Juros da morte

"Essa taxa imposta unilateralmente pelo BC, paralisa o país, os empregos, as indústrias estagnam, empresas encerram atividades e dão férias coletivas"

Roberto Campos Neto
Roberto Campos Neto (Foto: Raphael Ribeiro/BCB)


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Os diretores do Banco Central do Brasil são em maioria técnicos, economistas, considerados notáveis, pois falam um economês crônico, hermético. Não sei se é assunto fácil, mas quando não se quer explicar ‘falar difícil’ é uma boa saída pela direita. Essa taxa de 13,75%, imposta unilateralmente pelo Banco Central, paralisa o país, os empregos, as indústrias estagnam, empresas encerram atividades e dão férias coletivas, haverá mais fome ainda. Inimaginável até mesmo pelo Nobel da economia Joseph Stiglitz que define a taxa como ‘chocante’ e ‘pena de morte’ da economia.

Alguns comentaristas conservadores defendem que os juros altos diminuiriam a inflação e que precisam segurar o excesso de compra e moeda circulante. Ora, vivemos na era do PIX, os bancos e até as lojas dão cartões aos seus fregueses, sem nenhum custo à Casa da moeda ou Banco Central. Moeda física existe na cabeça de antigos. A Casa da Moeda não precisa rodar suas prensas com suas notas coloridas protegidas de falsificações, aliás, quem já recebeu uma nota de R$200,00. Claro, quem usa dinheiro como antigamente?!

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Dos entulhos da transição de governo sobrou o monetarismo anacrônico, pelo qual o Banco Central pode impor taxas esnobes altíssimas sem nenhuma explicação plausível, 13,75%, a qual, evidentemente, sabota o crescimento das indústrias, dos empregos e da recuperação do país. Pelo último relatório do Banco Central, parece que a ideia é elevá-la bem acima do bom senso, ‘para combater a inflação’! 

Perguntaram ao Lula se vai entrar na guerra da Rússia-Ucrânia. Não – disse Lula, vamos buscar um plano de paz! Não perguntaram ao Lula, mas ele falou duro sobre os altos juros do Banco Central. 

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Economistas brasileiros de renome afirmam que as taxas do Banco Central estão em níveis inaceitáveis e assinam manifesto Bresser Pereira, Leda Paulani, Mônica de Bolle, Luiz Gonzaga Belluzzo, Luciano Galvão Coutinho, Nelson Marconi, Antonio Correa de Lacerda, Clélio Campolina, Paulo Nogueira Batista Jr. e Lena Lavinas. 

Um dos pais do exitoso Plano Real, André Lara Resende, também se insurge contra esse monetarismo obtuso do Banco Central. Segundo ele, em seu artigo Juros, moeda e ortodoxia, disponível em PDF na Net: “mudaram-se os tempos, a teoria foi revista a contragosto, mas o apego à ortodoxia monetária continua tão forte quanto antes. Hoje a ortodoxia já não dita regra para o controle dos agregados monetários, mas para a taxa de juros”. Se a taxa de juros é mantida alta por muito tempo ela aumenta a inflação, em vez de abaixar, diz o economista.

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Jeffrey Sachs, Nobel da economia, afirmou que “o Brasil é punido por taxas de juros altíssimas, por políticas de juros altos do Banco Central, muito difíceis de explicar”, acrescentando que a “situação fiscal do Brasil é totalmente distorcida através de juros extraordinariamente altos”. 

Banco independente?! Ora, que o seu presidente preste contas, e não ao Roda Viva, mas no Congresso!

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