Lula: alternativas difíceis

Ser ministro o protegeria um pouco mais do ponto de vista jurídico, mas pode gerar um desgaste político maior do que qualquer proteção jurídica

São Paulo 04/04/2016- Ex-Presidente Lula, durante entrevista a imprensa na sede do PT Nacional. Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas
São Paulo 04/04/2016- Ex-Presidente Lula, durante entrevista a imprensa na sede do PT Nacional. Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas (Foto: Valter Pomar)


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Segundo Luís Nassif, Lula estaria cogitando ser ministro de Dilma.

Não faço ideia se a informação procede. Espero que não.

A única hipótese em que isto faria sentido seria no caso de Dilma ter decidido implementar a política econômica aprovada pelo Diretório Nacional do PT.

Mesmo assim, Lula seria muito mais útil como apoiador "externo" do que integrante do governo.

Caso Dilma insista na atual política econômica, fazer de Lula ministro não salvaria o governo do desgaste.

Mas desgastaria Lula, reduzindo seu potencial político e eleitoral. O que, por sua vez, acabaria por tabela enfraquecendo o governo.

Há quem pense que fazer de Lula ministro o protegeria dos templários de Moro.

Isto é uma verdade parcial.

A principal proteção de Lula é política, não jurídica.

Ser ministro o protegeria um pouco mais do ponto de vista jurídico, mas pode gerar um desgaste político maior do que qualquer proteção jurídica. Que, convenhamos, é cada vez menos garantida no "Estado de Direita" cuja capital é Curitiba.

É provavelmente verdade, por outro lado, que Lula ministro ajudaria o governo a conter o cada vez mais provável desembarque do PMDB e aliados do gênero.

É um argumento válido, especialmente para quem acha que o governo é mais importante que quase tudo, que a defesa do governo no limite vale o sacrifício do Partido e de Lula.

Mas se o governo não mudar de política, a presença de Lula e o apoio obsequioso do Partido e de outros setores "salvariam" o governo por quanto tempo?

No limite o caso todo resume-se nisto: se o governo não estiver disposto a mudar de rumo, não faz sentido embarcar nesta viagem.

Sei que o assunto tem outras dimensões, algumas que talvez eu desconheça e outras que eu provavelmente não saberia analisar adequadamente num texto como este.

Por exemplo como funcionaria no presidencialismo um governo com Lula ministro? Qual seria a leitura desta decisão, por parte dos setores populares? Setores que hoje percebem que Lula não deve e não teme, sendo vítima de uma perseguição injusta.

Sei, também, que as alternativas postas são todas difíceis. Mas não vejo por quais motivos tornar a coisa ainda mais confusa é difícil do que já está. E muito menos concordo em colocar todos os ovos numa única cesta.

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