Lula é alternativa para o Brasil
Sociólogo Emir Sader analisa a agenda que o ex-presidente Lula terá nesta semana em Brasília. "Lula não é uma alternativa para a esquerda, nem para forcas de centro e de direita. Lula é a alternativa para o Brasil, como país, como nação", afirma
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A viagem do Lula a Brasília é o reencontro do maior líder político brasileiro com a cidade desde que ele realizou o melhor governo que o Brasil já teve. Mas é também o reencontro do Lula com as forças políticas órfãs de condução política, pelo fracasso e o abandono de qualquer perspectiva de direção política por parte do governo atual. Lula se encontrará com lideranças de partidos de esquerda, de centro e de direita, com alguns dos quais ele governou e com outros desorientados, à busca de um horizonte para seus partidos.
Enquanto isso, cada vez mais formadores de opinião, alguns que já foram freneticamente antipetistas, como Reinaldo Azevedo e Felipe Neto, entre outros, outros mais moderados no passado, aderem ao Lula como única perspectiva de reconstrução do país, diante da catástrofe humanitária, econômica, social e política em que se encontra o Brasil.
Como alguns já disseram, não dá para comparar o que Lula representa para o país e o que pode representar o Bolsonaro. Este chegou para destruir o que havia sido construído e restava ainda de democracia, de Estado, de credibilidade política da presidência, de convivência minimamente harmoniosa entre os três poderes da república. Destruiu o que ainda restava de processo econômico, mediante posturas erráticas, entre privatização e dilapidação das agências estatais.
Em meio à pandemia e a mais de quatrocentos mil mortos, fica mais evidente que o governo atual não tem mais nada a dar ao país, qualquer que seja o ponto de vista de quem o olhe. Resta o apoio da lumpen burguesia, que se interessa apenas na liquidação das empresas estatais a preços baratos e os evangélicos fanáticos, a quem o discurso do Bolsonaro atende.
Quem olhe o Brasil do ponto dos seus interesses gerais, só pode se desesperar. Mesmo quem adere à perspectiva do retorno do Lula, não pode senão desesperar ao tentar imaginar o que será do Brasil em prováveis 20 meses mais do governo atual. Quantos milhares de mortos a mais? Quanto mais profunda ainda a depressão econômica? Quantos milhares de empregos mais perdidos? Quanto maior a degradação da imagem do Brasil no mundo? Quanto maior a desmontagem do Estado brasileiro? Quanto maior a deterioração da convivência política entre as diferentes forças políticas e seus distintos pontos de vista?
É nesse cenário que Lula aparece não como alternativa da esquerda, não como alternativa de um conjunto de forças políticas, mas como a única alternativa de reconstrução e de salvação do Brasil. Além de tudo o que o Lula já deu ao país, com seu governo profundamente virtuoso, ao governar para todos, privilegiando os que têm menos, projetando uma imagem de prestígio do Brasil no mundo, hoje o Lula representa a antítese do Bolsonaro.
Se Bolsonaro trata de desmontar o Estado brasileiro, Lula representa a possibilidade de recompor o Estado, recuperando sua legitimidade diante dos brasileiros, resgatando sua capacidade de nortear a direção da retomada do crescimento econômico, da geração de empregos, da recolocação em pratica das políticas sociais, que mais combateram o mais problema do Brasil – as desigualdades sociais.
Se Bolsonaro trata de afirmar um poder autoritário, que não buscar conviver com as forças que diferem do seu ponto de vista, nem partidos, nem o Congresso, nem o Judiciário, Lula mostrou como tem capacidade de reafirmar a convivência com todos os poderes da república, com o Congresso, com todos os partidos.
Se Bolsonaro tomar a mídia como sua inimiga frontal, Lula tem a capacidade de conviver democraticamente com a mídia, mesmo com aquela que sempre o tomou como adversário frontal. Lula sabe conviver com as diferenças, com a diversidade, com distintas forças e pontos de vista.
Lula chega a uma Brasília devastada politicamente por um governo que não governa, por um presidente que não conversa, por um sistema político capenga, que oscila entre resistir ao governo ou aderir sem projeto algum de país. Lula recuperou seus direitos políticos diante de um Brasil que pede, desesperadamente, para ser resgatado, para ser reorientado na perspectiva de voltar a ser uma nação, um país democrático, uma economia voltada para o crescimento e o atendimento das necessidades de todos.
Um país que pede encarecidamente a volta de criação de milhões de empregos com carteiras de trabalho assinadas. Que suplica pela recuperação da imagem – tão degradada pelo presidente atual – do Brasil no mundo, pela retomada das relações amistosas e de colaboração com os países vizinhos.
Um Brasil que pede para voltar a ter um Presidente da República digno desse nome, com a dignidade e o respeito que esse cargo implica.
Por tudo isso, Lula não é uma alternativa para a esquerda, nem para forcas de centro e de direita. Lula é a alternativa para o Brasil, como país, como nação.
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