Lula deve contar com os laços de confiança de Celso Amorim

"Celso Amorim é patrimônio e tem bagagem indispensável, no momento em que as relações exteriores foram destroçadas", escreve Denise Assis

Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022
Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)


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Por Denise Assis, para o 247

 Com trajetória de mais de 60 anos na carreira diplomática, autor de quatro livros, sendo o último “Laços de Confiança” (Editora Benvirá), uma espécie de balanço das suas atividades como chanceler, cargo que exerceu de primeiro de janeiro de 2003 a janeiro de 2011, depois de ocupar postos de importância ao longo de toda a carreira, Celso Amorim tem sido apontado como o futuro titular da pasta. Com Amorim o país ampliou as relações internacionais, rumando para a África, estreitando ainda mais o diálogo com os vizinhos da América do Sul e buscando parceiros com a América Latina em geral, sem abandonar os antigos parceiros, Como os EUA e a China, por exemplo.

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 A construção dos BRICS, para quem o governo que sai virou as costas, teve participação efetiva do chanceler, bem como a consolidação do Mercosul e outros organismos de destaque, como a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALAC). Praticou a política externa “ativa e altiva”, conforme costuma definir e colocou o Brasil no mapa de países de importância, sob a batuta de Luiz Inácio Lula da Silva, como sempre destaca.

 O que se sabe, é que Lula o quer por perto. Não prescinde da sua experiência como interlocutor com os principais líderes internacionais. Porém, até onde se comenta é que Amorim, disposto a dar todas as contribuições necessárias, prefere, como já andou declarando em suas entrevistas mais recentes, aos 80 anos - completados no início do mês de julho -, uma salinha com café quente ao lado do gabinete presidencial. Obviamente, uma forma elegante de escapar das especulações em torno do seu nome.

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 O cargo idealizado por Amorim (que costuma descrevê-lo em tom de blague) não existe formalmente, o de conselheiro oficial. O que nem de longe seria um problema para Lula, que já teve Marco Aurélio Garcia, o amigo MAG, numa função semelhante. Certamente o presidente eleito fará de tudo para tê-lo a alguns passos do corredor.  

 Amorim trilhou uma carreira de expressão, fez história. Aos amigos, costuma dizer que lidar com a máquina do Itamaraty “não é sopa”. Tem todo o aparato administrativo, e é função do chanceler colocar para funcionar.   

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 Tem dito revelado aos jornalistas que o interpelam, que não se vê mais cruzando os ares semanalmente rumo a países distantes, para resolver questões as mais variadas. Desde a entrada ilegal de brasileiros em outros territórios, como crimes cometidos no exterior, por compatriotas ou comandando operações como o envio de ajuda a países vítimas de catástrofes. São ações que mobilizam e exaurem. O país deve a Celso Amorim um lugar de destaque nessa equipe que está apenas na cabeça de Lula (embora Amorim costume repelir a ideia dessa dívida). O vínculo estabelecido entre ambos nos leva a crer que, sim, o ex-chanceler terá seu espaço. Não necessariamente cumprindo rotas sobre o Atlântico, vivendo “no sapato”, como nos governos anteriores, de Lula, quando era mais jovem. Celso Amorim é patrimônio e tem bagagem indispensável, no momento em que as relações exteriores foram destroçadas. Com certeza o veremos lá.

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