Lembrem-se: corrupção também rima com redação

Houve um tempo em que a preocupação dos veículos de comunicação com erros era bem maior. Hoje, a repetição é tão grande que fica a dúvida se não se erra de propósito para prejudicar um governo, um partido político ou alguns de seus membros



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Uma das definições de corrupção, de autoria de Antônio Houaiss, dá conta de que ela é a “modificação, adulteração das características originais de algo (corrupção de um texto)”. O célebre dicionarista fala também em suborno, em locupletação por parte de partido político ou funcionário público, depravação de hábitos e costumes.   Vamos nos ater à primeira parte da definição.

Os  grandes veículos de comunicação, sobretudo eles, têm, nos últimos tempos, errado muito na interpretação de fatos. Houve um tempo em que a preocupação com esses erros era bem maior. Hoje, a repetição é tão grande que fica a dúvida se não se erra de propósito para prejudicar um governo, um partido político ou alguns de seus membros. Sim, porque os erros são cometidos por pessoas experientes, tarimbadas em redações – e, volta e meia, envolvendo questões em que errar é notoriamente mais difícil que acertar.

Se há erro proposital  nas publicações, nas reportagens de rádio e de TV, o Dicionário Houaiss diria que aqueles que o praticam são corruptos. A distorção voluntária de um fato, com o fez “O Globo” na semana passada ao alterar a afirmação do delator Nestor Cerveró, deveria ser considerada  corrupção. E vejam só: corrupção ao apontarem corrupção.  Vamos ao fato: o delator disse supor que a  presidenta Dilma Rousseff soubesse da prática  de corrupção na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, e  “O Globo” então traz, como manchete principal, que Cerveró afirmou que Dilma sabia. Talvez apostando em que a maioria lê somente o título da reportagem, principalmente aqueles de passagem pelas  bancas, o jornal  joga o título falso, mesmo apresentando no corpo da matéria trecho da delação no qual  fica bem claro  de que nunca houve uma conversa  que pudesse indicar a participação da  presidenta em algum evento condenável. Não seria o caso do caro leitor de “O Globo” sentir-se ludibriado?

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Esse é apenas um exemplo.  Hoje em dia o que mais se vê nos veículos de comunicação é suposição virar certeza. O contrário também acontece, e muito. Depende da coloração partidária e de que lado está sendo  denunciado ou está denunciando.

Com esses “erros” mata-se o jornalismo sério a cada dia, a cada minuto, a cada segundo. Esse comportamento não está longe dos pespegados pelos boateiros de redes sociais. Talvez sejam alimentados um pelo outro. Não há nenhum rubor na face de muitos dos jornalistas de redação que hoje estão mais para militantes partidários irresponsáveis ao escreverem ou falarem barbaridades. O importante é “assassinar” reputações, sempre com o entendimento de que os leitores, telespectadores ou ouvintes vão engolir a versão e sair por aí reproduzindo-a, emprenhados do que este tipo de jornalismo alardeia.

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Tudo isso sem falar na possibilidade de receberem materiais de vazamentos ilegais e os guardarem para serem lançados a público  de acordo com o momento político. E, quando resolvem dar publicidade, o fazem de forma seletiva, escondendo alguns nomes e expondo a outros sem qualquer escrúpulo. Isso também é corrupção. Assunto, talvez, para uma próxima edição do Dicionário Houaiss. Esse verbete não para de ficar mais extenso – e tenebroso. Qualquer estagiário de redaç ão da grande imprensa conservadora sabe disso.

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