Lula e as Fofas Amadas do Jair
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As recentes decisões do STF, que anularam as condenações contra Lula e sinalizaram a suspeição de Sérgio Moro, agitaram o mundo político e proporcionaram aos democratas e progressistas uma esperança de dias melhores. Com a devolução dos direitos políticos a Lula, o caldo da disputa para 2022 engrossou principalmente ao considerar a divulgação da última pesquisa IPEC que mostrou o ex-presidente como único candidato capaz de vencer Bolsonaro. O mercado reagiu, as bolsas caíram e os milicos de pijamas, saudosos de tempos autoritários e torturantes, se manifestaram para lembrar a sociedade quem são os verdadeiros inimigos da nossa democracia.
A nota publicada pelo Clube Militar, no último dia 8, trouxe o título que demonstra a senilidade dos seus idealizadores e o atraso histórico que atravessa suas visões paralisadas nas concepções de guerra fria, mundo bipolar e inimigo interno. A nota “Lugar de ladrão é na prisão!” afirmou que a decisão do ministro Fachin “anulou todas as condenações do maior político criminoso que esse país já conheceu”. No dia seguinte, o texto “Aproxima-se o tempo de ruptura” se refere a Lula como “uma criatura deplorável”, convoca o povo brasileiro para pressionar na mídia, nas instituições, organizações e nas ruas a “uma reviravolta nessa situação que é motivo de vergonha nacional”. Ao final, o texto afirma que em uma situação de “conflito entre os Poderes da República, as FA ficarão unidas ao lado da Nação”.
As nossas Forças Armadas já nos ofereceram inúmeras demonstrações de civismo e defesa dos interesses nacionais a partir dos serviços prestados por militares patriotas, comprometidos em servir ao Brasil e ao povo brasileiro. A abreviação FA, utilizada na nota, certamente se refere às “Fofas Amadas”. Trata-se de um grupo de militares aproveitadores que traem o Brasil em nome dos seus interesses pessoais. As Fofas Amadas são aquelas que se escandalizam com o desenvolvimento social e a distribuição de renda, ignoram a perseguição judicial praticada contra Lula, mas consideram normal o filho do presidente comprar uma mansão de seis milhões de reais com recursos não declarados e a primeira dama receber 89 mil reais em cheques depositados por um famigerado corrupto, amigo íntimo da família presidencial.
O discurso reacionário de combate à corrupção e à impunidade é utilizado para esconder a contrariedade de alguns militares em relação às decisões soberanas do povo, à democracia, à soberania nacional e ao desenvolvimento social. O veto que impõem a Lula é um veto de classe que não se importa com a promiscuidade entre integrantes das Forças Armadas e o poder político. Isso explica os milhares de militares, da ativa e da reserva, que ocupam cargos no atual governo, mantendo a “boquinha” que acumula salários e poder. São aqueles que entregam o patrimônio nacional e assistem impassíveis a destruição do país e o genocídio do nosso povo ao endossar a gestão de um presidente que não se importa com ninguém além de sua própria família. São as Fofas Amadas do Jair.
O melhor exemplo é o general do Exército Eduardo Pazuello, futuro boi de piranha dos crimes da pandemia. O atual ministro da saúde ocupa o cargo devido ao único talento de obedecer às loucuras de Bolsonaro e ignorar todas as indicações científicas e sanitárias para o controle e combate à pandemia. O “gordo favorito” do presidente é um dos mais fofos de todos ao endossar a cloroquina, ignorar a máscara e adiar vacinas. Os benefícios salariais são acompanhados de compensações previdenciárias que mantém os privilégios de uma casta que parasita o Estado brasileiro sem nada oferecer em troca além de mortes, desemprego, inflação, desvalorização da moeda, fuga de investimentos, desesperança, desagregação social e crise federativa.
A presença de militares sem expertise em funções do governo é e sempre foi sinônimo de desastre. Lugar de militares é no quartel onde sempre fizeram um ótimo trabalho. As ameaças feitas pelos milicos de pijamas, representantes das Fofas Amadas do Jair, não devem ser consideradas como o pensamento dos comandantes militares. Cessada a tragédia, caberá ao poder político, a partir do apoio popular com a conscientização das massas, formatar nossa Defesa de acordo com os interesses do povo e da soberania nacional, colocando fim à casta militar que insiste na tentativa de tutelar nossa democracia enquanto destrói o Brasil, mata brasileiros, desvirtua a República e envergonha as Forças Armadas.
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