Lavajatismo na PRF é contraditório com desafio de restauração da democracia
O indicado para a Direção Geral da PRF, o policial rodoviário Edmar Camata, tem uma trajetória no serviço público de defesa fervorosa da Lava Jato
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Jeferson Miola
O indicado para a Direção Geral da PRF, o policial rodoviário Edmar Camata, tem uma trajetória no serviço público de defesa fervorosa da Lava Jato.
Na eleição de 2018, Camata concorreu a deputado federal com a bandeira da Lava Jato. Com o lema “PARA A LAVA JATO NÃO ACABAR” [em maiúsculo], prometia não “deixar a maior operação anticorrupção do país parar”.
A jornalista da Folha de São Paulo Mônica Bergamo resgatou a admiração e elogios dele a Deltan Dallagnol e Sérgio Moro, publicados nas redes sociais em 2017 e 2019. Camata também publicou opiniões justificando a prisão ilegal e farsesca de Lula.
Há hoje um consenso formado nas comunidades jurídicas brasileira e mundial de que a Lava Jato foi o maior esquema de corrupção judicial da história. Um atentado brutal à democracia e ao Estado de Direito.
Depois que vieram à tona as revelações escabrosas sobre a atuação mafiosa de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e de policiais federais, juízes, desembargadores e de procuradores da República da gangue da Lava Jato, todas pessoas éticas e de boa fé – ainda que antipetistas e antilulistas – passaram a desacreditar da Operação.
Com a descoberta da trama mafiosa articulada em grupos de Telegram gerenciados por Dallagnol, muitos dos então entusiastas da Lava Jato entenderam que seus integranteso deturparam as prerrogativas dos cargos públicos e agiram como criminosos movidos por interesses pessoais e partidários.
A Lava Jato é uma das principais causas da derrocada do país, e fator de corrosão da nossa democracia. A Lava Jato foi uma farsa político-jurídica da extrema-direita para conquistar o poder.
Assim como o bolsonarismo, o lavajatismo também é incompatível com a democracia. Tendo o direito penal do inimigo como método da luta ideológica, e o Estado de Exceção como um regime de poder, o lavajatismo promove uma guerra fascista permanente contra a democracia.
O presidente Lula estrutura um governo de amplo espectro ideológico que corresponda ao desafio de unir todas as forças democráticas do país com vistas à restauração da democracia e à reconstrução nacional.
Por isso Lula planeja um governo que abarca inclusive setores liberais e de centro-direita, desde que comprometidos com o desafio histórico de derrotar o fascismo e deter seu avanço. Isso significa, portanto, isolar a extrema-direita representada nas suas duas facções fascistas – a bolsonarista e a lavajatista.
O governo eleito tem a missão histórica de redemocratizar e desfascistizar o país. A desfascistização das instituições é um requisito fundamental para a concretização deste complexo desafio.
Em coerência com este critério, todo dirigente técnico-político que ocupar postos de comando no governo Lula/Alckmin deve ser antifascista, defensor renhido da democracia e do Estado de Direito e, portanto, um crítico contundente da Lava Jato.
Reconhecer esta realidade deve ser o requisito básico a ser comprovado por aqueles que liderarão as instituições da República – sobretudo as policiais – nesta etapa de restauração da democracia no Brasil.
Se Edmar Camata não satisfizer este requisito básico, sua indicação para o cargo de diretor-geral da PRF será contraditório com o desafio fundamental do governo que assume em 1º de janeiro.
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