Lobão na tenda da cafunagem
Sorria, fagueiro, ao lado de Cunhas e Bolsonaros, morreu abraçado a uma miríade de retardados online e à Mari(nh)onetes como Constantino, Frota, Fábio Júnior e o Cachorrão do UFC, Wanderlei Silva
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voltei ao Brasil depois de um giro internacional. por três longos meses estive nas principais praças do mundo divulgando a minha doutrina, o cafunismo.
a arte da cafunagem tem uma única finalidade, livrar a humanidade do mal do século, a midiotia.
tudo começou quando abandonei um casamento estável e deixei de lado uma vida prazerosa na agradável e fresca cidadezinha de Limoges, na França.
perambulei sozinho pelo mundo, como um lobo da estepe.
misantropo por vocação e asceta por devoção, subi 7 vezes o Himalaia com um fardo de feno nas costas.
às primeiras claridades da aurora e antes de cada crepúsculo, eu soprava meu shofar de chifre de carneiro que encontrei numa gruta em Israel.
me faziam companhia somente seis livros do Hermann Hesse e o exemplar d’Os Devaneios do Caminhante Solitário, de Rousseau.
por mais de um ano, me alimentei somente de chás de ervas mijadas de orvalho, esquálidos gafanhotos e mel silvestre.
batizei-me na chuva e lambi os oito sovacos de Shiva, sentei no colo de Buda, abracei a cruz do Cristo, banqueteei-me com ninfas ninfos, bebi vinho ao som de harpas e alaúdes com dionisíacos sátiros e toquei atabaques com orixás.
e enfim, pronto, fundei a Grande Ordem da Cafunagem e dei a mim mesmo o título de Mestre Cafuna.
criei o meu próprio método terapêutico: 25 minutos de cafuné na cabeça do midiota, recurso comprovadamente mais relaxante que a massagem ayurvédica, a quiropraxia, o reiki ou o tantra.
em seguida, faço uma libação de chás de ervas com o midiota, o infeliz me expõe sua aflição e eu o curo usando palavras sapienciais.
nas estranjas era comum receber a visita de artistas pop.
desde que os Beatles visitaram o Maharishi Maheshi, astros do mainstream, cheios de dólares, de futilidades, de drogas e de sexo, peregrinam para o oriente à procura de gurus, em busca da alma perdida.
são vítimas do capitalismo, reféns de suas próprias vaidades e instrumentos da midiotia, marionetes da indústria cultural.
teimosos e obcecados, muitas vezes tive que usar o látego, aplicando 50 chineladas na bunda destes monstrinhos, fracassados pelo sucesso.
todos se curaram.
ao chegar ao Brasil, montei minha tenda no vão do Masp, detectei naquela região uma zona nevrálgica com uma pandêmica concentração de midiotas.
este é o lugar.
a tenda, um pálio feito de tecidos diáfanos tecidos com o fino algodão peruano, mede 5mx4m. dentro há um catre de pontiagudos pregos, sob o qual me deito sempre que estou sem pacientes.
há também um divã de bambu e uma mesinha de madeira com um samovar para infusões de ervas, que eu trouxe da Letônia; duas xícaras e uma urna para depositarem as espórtulas.
deitado sobre pontiagudas hastes, nu da cintura pra cima e magro como um faquir, senti um vulto adentrar a tenda.
ergui-me serenamente. tratava-se de um homem maduro, com uma longa barba encanecida e uma expressão perturbada.
tinha o fenótipo desses gurus de araque.
bom dia, Mestre Cafuna, é uma honra poder estar ao lado de tão eminente figura. sei que o senhor esteve até em Roma e foi recebido pelo Papa. adianto que sou ateu, mas tenho fé.
sem uma única palavra, coloquei a mão sobre sua cabeça e o fiz deitar no divã. iniciei a cafunice ronronando um mantra angorá.
não havia dúvidas, tratava-se de Lobão, o nosso relinchante Mique Jegue.
após 25 minutos, relaxado, tomamos o chá e meneei a cabeça permitindo que ele falasse.
