Lampião é o ídolo do secretário de Segurança Pública do RN
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Fiquei estarrecido ao assistir, ontem à noite, à entrevista do Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Walber Virgolino da Silva Ferreira, no Jornal da Globo.
Não pelo que ele disse, mas pelo cenário em que foi entrevistado.
Enquanto falava a respeito das providências acerca dos massacres no presídio de Alcaçuz, supostamente em seu gabinete, notei que na parede, atrás dele, havia dois desenhos de um dos bandidos lendários do Brasil que ficou conhecido por espalhar o terror no sertão do Nordeste com seu grupo de cangaceiros que assaltaram, mataram, estupraram, violentaram e sequestraram nas décadas de 1920 e 1930: Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Os sobrenomes parecidos levam a supor que a maior autoridade da Segurança do Rio Grande do Norte tem parentesco com o cangaceiro.
Somente esse fato não o torna também um bandido, é evidente, mas a exibição dos desenhos às suas costas, diante das câmeras da TV Globo não deixa dúvidas acerca do orgulho que sente por aquele que ficou conhecido como o Rei do Cangaço.
Por tratar-se de uma repartição pública não me parece conveniente nem legal ocupar o espaço das paredes com retratos de familiares, ainda mais de um familiar cuja biografia está manchada de sangue.
Com o agravante de ser uma repartição pública que trata de proteger a população de criminosos.
Um descendente de bandido que viveu e morreu violentamente (foi degolado pela polícia depois de preso) cuidaria de esconder o parentesco, mas Walber Virgolino o exibe sem nenhum pudor.
Mesmo se não for seu parente está claro que ele o admira, é o seu ídolo.
Também estranhei o fato de o apresentador William Waack, um dos jornalistas mais bem informados e argutos da televisão brasileira não chamar a atenção do telespectador para a cena insólita.
Os símbolos são tão relevantes quanto as palavras. E falam por si só.
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