Lembram-se do efeito Orloff? Eu sou você amanhã!
O Brasil está sob efeito de cocaína. Coloca no lugar de uma Presidenta honesta um vice-presidente suspeito de irregularidades; põe no lugar do vice suspeito um presidente da Câmara já condenado pela opinião pública por suas falcatruas
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O Brasil está sob efeito de cocaína. Coloca no lugar de uma Presidenta honesta um vice-presidente suspeito de irregularidades; põe no lugar do vice suspeito um presidente da Câmara já condenado pela opinião pública por suas falcatruas, embora ainda protegido pelo sistema judiciário seletivo; prepara para entrar na linha de sucessão um presidente do Senado indicado para processo na Lava Jato; coloca nas mãos do Supremo Tribunal Federal, composto por magistrados não eleitos, a solução de problemas eminentemente políticos do país.
Desculpem-me, mas o país está claramente drogado quando aposta em impeachment sem crime de responsabilidade. Estão brincando com o povo? Temos um vizinho que brincou com o povo e teve como consequência a tomada da Presidência por cinco políticos sucessivos num prazo de dez dias: De La Rúa, o único eleito pelo povo, que herdou as trapaças pessoais e políticas de Carlos Menem; Ramón Puerta; Adolfo Rodriguez Saá; Eduardo Camaño e Eduardo Duhalde. Finalmente, o povo acordou, retomou as rédeas e elegeu Kirchner, um progressista.
Décadas atrás, dizia-se que o Brasil imitava a Argentina, com atraso, nas trapalhadas políticas que ela fazia. Se repetir-se agora, com quinze anos de atraso, o que aconteceu no início dos anos 2001 no país vizinho, podemos nos preparar para que, em prazo curtíssimo, tenhamos na presidência Temer, depois Cunha, depois Renan, depois Lewandowski, depois algum aventureiro eleito por eleição indireta - até que a farra acaba pelos méritos de uma gigantesca convulsão social, justamente como aconteceu com os portenhos em 2001.
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