos os problemas e caos, enquanto o comunismo não passa de um fantasma, o verdadeiro monstro que segue destruindo as vidas é o capitalismo e suas políticas neoliberais lesa-pátria. A informação é nossa arma mais importante. A verdade derruba mitos, e derrubaremos mais esse!
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