Lava Jato se desmoralizou por só investigar e prender petistas

A Operação Lava Jato entrará para a história como uma praga, como flagelo que afundou um país que ia bem na economia, na democracia e no equacionamento de seus problemas sociais e que mergulhou no caos político, econômico e institucional por moto próprio

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 FOTO Rodolfo Buhrer / La Imagem / Fotoarena / PAGOS (Foto: Eduardo Guimarães)


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A Operação Lava Jato entrará para a história como uma praga, como flagelo que afundou um país que ia bem na economia, na democracia e no equacionamento de seus problemas sociais e que mergulhou no caos político, econômico e institucional por moto próprio.

Ainda não é possível enxergar quanto de ruim será dito contra essa iniciativa ditatorial, farsesca, vigarista mesmo, que, para atingir objetivos eminentemente políticos, destruiu a economia, soterrou a democracia e desmoralizou as instituições.

Mas será. Todos enxergarão isso no espaço de alguns poucos anos, após a poeira amainar.

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Essa quadrilha formada por agentes públicos, que infringe a lei e o Estado de Direito com fins escancaradamente políticos, antes mesmo de o tempo se assenhorar da razão já está sendo questionada por seus excessos menores.

E as vozes dos questionadores estão longe de ser oriundas da esquerda, alvo prioritário da guerra política em curso no país. Antiesquerdistas hidrófobos como um Reinaldo Azevedo (colunista da Folha de São Paulo e da revista Veja) estremecem com os erros cômicos da Lava Jato.

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Na sexta-feira retrasada, Azevedo – mau caráter, mas inteligente – quase teve uma síncope ao ver a pataquada da denúncia do MP contra Lula. Seu artigo na Folha deixava pingar ódio contra a burrice do procurador midiático Deltan Dallagnol.

Azevedo não estava preocupado com o Estado de Direito, mas com o fato de que uma denúncia tão fraca, que só tinha tabelas em power point em lugar de evidências e provas, desmoraliza a campanha para impedir Lula de disputar a Presidência em 2018.

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No último dia útil da semana recém-terminada (23/9), Azevedo voltou à carga.

O mais notório petefóbico do país criticou a premissa inacreditável do juiz Sergio Moro, que diz que, ao responder a processo, Lula terá a chance de provar que não é culpado e, claro, criticou a prisão sem sentido de Guido Mantega.

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Palavras do colunista:

“(…) aí se está diante de um entendimento torto do que é o direito numa democracia. Caberá sempre ao acusador o ônus da prova. O acusado não tem como produzir prova negativa (…)”, diz Azevedo sobre Moro.

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“(…) Prisão e soltura nada têm a ver com Justiça e cumprimento da lei. Chanchada. Força-tarefa e juiz quiseram dar um recado: ‘Mandamos soltar e prender quando nos der na telha. São todos criminosos’ (…)”, diz o rottweiler sobre a prisão de Mantega.

OAB vem criticando a Lava Jato, até setores fortemente antipetistas da mídia vêm criticando a Lava Jato, o STFcriticou a Lava Jato.

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Neste domingo, em uma semana o jornal Folha de São Paulo critica, pela segunda vez, o vedetismo da Lava Jato, mas, assim como Azevedo, como a OAB, como o STF e tantos outros, critica sob premissa errada.

—– lava jato 1

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Imprensa e colunistas antipetistas, a OAB (comandada por um antipetista) e até o STF (majoritariamente antipetista) dizem que os erros e abusos da Lava Jato a estão desmoralizando, mas estão enganados.

O que desmoraliza a Lava Jato é outra coisa.

Além do presidente da República interino, Michel Temer (PMDB), ao menos sete ministros do novo governo tiveram seus nomes citados nas investigações da Operação Lava Jato.

Temer é citado como beneficiário nos escândalos de corrupção que são alvo da força-tarefa.

Veja, abaixo, o que pesa nas investigações da Lava Jato contra o “presidente” Michel Temer e seus “ministros” e “ex-ministros”:

Romero Jucá (PMDB-RR) – Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (defenestrado)

O senador Romero Jucá, que vai assumir o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, está na lista de investigados que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no início de 2015.

Jucá foi citado por delatores como beneficiário de um esquema de desvio na estatal. Em depoimento à Polícia Federal em fevereiro deste ano, o senador admitiu que pediu a Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, doações para a campanha de seu filho, Rodrigo Jucá (PMDB), que foi candidato a vice-governador de Roraima.

Em depoimento de delação premiada, Pessoa afirmou ter dado R$ 1,5 milhão ao PMDB de Roraima, em 2014. O empreiteiro disse, ainda, que entendeu que o pagamento estava relacionado à contratação da UTC, pela Eletronuclear, para obras da usina nuclear de Angra 3. Romero Jucá nega e atribui a doação ao “trabalho que desempenha como senador”.

Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – Secretaria de Governo

Mensagens apreendidas pela Operação Lava Jato sugerem que o ex-ministro de Lula, ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima usou sua influência para atuar em favor dos interesses da construtora OAS.

Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – Turismo

Ministro do Turismo do governo Dilma, Alves volta à pasta menos de dois meses depois de deixar o cargo. O peemedebista é suspeito de receber propina do dono da OAS, Léo Pinheiro, em troca de favores no Legislativo.

A investigação é baseada em mensagens apreendidas no celular de Pinheiro. Em algumas delas, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cobra Pinheiro por doações à campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Para Janot, os pagamentos são, na verdade, propina.

Mendonça Filho, Raul Jungmann, Bruno Araújo e Ricardo Barros

Os deputados Mendonça Filho (DEM-PE), Raul Jungmann (PPS-PE), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Ricardo Barros (PP-PR), que vão assumir os ministérios da Educação, Defesa, Cidades e Saúde, respectivamente, são citados na famigerada lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março, durante a 23ª fase da Lava Jato.

A lista foi tornada pública e depois colocada sob sigilo, mas os investigadores ainda não sabem se os nomes que constam nela receberam doações legais, ilegais envolvendo recebimento de propina ou dinheiro de caixa dois.

Ora, cadê a Lava Jato? Não prendeu ninguém. E alguns dos acusados nem têm mais foro privilegiado, como Eduardo Cunha, que atrapalha fortemente as investigações. Sua mulher, por exemplo, que é lícito supor que o ajudava a ocultar provas e coagir testemunhas, foi sumariamente preservada por Moro.

E há uma miríade de figuras menores que poderiam denunciar tucanos e peemedebês sob delação premiada e que não são incomodadas porque não interessam ao antipetismo de procuradores, policiais federais, juízes…

O antipetismo da Lava Jato é tão escrachado e visível que até já virou piada para humoristas. O vídeo do grupo Porta dos Fundos intitulado “Delação” já tem cerca de sete milhões de visualizações no You tube.

 

Vale lembrar que o Porta dos Fundos se notabilizou por produzir incontáveis vídeos atacando Dilma e o PT.

Porém, a Lava Jato é tão escrachadamente facciosa, tão claramente pensada para focar única e exclusivamente na suposta “corrupção do PT” que não há escapatória.

Mídia, OAB, STF e os cães sarnentos que escrevem colunas e editoriais mentirosos criticam a Lava Jato porque acham que ela perde eficácia quando se desmoraliza fazendo denúncias escandalosamente fracas e prisões escandalosamente arbitrárias, mas estão errados.

A Lava Jato se desmoraliza porque é escandalosamente visível que só existe para atacar o PT, já que não produz nada contra mais nenhum grupo político, apesar de que há corrupção aos montes em todos os partidos.

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