Lula é Lênin; Temer é Stalin
"Mamãe detestava Stalin. Milhões de ucranianos – como nós – morreram de fome com a implantação das fazendas coletivas, os kolhozes. Em síntese, o definia como um tirano, cruel e vingativo. Jamais sorria. Tinha a cara do que era", lembra o colunista do 247 Alex Solnik, que nasceu na Ucrânia; "Mas ela sempre falava bem de Lênin. Apesar de ter determinado o fim da propriedade privada, que atingiu diretamente meu avô, pequeno comerciante numa cidadezinha, e gerou conflitos sanguinários entre os que pretendiam ocupá-las e os que se recusavam a sair, ela descrevia o verdadeiro criador do comunismo, a partir das teorias econômicas de Marx, como um homem culto, bondoso e idealista, amado pelo povo, que o chamava de 'paizinho'. E que chorou amargamente a sua morte prematura", diz Solnik
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Meus primeiros sete anos de vida num povoado da Ucrânia foram também os últimos da era Stalin, morto em 1953.
Mamãe pulava da cama de madrugada – fizesse o frio que fizesse – para pegar a fila da carne. Se fosse mais tarde a carne acabaria. Às vezes acabava mesmo quando não se atrasava.
Meu pai, operário numa fábrica de tintas fazia, escondido, um bico de pintor de paredes particular depois do serviço para completar o orçamento. Se fosse denunciado, seria preso.
Nossa família – eu, meu irmão e meus pais – dividíamos um sobrado com outra. Nós, no térreo; eles na parte superior. Uma só cozinha e um só banheiro para todos.
Iacha, irmão da minha mãe tinha vida melhor em Kiev: era fotógrafo de Nikita Krushev, o sucessor de Stalin. Outro irmão dela, médico-legista, também ganhava mais que meu pai operário.
Funcionária da NKVD – o antigo nome do serviço secreto russo – mamãe se queixava de que o governo só pensava na corrida espacial e na competição com os americanos e não no que faltava à população. O único magazine da minha cidade exibia poucos produtos.
O lema de Stalin era, segundo minha mãe, “alcançar e superar os Estados Unidos”.
Mamãe detestava Stalin. Milhões de ucranianos – como nós – morreram de fome com a implantação das fazendas coletivas, os kolhozes. Em síntese, o definia como um tirano, cruel e vingativo. Jamais sorria. Tinha a cara do que era.
Sem esperança, preocupada com o que podia acontecer comigo no dia que eu fosse entrar no exército – o treinamento era extremamente arriscado, acidentes e mortes ocorriam – pensava numa coisa só: em fugir do país.
Mas ela sempre falava bem de Lênin. Apesar de ter determinado o fim da propriedade privada, que atingiu diretamente meu avô, pequeno comerciante numa cidadezinha, e gerou conflitos sanguinários entre os que pretendiam ocupá-las e os que se recusavam a sair, ela descrevia o verdadeiro criador do comunismo, a partir das teorias econômicas de Marx, como um homem culto, bondoso e idealista, amado pelo povo, que o chamava de “paizinho”.
E que chorou amargamente a sua morte prematura.
Mal comparando, Lula é Lênin; Temer é Stalin.
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