Livrai-nos do mal
A escalada de atentados reivindicados pelo movimento denominado Estado Islâmico na França é apenas a ponta do iceberg que emerge das profundezas das águas turvas que se espraiam pelo mundo

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A escalada de atentados reivindicados pelo movimento denominado Estado Islâmico (EI) na França é apenas a ponta do iceberg que emerge das profundezas das águas turvas que se espraiam pelo mundo.
O Estado Islâmico não está só. Outras organizações religiosas se proliferam no mundo, com o mesmo ranço de intolerância, ocupando o espaço deixado pelas deficiências da educação, dos partidos politicos e de outras organizações sociais da sociedade em crise.
As balas que cortaram os corpos dos franceses, em nome de Deus, são a expressão do atraso organizado, de sociedades que ainda vivem regidas por códigos religiosos e empresariais, de Estados teocráticos.
Religião e guerra, mãe e filha, são heranças tribais que ainda persistem e mantém o mundo refém do medo, da opressão e da dominação.
Os ataques na França são contra o Estado laico, os valores laicos, a educação laica.
São movidos pelo fundamentalismo, filho da verdade absoluta, besta do apocalipse que vive nas trevas sob as brumas do conservadorismo.
Mas não é só isso. A França está metida na guerra da Síria, do Iraque e de outros países, onde as bombas derramadas sobre o povo sírio, sobre mulheres, crianças e idosos, já mataram mais de 210 mil pessoas.
Mas, por que diabos as bombas e balas que cortam os corpos das populações da Síria, do Iraque, da Líbia, da Palestina e de outros países da região não comovem o mundo?
Seria porque o mundo estaria anestesiado pelo noticiário editado pelas agências de notícias ocidentais, que demonizam os alvos antes dos ataques para justificar as intervenções militares?
Essa pergunta ferve o mar das controvérsias.
A França não é santa. Já foi o país da gilhotina e das fogueiras da inquisição. Cabeças rolaram, hereges, queimados vivos em praça pública.
As primeiras execuções da inquisição, que se espalharam em seguida pela Europa, surgiram no sul da França, em 1184.
Joana D’Arc, padroeira da França, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de sua morte, era uma camponesa analfabeta, chefe militar, mártir e heroína de seu povo.
Foi queimada viva em 1431, em praça pública, por autoridades eclesiásticas e civis, na inquisição, por ter se insurgido contra a igreja católica.
Se formos escarafunchar a história da França e de outros países colonizadores, para trazer à tona as barbaridades praticadas, em nome de Deus, contra os povos colonizados, vamos perceber que a ponta do iceberg, que abalou Paris, na sexta-feira 13, emergiu de um mar de sangue.
Mas nada disso, absolutamente nada disso, justifica os atentados do Estado Islâmico contra pessoas inocentes. É inadmissível e merece nosso repúdio.
É justo que se faça ressalvas a povos muçulmanos que não se alinham com o EI e que não concordam com as ações terroristas.
Apesar do passado sangrento, a França superou o atraso, tornou-se uma das mais belas e importantes nações do mundo.
Além da enorme contribuição para a civilização da humanidade, a França é mãe da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Um país aberto aos demais povos por princípio constitucional, que acolhe todas as etnias, todas as culturas e religiões. E devia ser respeitado por isso.
A República Francesa é definida como indivisível, laica, democrática e social pela sua constituição.
Porém, a França sempre esteve metida em guerras por interesses econômicos, políticos e estratégicos, aliada a países como os Estados Unidos, que ainda vivem com a mão no coldre, estendendo seus tentáculos, suas empresas transnacionais, no domínio dos mercados, no caso, do petróleo. Por isso, também, sofre as consequências.
O EI é filho da CIA, assim como Saddan Houssein, Bin Laden e outros, aliados dos Estados Unidos na divisão do poder interno nos países de origem, para viabilizar interesses geopolíticos do ocidente.
Guerras são negócios. Movem cadeias produtivas gigantescas. Empresas se organizam, se associam, para participar da destruição e da reconstrução de países.
Hoje, as regiões de países de orientação mulçulmana são palco de guerras permanetes.
Sob o pretexto de combater o extremismo religioso, países aliados dominam as maiores jazidas de petróleo do planeta.
Deuses e diabos se entendem quando o assunto é guerra.
O Deus de Deus e do Diabo é o capital. E o mundo, nessa cena infernal, além de vítima é expectador da tragédia humana.
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