Lula aposta na Defesa Nacional para industrializar o País e gerar emprego

"Lula quer, rapidamente, dar passo à frente na relação com os militares, para engajá-los no seu projeto de retomada da economia", avalia César Fonseca

Presidente Lula se reúne com chefes das Forças Armadas
Presidente Lula se reúne com chefes das Forças Armadas (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


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Por César Fonseca 

No seu primeiro encontro com os comandantes das Forças Armadas, nesta sexta feira, o presidente demonstrou, pragmaticamente, que está com a cabeça no futuro, não no passado; como passado, ele já vê os acontecimentos recentes pós posse de seu terceiro mandato, extremados pela rebelião bolsonarista fascista que o tentou derrubá-lo oito dias depois de assumir o poder; não que ele minimize esse assunto crucial; porém, pretende priorizar seu tempo na superação do mesmo, porque não ultrapassá-lo, aprofundando-o em suas contradições, pode atrasar o que lhe interessa, sobretudo: retomada do desenvolvimento com justiça social o mais rápido possível, sem maiores delongas; ficará por conta do judiciário, como poder republicano, o trabalho da investigação e punição dos culpados pelo quebra-quebra nazifascista na Praça dos Três Poderes, assegurando-lhes amplo direito de defesa, conforme regras democráticas; as participações dos militares em dar guarida aos discípulos do ex-presidente fascista serão, portanto, investigadas e identificadas culpabilidades submetidas aos rigores da lei.

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UNIÃO CÍVICO-MILITAR 

Vista a rebelião desse ângulo, Lula quer, rapidamente, dar passo à frente na relação com os militares, para engajá-los no seu projeto de retomada da economia por meio da melhor distribuição da renda, canal por meio do qual dinamizará industrialização, hoje, sufocada pelo neoliberalismo bolsonarista; viria aí união cívico-militar?; por isso, convidou à participação na reunião o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo(FIESP), Josué Gomes, pois deseja aliança dos militares com empresários do setor industrial e representantes do Congresso, coordenados pelo poder executivo, objetivando modernização tecnológica do sistema de defesa nacional; trata-se de recuperar estratégia nacionalista que os governos petistas, entre 2003 e 2014, respectivamente, comandados por ele, Lula, e pela presidenta Dilma Rousseff, desenvolveram; esse trabalho, que esteve presente como norteador da discussão entre Lula e os militares, hoje, consta de três documentos fundamentais: 

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1 – Política Nacional de Defesa(PND); 

2 – Estratégia de Defesa Nacional(EDN) e; 

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3 – Livro Branco da Defesa Nacional(LBDN).

O primeiro documento foi aprovado em 2005, no Congresso Nacional, no governo Lula; o segundo, em 2009, no governo Dilma, também, pelo legislativo e o terceiro, em 2012, é, praticamente, uma edição anual permanentemente atualizada, desde então, resumindo as políticas de defesa e de estratégia; os três documentos, contendo linhas básicas permanentes, porém, flexíveis, adequadas às demandas decorrentes de circunstâncias ditadas pela realidade mutante, atendem políticas reclamadas pelos comandantes das três forças, em suas especificidades; o Exército reclama a atualização cibernética nas suas funções para dar ampla cobertura ao território nacional e fronteiras de um país continental; a Marinha, a modernização de suas instalações, especialmente, na sua demanda maior de possuir submarinos atômicos, para desenvolvimento da indústria nuclear e a Aeronáutica para cobertura do espaço aéreo com a compra dos caças modernos e sua manutenção com absorção de tecnologias.

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SINTONIA FINA  

A sintonia entre demandas das três forças, conforme o Livro Branco da Defesa Nacional(LBDN), sempre encontrou dificuldades para se materializar, ao longo da Nova República, porque o predomínio do modelo neoliberal, especialmente, na Era FHC, impediu elas de disporem de orçamentos seguros; predominou o argumento antinacionalista tucano neoliberal de que investir nas forças armadas era desnecessário, porque a defesa do território nacional deveria ficar por conta de Washington, conforme submissão à Doutrina Monroe de que a América é dos americanos; ainda nessa semana, esse cacoete vira-lata sobressaiu-se no editorial da revista Isto É, alinhada ao neoliberalismo de Paulo Guedes-Bolsonaro, em forma de pergunta: “Forças Armadas.. prá que?”

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Lula, ao contrário de FHC, que, ainda hoje, faz a cabeça da mídia corporativa conservadora antinacionalista, reativa à modernização tecnológica das FA, quer elas, suficientemente, fortes; para tanto, chamou os empresários industriais para execução dessa tarefa com apoio do Estado nacional; o presidente da FIESP, Josué Gomes, destaca-se nessa disposição modernizadora de Lula porque investe, atualmente, em tecnologia de ponta para o setor de defesa nas três armas; deverá, portanto, ser referência na Política Nacional de Defesa(PND) e na Estratégia de Defesa Nacional(EDN); não é à toa que o presidente eleito se adiantou em dizer que os investimentos necessários à modernização militar virão de verbas extraorçamentárias.

ATAQUE MIDIÁTICO À VISTA

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Ou seja, Lula vai ampliar furo do teto de gastos baixado pelos golpistas neoliberais de 2016 para trabalhar a renovação e fortalecimento das Forças Armadas; com isso, atrairá apoio militar para sua política econômica de conteúdo social, de modo a dinamizar a política econômica; certamente, a mídia corporativa, contrária a essa estratégia, vai botar a boca no trombone para dizer que se trata de mais uma frente de déficit público a ser aberta pelo PT e seus aliados na Frente Ampla; parte da esquerda, que tem cabeça binária, contrasta com o pensamento dialético nacionalista que Lula expõe, pois deduz que ele, em sua nova aproximação com os militares, pode incorrer em erro, visto que seria persona non grata aos quarteis; será, mesmo? 

Por sua vez, as intrigas da direita antinacionalista, aliada a Washington, logo, logo vai espalhar que ao modernizar a Marinha no desenvolvimento de submarinos atômicos, estará propenso a alavancar a energia nuclear, ferindo acordos internacionais que os governos neoliberais assinaram para renunciar à conquista da bomba atômica etc; não se deve, dessa forma, concluir que Lula aceitará manter eternamente na prisão o internacionalmente conhecido Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, físico, mecânico e engenheiro nuclear brasileiro, criador do submarino atômico nacional por pressão que teria vindo dos Estados Unidos etc. Que motivo maior justificaria a alavancagem que Lula quer dar à modernização das Forças Armadas, rompendo com o teto neoliberal de gastos, para investir na industrialização e modernização da defesa nacional, em nome da criação de empregos de alto valor agregado, senão libertando, por exemplo, o Almirante Othon? Haveria ou não repercussão internacional esse gesto de soberania nacionalista?

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