Líderes de papel

A direita terraplanista, criacionista, ultraliberal, conservadora e autoritária viceja e nesse contexto me pergunto: onde estão os líderes da esquerda democrática capazes de unificar os partidos desse campo e manter relações necessárias com o centro e a direita democráticas?

(Foto: Roberto Parizotti/ CUT)


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A direita terraplanista, criacionista, ultraliberal, conservadora e autoritária viceja e nesse contexto me pergunto: onde estão os líderes da esquerda democrática capazes de unificar os partidos desse campo e manter relações necessárias com o centro e a direita democráticas? 

Alguns - mergulhados no institucionalismo, no hegemonismo, nas certezas e convicções e, reféns da burocracia partidária -, parecem lobotomizados, apresentam-se como vistosos vegetais ou simplesmente dóceis, passivos, fáceis de controlar morrem de medo da mediocridade toxica que brotou a partir de 2013, outros “pragmáticos” líderes de Facebook, Instagram e twitter, buscam desesperadamente uma cadeira de couro.Há exceções? Claro que há, Zé Dirceu e João Pedro Stédile mantém a minha esperança. Mas a maioria dos “lideres” “de esquerda” são reféns dos seus projetos pessoais, de grupo, de compromissos subterrâneos; reféns definitivos de uma burocracia podre e nojenta que não difere em nada dos burocratas de direita, pelo fato de estar sempre pronta a cerrar os olhos perante os mais grosseiros erros dos seus chefes em política geral se, em contrapartida, estes lhe forem absolutamente fiéis na defesa dos seus privilégios, tenho profundo desprezo por esses líderes de papel.Há exemplos da degeneração provocada pela burocracia amoral que se apropria dos partidos de esquerda. Lênin se mostrou profundamente incomodado com esse fato, tanto que num congresso dos sovietes em dezembro de 1921 ele, argumentando contra os que se intitulavam, com demasiada insistência, “representantes do proletariado” disse: Desculpem-me, mas o que consideram proletariado? A classe trabalhadora empregada na indústria em grande escala. Mas onde está a indústria em grande escala (de vocês)? Que tipo de proletariado é esse? Onde está a indústria? Por que ele está ocioso? (Sochibenya, vol. XXXIII, p. 148, citado por Isaac Deustscher no livro TROTSKY, O PROFETA DESARMADO, ed. Civilização brasileira, p.39). Ou seja, há “lideres” “de esquerda” que não representam nada além de seus próprios projetos.Esses líderes de papel e sua burocracia degenerada não tem conexão com a população e com a realidade, estão muito preocupados com as próximas eleições, com suas cadeiras de couro. Recentemente apenas Zé Dirceu enfrentou a realidade que temos a vencer quando afirmou que o governo de Bolsonaro teria “... base popular e tempo pela frente” e que “Bolsonaro avançou sobre a base da qual o PT se afastou durante seus quatro mandatos”, essas duas afirmações são e propõem autocrítica séria e necessária.Zé Dirceu afirmou que “Em 13 anos e meio [de vida institucional], nos afastamos do dia a dia do povo”, prova disso é que as fake news de Bolsonaro chegaram num eleitor abandonado pelo PT ou, nas suas palavras: “Eles só chegaram lá [no eleitor] porque não estávamos lá aonde eles chegaram”.

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E qual seria o caminho?

A primeira tarefa é a DEFESA DA DEMOCRACIA, como disse Zé Dirceu somos nós, da esquerda, que temos a militância válida e necessária, uma militância cultural e intelectualmente preparada para a defesa da democracia e, como sabemos, a democracia para a direita é um panfleto apenas.

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A segunda tarefa é compreendermos que a anulação das condenações de Lula é fundamental como movimento de unificação da esquerda e de denúncia à sociedade. Essa tarefa parece ter sido esquecida por vários “lideres” “de esquerda”.A terceira tarefa (a mais difícil em minha opinião em razão da vaidade dos dirigentes e dos detentores de mandato) é a fixação de um programa mínimo de comunhão dos partidos de esquerda. Nas palavras do Zé: “Quer fazer um bloco, faça. Não quer fazer uma frente, não faça. Agora, vamos ter um programa mínimo. Suponho que esse programa mínimo é oposição ao governo, defesa da democracia, da soberania nacional e de reformas políticas, estruturais, sociais e econômicas que levem à distribuição de renda, da riqueza e do poder cultural e formação nesse país”.

Fato é que o país precisa muito de líderes de verdade, pois precisa de Política e de estratégia, afinal a Política é o essencial da vida humana, razão pela qual a dignidade da Política é a própria dignidade do ser humano e a palavra é instrumento de construção da paz.

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