Lugar da fé é no coração, não na boca
"Já passou do limite e da hora de esse tipo de ação criminosa ser punida. Mas como criar leis civilizatórias em um Congresso tomado por exploradores da fé, no qual a maior bancada temática é a Bancada da Bíblia, seguida pelas da Bala e do Boi?", escreve Eduardo Guimarães
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Hoje o Supremo deve concluir o julgamento da liminar concedida pelo capacho patético que Bolsonaro colocou no STF e que faculta a igrejas desesperadas com a queda dos dízimos por falta de cultos decidirem se voltarão a passar crédito e débito ou não.
A decisão dessas entidades não é difícil de adivinhar. O Brasil se arrisca, assim, a ser o único país importante a permitir que templos de oração se transformem em matadouros de pessoas hipnotizadas por picaretas ávidos por enriquecer com a burrice alheia.
Com efeito, inúmeros estudos revelam que a associação entre religião, pobreza e desigualdade é íntima. Pesquisa intitulada “Americans are far more religious than adults in other wealthy nations”, do Instituto PEW (31/07/2018), confirma tal premissa.
Entre dezenas de outras iguaizinhas.
Os efeitos deletérios da mistura entre política e religião se fazem sentir no país desde o descobrimento. No começo, era a igreja católica que construía uma nação superpovoada por obrigar famílias e mulheres sozinhas a terem filhos que não poderiam criar.
O argumento de muitos para sustentar essa loucura era o de que as pessoas podem optar por não fazer sexo ou fazer sexo com camisinha ou anticoncepcionais, o que a igreja católica pregava que seus fiéis NÃO deviam fazer, pois o sexo seria admissível somente para procriação. Assim, construímos uma superpopulação que não podemos atender
Mas quando chegamos ao ponto de a exploração da fé pelos tais "pastores" em um nível absolutamente criminoso, movendo céus e terras para levarem incautos a passarem seus cartões bancários nas maquininhas infames da exploração religiosa, algo precisa ser feito.
As vítimas dessa loucura não serão apenas os tais "cristãos", mas todos com os quais eles tiverem contato ao saírem das igrejas contaminados.
Enquanto isso, o ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União de Bolsonaro, André Mendonça, diz que o suicídio dos fiéis será um ato de "fé". Ao mesmo tempo, o procurador-geral da República endossa aglomerações em igrejas dizendo que Deus pode, por exemplo, fazer um milagre.
Já passou do limite e da hora de esse tipo de ação criminosa ser punida. Mas como criar leis civilizatórias em um Congresso tomado por exploradores da fé, no qual a maior bancada temática é a Bancada da Bíblia, seguida pelas da Bala e do Boi?
Cabe aos líderes religiosos sérios ensinarem aos seus "rebanhos" que o lugar da fé não é na boca e, sim, no coração. Qualquer um pode se dizer "cristão" ou "patriota"; poucos podem não ficar só no dizer e agirem como tais. Infelizmente
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