Kant para todos

Recomendo aos "doutores da profundidade" que acham que falar de amor de forma simples é "mico" e banal, que leiam um pouco mais de Kant



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Fui uma adolescente politizada. Ainda na infância, destoava do meu grupo de amigas por gostar de falar sobre a ditadura militar, por exemplo.

Fui às Diretas Já e quis um Brasil melhor na pós-ditadura.

Estudei direito numa grande universidade e lá descobri alguns filósofos - uns mais antigos e outros mais recentes como Norberto Bobbio. Devorei-os todos. Aprendi e desaprendi. Curti e descurti.

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Acredito que tem que se ter ideologia pra viver.

Acredito em bem e mal, em valores de esquerda e de direita. Sempre. Acredito em caráter.

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Não escrever sobre política, partidária ou não, é minha opção. Escrever de forma mais leve e com linguagem fácil sobre relacionamentos e questões humano-afetivas também é uma opção minha.

Escrevo pra diferentes espaços e os próprios leitores me conduziram para esse "posto". Falo sobre relações afetivas na contemporaneidade. Falo de paixões seja por gente, por projetos, por artes.

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Não acho que escreva nada inédito ou espetacularmente original. Nem escrevo com jargões, de forma técnica ou profunda. Escrevo o óbvio muitas vezes. E ele agrada. Existe qualquer coisa bem boa de se falar o óbvio. É incrivel, mas traz conforto e cumplicidade aos leitores. Não preciso me explicar, é óbvio. Mas é sempre bom explicitá-lo (o óbvio) pois, além da tal cumplicidade a que me referi antes, há também um sentido de transparência para quem me lê.

Voltando ao que escrevo, os temas ligados ao amor acabaram me levando pro rádio, pra mais de um jornal impresso e agora até pro formato de vídeo na web - um videoblog de um jornal brasileiro de grande alcance.

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Sempre esse amor primário, bobo, simples. Sempre ele, clichê, saturado, batido, mas indispensável. Ou seja, sempre onde estou falando ou escrevendo, esses temas estão comigo. Trata-se de demanda.

E foi esse tema, num de meus textos, que me fizeram receber os mais baixos comentários num dos espaços digitais onde escrevo.

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De "coitada, que mico escrever sobre amor" a "lorinha gostosa", "vou por trás dela" ou "uma tarde em Itapoã para ouvir ela gemer".

Respirei fundo pra ter coragem de reproduzir tais comentários aqui. Mas conversando com um querido amigo cineasta, inteligente, culto, a quem muito admiro, ele me convenceu de que é necessário relatar coisas desse tipo e de que a vergonha é deles que escrevem e não minha.

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Obrigada, Samir Abujamra! Segui seus conselho.

Normalmente não me incomodo com os comentários negativos. Quando a gente escreve, a gente dá a cara a tapa pro bom e pro ruim. Aceito humildemente o que quer que achem de mim ou do que penso ou escrevo. Muitas vezes até concordo e agradeço.

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Porém, desmerecer o tema do meu texto (não foi nem o texto em si de forma detalhada) escrevendo baixarias e assinando com pseudônimos não é uma questão de discordar de mim e sim de me desmerecer, me diminuir.

Sexismo? Provavelmente, mas não sou nem feminista nem chata com certas defesas. Deixo pra vocês analisarem.

Prefiro destacar dois outros aspectos desse fato que para mim tem muito mais relevância:

1 - Como é fácil dizer o que se pensa nos blogs da vida, não? Basta escrever o que der na telha, mostrar o pior de si, e assinar um outro nome qualquer ou um apelido. Covardia digital: doença que acomete os infelizes cujo prazer é vagar etéreo pelas construções alheias, sejam elas quais forem, flanando invisíveis e sem culpa por entre as atrocidades muitas vezes desferidas ao léu nos posts da vida.

2 - O óbvio, mais uma vez, mas nem por isso menos chocante: as pessoas ultrapassam o limite do respeito e da ética sem sequer supor como seria se elas estivessem do outro lado, do lado ferido, ofendido. Sim, constatação óbvia. Bem vindos ao mundo dos Humanos. E por mais óbvio que esse comportamento seja, não consigo achar normal ou aceitável.

Por fim recomendo aos "doutores da profundidade" que acham que falar de amor de forma simples é "mico" e banal, que leiam um pouco mais de Kant. Se precisarem, eu saio da psicina rasa do amor que me colocaram e mergulho no oceano abissal de Kant pra dar uma mãozinha. Afinal, a regra de ouro deve valer pra todos.

Por fim, minha dica final: Menos é mais.

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