Lugar de gângster é na cadeia

Os irmãos metralha Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que se agrupam na investidora 3G, ao que tudo indica, vão dar com os burros n’água

Da esq.: para a dir.: Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles
Da esq.: para a dir.: Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles (Foto: Divulgação | Reuters)


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Não faz muitos dias o ex-senador Roberto Requião adjetivou de forma precisa o trio liderado por Lemann que deu o golpe bilionário nas Lojas Americanas: gângsteres! Nada mais correto. Não podem ser chamados de uma quadrilha pois são apenas três; assim são três gângsteres semelhantes a personagens semelhantes: os irmãos metralha. Embota tidos como “heróis” pela grande imprensa econômica, os três que estão entre os homens mais ricos do pais, são o exemplo da selvageria do capitalismo brasileiro que não busca produção, mas apenas marretagem.

A fraude contábil foi um golpe de mestre: de início falou-se em 20 bilhões, depois eles mesmos revelaram o rombo ultrapassa 40 bilhões de reais! A fraude consistia em maquiar os balanços criando lucros artificiais e assim multiplicar os dividendos que embolsavam. Pensaram – e ainda pensam – que tudo vai ficar por isso mesmo: pedem a recuperação judicial da empresa e propõem pagar 10% da dívida (gastam talvez mais uns 10% no proprinoduto), e embolsam 80%! Afinal gastar meio bilhãozinho com propinas e advogados é simples para eles, costume antigo. Mas se esqueceram de dois componentes: primeiro que é briga de cachorro grande, gângster contra banqueiros, não é fácil; depois tem aqueles que sempre se mantiveram calados: os trabalhadores. As centrais sindicais ajuizaram ações pedindo o bloqueio nas contas pessoais dos irmãos metralha de mais de 1,5 bilhões de reais para garantia dos direitos trabalhistas. 

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Pessoalmente nunca gostei das Americanas, sempre desaconselhei comprar nelas, especialmente depois que Lemann e sua trupe adquiriu a grande loja. E ele fez uma revelação muito clara e perigosa: a montagem da Fundação Lemann com o objetivo de formar líderes e influenciar a educação. Assim, preparar a ideologia e financiar os estudos e carreiras das futuras lideranças. O exemplo que logo vem à mente é a deputada “muda partido” Tábata do Amaral, aquela que, se Nelson Rodrigues inda estivesse vivo, incluiria na categoria “bonitinha mas ordinária”. Basta ver seus votos na Câmara, inclusive contra a aposentadoria dos trabalhadores, a favor da reforma do golpista Temer. Votou com Lula, é verdade, mas que valor teria se fosse apenas mais uma da extrema direita? Os exemplos estão aí. Já na centro-esquerda – como o PDT, o PSB e similares – constrói um futuro, fácil de enganar muita gente, ascender... Essa estratégia de Lemann é similar à que sempre adotou os EUA, CIA à frente, de preparar falsos líderes para futura ascensão nos países dominados, que o diga a história de nossa América Latina.

Mas desta vez os irmãos metralha Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que se agrupam na investidora 3G, ao que tudo indica, vão dar com os burros n’água. É bem verdade que estão muito ricos, Lemann tido como o mais rico do Brasil, com uma fortunazinha maior que 15 bilhões... de dólares. Mas quando os credores pediram que eles enfiassem as mãos nos bolsos e capitalizassem a loja arrombada, reagiram rápido dizendo-se também surpreendidos com os “erros” contábeis e foram pra cima com ações na justiça. Bancos e trabalhadores reagiram, como se sabe, e o cerco se aperta: ameaças até de prisão já começam a ser feitas, inclusive nos Estados Unidos, e a justiça brasileira concedeu busca e apreensão contra executivos das Americanas onde muita coisa está sendo encontrada. O pedido é que os trio metralha pague o rombo fiscal (ou roubo?). Afinal os metralhas não podem deixar de usufruir suas vidas luxuosas, não vão entregar seus iates, helicópteros, aviões, mansões.

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A polícia e a justiça no Brasil sempre foi muito severa com os pobres. O ladrão de galinha para mitigar a fome logo recebe um pescoção e pelo menos uns dias de cadeia, quando não uma condenação maior. O ricaço, antigamente “coronel” agora “doutor”, tem direito até a prisão especial se por um raro acaso for condenado. Mas sempre responde tudo em liberdade e com bons advogados conseguem postergar eternamente os feitos jurídicos e quase sempre sair numa boa. Mas as coisas estão mudando, embora ainda existam juízes que tudo fazem por uma boa propina.

 A carreira de falcatruas do grupo é tal que não se pejam em esconder. Um deles, o Telles, escreveu um livro onde ensina as empresas a capitalizarem. Uma das lições é atrasar os pagamentos aos fornecedores, eles vão se acostumando, passam às vezes mais de ano para receber e os balanços da empresa devedora está sempre positivo. Foi a lição que adotaram no caso das Americanas.

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Mas agora, como já acentuei, a briga é de cachorro grande: Bradesco, Santander, BTG Pactual, cada um com crédito na casa do bilhão ou mais. Coisa simples para Lemann e cia tirar de seus bolsos. Mas eles encomendaram paletós com bolsos sem fundos. Para guardar milhões e bilhões, sem retorno. Não querem pagar, será que conseguirão? Vai ser difícil os gângsteres resistirem à justiça do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa.

Mas há um problema muito mais grave que o roubo nas Americanas: os irmãos metralha, com Lemann à frente, sãos os maiores controladores da Eletrobrás, privatizada através de um sistema diferente ‘pelo desgoverno Bolsonaro, que “pulveriza” o controle. Há suspeita de muitas maracutaias na dita privatização. E agora já se começa a sentir os “efeitos Americanas” na grande distribuidora de energia elétrica nacional. Uma sua possível “falência”, que significará para a economia e a sociedade brasileira? Muitas vozes já se levantam: é preciso que o governo Lula anule a privatização, sob pena da segurança nacional estar comprometido pelo domínio dos gângsteres:

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"Os donos das Americanas são conhecidos por sugar empresas e jogar a casca fora. Adotam métodos temerários de gestão. E o método Americanas já chegou na Eletrobrás" ... "A Eletrobrás não pode ficar nas mãos dos predadores das Americanas", afirmou o professor Gilberto Bercovici, da USP, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247. A privatização da Eletrobrás deve ser anulada, defende.

Por certo vamos assistir durante meses ou anos, o desenrolar dos processos, recursos, liminares, voltas atrás, enfim, dos múltiplos processos na justiça brasileira e internacional. Mas cabe a pergunta: quem rouba bilhões não merece mais cadeia que o ladrão de galinha? O novo general comandante do exército disse há poucos dias referindo-se às investigações que alcançam militares golpistas, que a lei é para todos, independentemente de ser civil ou militar. No caso, não vale também para os gângsteres bilionários? 

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