Lula e o Brasil profundo

"A vitória de Lula será decisiva para a América Latina e é esperada por todo o mundo civilizado", escreve o colunista Aloizio Mercadante

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)


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Lula ganhará as próximas eleições como o ser humano mais votado da história da humanidade. Isso não só pelo fato de o Brasil ter um grande colégio eleitoral, mas, sobretudo, pela persistência e seu compromisso democrático. Aos 76 anos, Lula se prepara para a sexta disputa presidencial. Desde 1989, mantém uma intensa relação com o Brasil profundo.

A força de Lula se expressa na multidão que o acompanhou em caminhada pelas ruas de Salvador (BA), por ocasião das comemorações do Dois de Julho. Um momento de contato direto com o povo que nenhum outro candidato se dispôs a fazer. Uma ação muito forte e emocionante, com uma troca de energia impressionante, que culminou em um gigantesco ato de massa no estacionamento da Arena Fonte Nova.

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No mesmo dia, em Salvador, Bolsonaro realizou mais uma de suas esvaziadas motociatas em um evento no qual voltou a destilar ódio e a espalhar fake news, na tentativa de enaltecer um governo que não entrega nada ao país. O desespero eleitoral do bolsonarismo tem sido acompanhado de provocações pontuais em todos os atos de massa realizados pela candidatura de Lula, em ataques crescentes às urnas e ao TSE e ameaças veladas ou explícitas contra a soberania do voto popular.

O Lula que visita acampamentos dos povos indígenas e assentamentos do Movimento dos Sem Terra — e que percorre as periferias das grandes cidades — é o mesmo Lula capaz de dialogar com naturalidade com os principais empresários do Brasil na Fiesp. É ainda o mesmo Lula que esteve na despedida de Dom Cláudio Hummes, líder católico com compromisso histórico com a democracia e a luta dos trabalhadores. O ex-presidente o conhecia desde o tempo da luta sindical na década de 1970.

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Já no Rio de Janeiro, Lula se reuniu com reitores que relataram a completa tragédia que tomou conta da educação superior brasileira. Uma situação caótica que vai desde a nomeação de reitores biônicos pelo governo Bolsonaro até a possibilidade real de universidades fecharem as portas já em setembro, em razão do arrocho orçamentário. Ao mesmo tempo, esses reitores reconhecem o salto histórico que aconteceu na educação brasileira nos governos do PT.

Em meio a depoimentos belíssimos em encontro com sambistas na quadra da Unidos da Tijuca, Lula deu centralidade ao papel fundamental da cultura na formação da identidade da Nação e destacou a necessidade de valorização dos profissionais da cultura. O ex-presidente reafirmou a intenção de recriar o Ministério da Cultura e criar comitês em cada cidade para valorizar a cultura brasileira e sua cadeia produtiva, bem como impulsionar a economia criativa.

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Desde o Golpe de 2016 contra a presidenta Dilma, o setor cultural tem sido duramente atacado no Brasil. Afinal, a cultura e a educação são ambientes em que se respira liberdade e crítica, e é típico dos regimes autoritários e de golpes atacarem primeiro, justamente, esses dois segmentos.

Ainda no Rio, Lula participou de encontro com representantes das comunidades, ocasião em que ouviu relatos fortes e marcantes sobre os desafios da sobrevivência diária e de vítimas da violência do Estado. A exemplo de Marielle Franco, são pessoas que sofrem na guerra contra os pobres, especialmente a juventude negra, em razão da completa ausência do Estado e de políticas públicas.

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Lula também esteve em um enorme ato popular na Cinelândia. Aproximadamente 50 mil pessoas presentes nesse ponto histórico para as forças populares e que resgata a figura de Leonel de Moura Brizola. Foi ali que o ex-governador realizou grandes comícios. Apesar de terem disputado entre si nas eleições de 1989, Lula e Brizola sempre guardaram em comum o compromisso com a democracia e os movimentos populares, tanto que Brizola chegou a ser vice na chapa de Lula nas eleições de 1998.

O mergulho de Lula pelo Brasil profundo faz com que ele seja o único líder que unifica, dialoga, mobiliza e organiza hoje os movimentos populares. Por isso, também o programa de governo da chapa Lula-Alckmin, que representa um gesto mútuo de repactuação democrática para reconstruir o Brasil, é o único construído com transparência e intensa participação popular, diferentemente de projetos neoliberais fracassados que recolocaram o Brasil no Mapa da Fome, com 33 milhões de brasileiros em insegurança alimentar, e que fazem com que metade dos empregados esteja em trabalho precário e que 33% dos trabalhadores recebam um salário mínimo ou menos.

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Lula encontrará um Brasil muito fragilizado do ponto de vista fiscal, com um abismo social e tensionado no campo da política. Um país que é um espelho partido que não consegue mais projetar uma imagem de reconhecimento no concerto das nações e que é uma pálida lembrança daquilo que foi nos governos do PT.

Mas, com compromissos claros com a democracia, a paz, a solidariedade, o desenvolvimento sustentável, a estabilidade, o meio-ambiente, a justiça social e a nossa soberania, é Lula quem vai recolher os cacos para reconstruir esta Nação.

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A vitória de Lula será decisiva para a América Latina e é esperada por todo o mundo civilizado. Mas, especialmente, por esse Brasil profundo que vai fazer de Lula o único presidente reeleito para um terceiro mandato, o único presidente operário e o homem público mais votado da história do país.

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