Keynes ou Friedman?

O neoliberalismo recebeu recentemente críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional em artigo publicado por três economistas da instituição. O documento sugere que o receituário neoliberal, prescrito pelo próprio FMI para o crescimento econômico sustentável em países em desenvolvimento, pode ter efeitos nocivos de longo prazo

O neoliberalismo recebeu recentemente críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional em artigo publicado por três economistas da instituição. O documento sugere que o receituário neoliberal, prescrito pelo próprio FMI para o crescimento econômico sustentável em países em desenvolvimento, pode ter efeitos nocivos de longo prazo
O neoliberalismo recebeu recentemente críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional em artigo publicado por três economistas da instituição. O documento sugere que o receituário neoliberal, prescrito pelo próprio FMI para o crescimento econômico sustentável em países em desenvolvimento, pode ter efeitos nocivos de longo prazo (Foto: Pedro Maciel)


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Todo debate é muito interessante. Através desse modesto artigo trago argumentos e dados para contrapor a convicção de que o liberalismo seria um caminho possível ao desenvolvimento nacional.

Vamos lá.

Os liberais seguidores de Milton Friedman venceram as eleições presidenciais no Brasil em 1990, 1994 e 1998.

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O desenvolvimentismo, de inspiração keynesiana, alcançou o Planalto através de vitorias eleitorais em 2002, 2006, 2010 e 2014.

O Golpe de 2016 representou a tomada do controle do Estado pela agenda liberal derrotada nas urnas.

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Feito esse registro passo a falar sobre o PIB no Brasil a partir de 1990.

Bem, os neoliberais em 1994 alcançaram em 1995 PIB de 786 bilhões de dólares.

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Em 1998, ultimo ano do primeiro mandato neoliberal de FHC, o PIB foi de 854 bilhões de reais.

Em 2002, ultimo ano do segundo mandato de FHC, registrou-se um PIB de 508 bilhões de dólares, valor inferior aos 559 bilhões do ultimo ano do ciclo Collor/Itamar em 1994.

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Se olharmos exclusivamente para o PIB podemos concluir que no ciclo neoliberal, apesar de o Estado haver transferido dezenas de empresas estatais para a iniciativa privada, o país “andou para trás”, não colheu desenvolvimento, não gerou emprego, tanto que Lula recebeu um país cujo desemprego era de 12%, não havia reservas internacionais e estávamos devendo ao FMI.

Após um ciclo econômico virtuoso e de inspiração keynesiana em 2006, ultimo ano do primeiro mandato de Lula, o PIB foi de 1,100 trilhões de dólares.

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Em 2010, ultimo ano do segundo mandato de Lula, o PIB foi de 2,210 trilhões de dólares, ou seja, um aumento de 500%. Além disso, o viveu-se um período de pleno emprego, reservas cambiais abundantes, o país passou a ser credor do FMI e o desenvolvimento vicejou.

Essa é a verdade.

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Mesmo no primeiro mandato de Dilma e apesar de seus erros na condução na Política Econômica, colheu-se em 2011 2,600 trilhões de dólares e em 2014, ultimo ano de seu primeiro mandato, um PIB de 2,456 trilhões de dólares.

Já em 2015, com o Golpe em curso, com a crise econômica mundial que derrubou o preço das commodities, com a histeria dos derrotados e com a Lava-Jato sendo tratada pela mídia como a quintessência e redentora dos nossos pecados, o PIB foi de 1,800 trilhões de dólares.

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E em 2016, após o Golpe, o PIB foi de 1,796 trilhões de dólares.

Esses dados são do Banco Mundial[1].

O neoliberalismo recebeu recentemente críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional em artigo publicado[2] por três economistas da instituição.

O documento sugere que o receituário neoliberal, prescrito pelo próprio FMI para o crescimento econômico sustentável em países em desenvolvimento, pode ter efeitos nocivos de longo prazo, pois os benefícios de algumas políticas que são uma parte importante da agenda neoliberal parecem ter sido um pouco exagerados, e em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura.

E mais, a abordagem liberal tradicional para ajudar os países a reconstruir suas economias através de corte de gastos do governo, privatização, livre comércio e abertura de capital podem ter custos "significativos" em termos de maior desigualdade e o aumento da desigualdade prejudica o nível e a sustentabilidade do crescimento, mesmo que o crescimento seja o único ou principal objetivo da agenda neoliberal, os defensores dessa agenda devem prestar atenção nos efeitos.

Sendo assim, voto em Keynes.


[1] https://data.worldbank.org/country/brazil?locale=pt

[2] edição de junho da revista Finance & Development.

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