Lugar de gângster é na cadeia
Os irmãos metralha Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que se agrupam na investidora 3G, ao que tudo indica, vão dar com os burros n’água
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Não faz muitos dias o ex-senador Roberto Requião adjetivou de forma precisa o trio liderado por Lemann que deu o golpe bilionário nas Lojas Americanas: gângsteres! Nada mais correto. Não podem ser chamados de uma quadrilha pois são apenas três; assim são três gângsteres semelhantes a personagens semelhantes: os irmãos metralha. Embota tidos como “heróis” pela grande imprensa econômica, os três que estão entre os homens mais ricos do pais, são o exemplo da selvageria do capitalismo brasileiro que não busca produção, mas apenas marretagem.
A fraude contábil foi um golpe de mestre: de início falou-se em 20 bilhões, depois eles mesmos revelaram o rombo ultrapassa 40 bilhões de reais! A fraude consistia em maquiar os balanços criando lucros artificiais e assim multiplicar os dividendos que embolsavam. Pensaram – e ainda pensam – que tudo vai ficar por isso mesmo: pedem a recuperação judicial da empresa e propõem pagar 10% da dívida (gastam talvez mais uns 10% no proprinoduto), e embolsam 80%! Afinal gastar meio bilhãozinho com propinas e advogados é simples para eles, costume antigo. Mas se esqueceram de dois componentes: primeiro que é briga de cachorro grande, gângster contra banqueiros, não é fácil; depois tem aqueles que sempre se mantiveram calados: os trabalhadores. As centrais sindicais ajuizaram ações pedindo o bloqueio nas contas pessoais dos irmãos metralha de mais de 1,5 bilhões de reais para garantia dos direitos trabalhistas.
Pessoalmente nunca gostei das Americanas, sempre desaconselhei comprar nelas, especialmente depois que Lemann e sua trupe adquiriu a grande loja. E ele fez uma revelação muito clara e perigosa: a montagem da Fundação Lemann com o objetivo de formar líderes e influenciar a educação. Assim, preparar a ideologia e financiar os estudos e carreiras das futuras lideranças. O exemplo que logo vem à mente é a deputada “muda partido” Tábata do Amaral, aquela que, se Nelson Rodrigues inda estivesse vivo, incluiria na categoria “bonitinha mas ordinária”. Basta ver seus votos na Câmara, inclusive contra a aposentadoria dos trabalhadores, a favor da reforma do golpista Temer. Votou com Lula, é verdade, mas que valor teria se fosse apenas mais uma da extrema direita? Os exemplos estão aí. Já na centro-esquerda – como o PDT, o PSB e similares – constrói um futuro, fácil de enganar muita gente, ascender... Essa estratégia de Lemann é similar à que sempre adotou os EUA, CIA à frente, de preparar falsos líderes para futura ascensão nos países dominados, que o diga a história de nossa América Latina.
Mas desta vez os irmãos metralha Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que se agrupam na investidora 3G, ao que tudo indica, vão dar com os burros n’água. É bem verdade que estão muito ricos, Lemann tido como o mais rico do Brasil, com uma fortunazinha maior que 15 bilhões... de dólares. Mas quando os credores pediram que eles enfiassem as mãos nos bolsos e capitalizassem a loja arrombada, reagiram rápido dizendo-se também surpreendidos com os “erros” contábeis e foram pra cima com ações na justiça. Bancos e trabalhadores reagiram, como se sabe, e o cerco se aperta: ameaças até de prisão já começam a ser feitas, inclusive nos Estados Unidos, e a justiça brasileira concedeu busca e apreensão contra executivos das Americanas onde muita coisa está sendo encontrada. O pedido é que os trio metralha pague o rombo fiscal (ou roubo?). Afinal os metralhas não podem deixar de usufruir suas vidas luxuosas, não vão entregar seus iates, helicópteros, aviões, mansões.
A polícia e a justiça no Brasil sempre foi muito severa com os pobres. O ladrão de galinha para mitigar a fome logo recebe um pescoção e pelo menos uns dias de cadeia, quando não uma condenação maior. O ricaço, antigamente “coronel” agora “doutor”, tem direito até a prisão especial se por um raro acaso for condenado. Mas sempre responde tudo em liberdade e com bons advogados conseguem postergar eternamente os feitos jurídicos e quase sempre sair numa boa. Mas as coisas estão mudando, embora ainda existam juízes que tudo fazem por uma boa propina.
A carreira de falcatruas do grupo é tal que não se pejam em esconder. Um deles, o Telles, escreveu um livro onde ensina as empresas a capitalizarem. Uma das lições é atrasar os pagamentos aos fornecedores, eles vão se acostumando, passam às vezes mais de ano para receber e os balanços da empresa devedora está sempre positivo. Foi a lição que adotaram no caso das Americanas.
Mas agora, como já acentuei, a briga é de cachorro grande: Bradesco, Santander, BTG Pactual, cada um com crédito na casa do bilhão ou mais. Coisa simples para Lemann e cia tirar de seus bolsos. Mas eles encomendaram paletós com bolsos sem fundos. Para guardar milhões e bilhões, sem retorno. Não querem pagar, será que conseguirão? Vai ser difícil os gângsteres resistirem à justiça do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa.
Mas há um problema muito mais grave que o roubo nas Americanas: os irmãos metralha, com Lemann à frente, sãos os maiores controladores da Eletrobrás, privatizada através de um sistema diferente ‘pelo desgoverno Bolsonaro, que “pulveriza” o controle. Há suspeita de muitas maracutaias na dita privatização. E agora já se começa a sentir os “efeitos Americanas” na grande distribuidora de energia elétrica nacional. Uma sua possível “falência”, que significará para a economia e a sociedade brasileira? Muitas vozes já se levantam: é preciso que o governo Lula anule a privatização, sob pena da segurança nacional estar comprometido pelo domínio dos gângsteres:
"Os donos das Americanas são conhecidos por sugar empresas e jogar a casca fora. Adotam métodos temerários de gestão. E o método Americanas já chegou na Eletrobrás" ... "A Eletrobrás não pode ficar nas mãos dos predadores das Americanas", afirmou o professor Gilberto Bercovici, da USP, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247. A privatização da Eletrobrás deve ser anulada, defende.
Por certo vamos assistir durante meses ou anos, o desenrolar dos processos, recursos, liminares, voltas atrás, enfim, dos múltiplos processos na justiça brasileira e internacional. Mas cabe a pergunta: quem rouba bilhões não merece mais cadeia que o ladrão de galinha? O novo general comandante do exército disse há poucos dias referindo-se às investigações que alcançam militares golpistas, que a lei é para todos, independentemente de ser civil ou militar. No caso, não vale também para os gângsteres bilionários?
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