Lira é mais uma vítima da “maldição de Bolsonaro”
"Apoiado por Bolsonaro para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira vendeu a ideia de que tinha maioria para se eleger, com os votos do centrão", avalia o jornalista Alex Solnik. "O anel, que era de vidro, se quebrou ontem, quando o PT confirmou apoio de seus 52 deputados a Baleia Rossi, colocando-o em vantagem na disputa", diz Solnik
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
No dia 23 de janeiro de 2019, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro tuitou, em inglês:
“Brazil recognizes Mr. Juan Guaidó as President in charge of Venezuela”.
Por que escreveu em inglês, se a sua língua é o português e a de “Mr. Juan Guaidó”, o castelhano?
Talvez para Trump ler a mensagem.
Nos meses seguintes, o tal “presidente encarregado” (?) foi caindo ladeira abaixo em razão de sucessivos fracassos, como a tentativa de invadir seu próprio país por um “comboio humanitário”.
Era, então, presidente do Congresso Nacional.
Hoje não é nada.
Em março de 2019, em visita aos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou:
“Acredito na eleição de Trump. O povo americano que o elegeu vai repetir o voto”.
No dia 3 de novembro de 2020, as urnas apontaram Biden 306 contra 232 de Trump.
No dia 6 de junho de 2019, Bolsonaro declarou apoio a Macri nas eleições argentinas e disse:
“Só queremos que aquela velha esquerda não volte ao poder”.
Seria melhor ter ficado quieto. Quatro meses depois, “aquela velha esquerda”, representada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner derrotou Macri no primeiro turno, por 48% a 40,5%.
No dia 1o. de janeiro de 2019, o presidente do Brasil disse ao “Estadão” que preferia Lacalle Pou no segundo turno da eleição presidencial do Uruguai.
No mesmo dia, Pou rejeitou o apoio:
“Se eu fosse presidente da República e houvesse eleições no Brasil, a última coisa que eu faria seria dizer quem eu prefiro que ganhe”.
No dia 24 de novembro de 2019, Pou derrotou Daniel Martinez por 48,7% a 47,5%.
Nas recentes eleições municipais, Bolsonaro abraçou-se e dançou com Crivella, no Rio e apostou as fichas em Russomanno, em São Paulo.
Russomanno, que antes do apoio presidencial pontuava nas pesquisas, nem chegou ao segundo turno; Crivella, além de perder no segundo turno, foi preso e hoje usa tornozeleira eletrônica.
Apoiado por Bolsonaro para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira vendeu a ideia de que tinha maioria para se eleger, com os votos do centrão, que lidera e, em contrapartida, já negociava reluzentes ministérios.
O anel, que era de vidro, se quebrou ontem, quando o PT confirmou apoio de seus 52 deputados a Baleia Rossi, colocando-o em vantagem na disputa.
Percebendo que Lira tinha blefado, e que periga Baleia ganhar, o governo não quer mais entregar ministérios antes da eleição, a 1o de fevereiro, o que vai irritar a Lira e a seus aliados e piorar ainda mais a situação.
Como se vê, Lira é mais uma vítima da “maldição de Bolsonaro”.
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