“Libera geral” amazônico de Bolsonaro favorece trabalho escravo

Desde 1995, o ano em que mais se resgatou trabalhadores de condições análogas à escravidão foi 2007 (6.038). Em 2022, já são 728

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MPT/Reprodução (Foto: MPT/Reprodução)


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A Campanha contra o Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra está celebrando 25 anos de esforço para denunciar a exploração de trabalhadores no Brasil, pessoas que não são remuneradas por tarefas sobre-humanas, a maioria delas em jornadas de sol a sol na região norte do Brasil, destaque para a Amazônia.

Desde sempre à frente da campanha, o Frei Xavier Plassat merece mais espaço na mídia. Primeiro, pela relevância do seu papel; segundo, pela coragem de suas declarações, como esta à coluna:

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“É óbvio que há relação entre desmatamento e trabalho escravo, inclusive pelo caráter ilegal e clandestino dessas práticas, facilitadas pelo ‘libera geral’ promovido pelo governo Bolsonaro, junto com o desmonte da fiscalização, garantindo a esses crimes toda a invisibilidade desejável.”

A Pastoral da Terra acaba de divulgar os dados atualizados do trabalho escravo no Brasil. Desde 1995, o ano em que mais se resgatou trabalhadores de condições análogas à escravidão foi 2007 (6.038). De 2016 a 2021, anos Temer e Bolsonaro, os resgates foram 825, 640, 1.154, 1.089, 1.032 e 1.923. Em 2022, já são 728 os trabalhadores salvos da escravidão. 

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A atuação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Defensoria Pública da União e de auditores-fiscais do Ministério do Trabalho responde pelo número de trabalhadores resgatados, em confronto com a má vontade do governo Bolsonaro. As equipes envolvidas nessas ações não se cansam de denunciar a falta de apoio governamental.

O governo convive bem com o trabalho escravo, obrigado. Não fosse assim, a então Secretaria Especial de Previdência e Trabalho não teria alterado a norma NR3, dificultando a interdição de máquinas, equipamentos e estabelecimentos ou o embargo de obras que gerem risco de morte ou lesões de trabalhadores.

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A indignação do Frei Xavier com os assassinatos de Bruno e Dom é enorme. A Comissão Pastoral da Terra divulgou nota a respeito. Na esteira do desmatamento e do tráfico de madeira, do despoliciamento da Amazônia, do estímulo ao garimpo ilegal, do tráfico de drogas pela região e do desmantelamento da Funai, o trabalho escravo também é uma tragédia amazônica.

A ação pastoral acerca do trabalho escravo no Brasil começou nos anos 70 com a figura carismática de D. Pedro Casaldáliga. Em conversa com o colunista tempos atrás, o Frei Plassat dizia que muita gente não entende que a naturalização dessa relação de exploração tem a ver com racismo. “Eu acho que é uma herança maldita que o Brasil carrega por nunca ter tratado seriamente o fim da escravidão”, dizia-nos.

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São conhecidos os métodos criminosos e extremamente violentos de alguns empresários dos setores agrícola e madeireiro na Amazônia. Assim não fossem, não teriam o fim que tiveram personalidades como Chico Mendes e a Irmã Dorothy Stang. O Frei Xavier Plassat já contou em diversas oportunidades sofrer ameaças.

Todo cuidado é pouco. Pessoas como Xavier Plassat precisam ser protegidas neste ambiente que remete ao Século XVIII, de coronelismo, ameaças e escravidão.

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