Mestre Cafuna, ele disse, sinto vergonha de mim mesmo.
construí minha carreira artística passando a perna nos amigos. sentindo-me o rei da cocada, tentei passar a perna na indústria, numerar CDs, acabar com o jabá nas rádios e livrar os artistas da escravidão dos contratos.
levei um pé na bunda.
disseram-me que fui um ingrato, que cuspi no prato que comi.
por minha ingratidão, lançaram-me ao ostracismo.
eu quis voltar, arrependido, mas para isso teria que comer no prato que cuspi.
para voltar aos holofotes, tornei-me uma Mari(nh)onete, virei um arroz de festa, joguete nas mãos dos plutocratas, defendendo ideias liberais que mal conheço e satanizando de forma delirante o Foro de São Paulo, o Chapeuzinho Vermelho, o bolivarianismo, o comunismo e o lulopetismo...
disse isso e calou-se, engasgado.
pobre Lobão.
peguei em suas mãos, estávamos sentados em lótus de frente pro outro, olhei no fundo dos seus olhos, inspirei e bafejei em sua cara.
pequeno gafanhoto, eu disse, sairás daqui curado.
tiveste seus 15 minutos de infâmia.
você lançou um livro que ninguém leu e, farejando os holofotes midiáticos, como um cão que procura ossos, partiu pra cima do Mano Brown, acusando-o de braço armado do lulopetismo.
um delírio.
droga nenhuma provoca isso, essa é a expressão mais genuína do seu caráter.
Só que você mexeu com o cara errado.
para ser humano, Lobisomem, basta ter nascido de mulher; mas para ser um Mano, o cabra tem que ter figurinha pra trocar.
e você é um verme.
você também agrediu, de forma gratuita, Chico e Caetano.
xingou a Dilma reiteradas vezes, de terrorista e o diabo a quatro, tudo isso para fazer os plutocratas darem gargalhadas no sofá de casa.
sua entrevista no Roda Viva deixou claro que você é um mitomaníaco, semialfabetizado, com uma enorme dificuldade de interpretar os livros que disse que leu; um papagaiador de lugares-comuns, em suma.
suas piadas perderam a graça. os plutos ficaram putos e de saco cheio de sua imagem ranzinza, rabugenta e egóica; por isso, você voltou ao ostracismo.
demorou a perceber que escolheu o lado errado da história. o Papa é de esquerda e você é um roqueiro de direita.
você se converteu numa abominação cognitiva, uma aberração conceitual.
sorria, fagueiro, ao lado de Cunhas e Bolsonaros, morreu abraçado a uma miríade de retardados online e à Mari(nh)onetes como Constantino, Frota, Fábio Júnior e o Cachorrão do UFC, Wanderlei Silva.
você virou um pato da FIESP.
mas, enfim, Lobisomem, você se cansou dos seus ataques de licantropia e quer se redimir, o que é muito digno de sua parte.
já pediu desculpas ao Mano Brown, a Chico e a Caetano.
tudo isso de forma frouxa e dissimulada. fulanizando sua vergonha na mídia grande.
por que não foi lá na porta da casa dos caras e disse, amigo, dá cá um abraço, esbofeteia-me, cuspa em meu rosto, eu me arrependo...
seu covarde, seu cagão de merda.
só há um perdão que você pode conceder a si mesmo e passar o resto dos seus dias em paz, de pijama em casa, comendo pipoca e assistindo o The Noite: peça desculpas ao Brasil, publicamente, nunca mais ligue a TV na Globo, cancele a assinatura da revistaveja e retire-se.
ele deitou sobre meu colo, arriou as calças, eu peguei uma sandália havaiana molhada e lhe apliquei as profiláticas 50 chineladas, 25 em cada nádega.
a cada lapada ele soltava um uivo lancinante.
diga que você não é mais um midiota, eu ordenava.
eu não sou mais um midiota, ele obedecia uivando.
repetimos isso 50 vezes.
palavras sapienciais.
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