Júlio Lancellotti: desculpas privadas a ataques público
Jornalista Marcelo Auler revela que o presidente do diretório estadual de São Paulo do Patriota, Ovasco Resende, se solidarizou com o padre Julio Lancellotti, vítima de ataques do deputado Arthur do Val
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Por Marcelo Auler, em seu Blog
Preocupado com a repercussão até internacional das ameaças ao padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, o presidente do diretório estadual de São Paulo do Patriota, Ovasco Resende, se solidarizou com o mesmo.
Deixou claro que os ataques do deputado estadual Arthur Moledo do Val, não refletem o pensamento do partido. Com o pedido de desculpas ao padre, Resende praticamente desautorizou a atitude daquele que será candidato a prefeito da capital paulista pela legenda.
O pedido de desculpas e as críticas às manifestações do parlamentar que acabam incentivando outros ataques ao religioso, porém, foram feitas no particular. Através de um telefonema na manhã de quinta-feira (17/09) após o padre celebrar sua missa matinal na Igreja São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo.
Lancellotti foi procurado por um emissário de Resende que, com a concordância do padre, fez a ligação para o presidente do Patriota que é de São José do Rio Preto, cidade no interior paulista.
Na conversa, o padre solicitou então uma manifestação pública do interlocutor, bem como que sua posição de desacordo aos ataques fosse levada ao cardeal de São Paulo, dom Odilo Scherer. Não há confirmação oficial de que esses pedidos foram atendidos.
As desculpas do presidente regional do Patriota, porém, não evitarão que o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que atende ao padre, ingresse com ações judiciais contra o parlamentar autor das agressões. Por decisão do advogado e do religioso, o recurso ao judiciário visará indenização financeira, de forma a atingir o bolso do agressor. Serão tantos quanto forem os ataques.
Greenhalgh também foi procurado por uma assistente social do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, ligado ao ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Na ligação foi sinalizada a possibilidade de o Programa acompanhar o caso do sacerdote ameaçado. Um assessor do órgão, em São Paulo, ficou de acompanhar a situação de padre Lancellotti, permanecendo à disposição dele e repassando relatórios da situação a Brasília.
45 mil pessoas se solidarizam com o padre
Apesar de toda a repercussão que o ataque e ameaças ao padre geraram nos últimos dias, inclusive com apoios vindo do exterior, até a manhã desta sexta-feira o governador João Doria, que comanda a segurança no estado, não se manifestou a respeito. Nem no particular.
Quem ofereceu segurança ao religioso foi o prefeito Bruno Covas, a partir da Guarda Municipal. Padre Lancellotti, porém, a dispensou, como explicou a Emílio Sant’Anna, na reportagem publicada na Folha de S.Paulo desta sexta-feira (18/09) – ‘Eu fico com a escolta, e o morador de rua com a tortura? Não posso aceitar’, diz padre Julio Lancellotti.
Na próxima semana, porém, um abaixo assinado cobrando a proteção ao padre, aos que com ele trabalham e aos que são por eles assistidos, bem como exigindo a apuração das ameaças ocorridas esta semana e os seus possíveis mandantes, será encaminhado ao governador. O documento direcionado ao governador – Protejam Padre Júlio Lancellotti – foi lançado no portal Change.org, na noite de terça-feira (15/09) e em pouco mais de dois dias, na tarde desta sexta, já contava com a adesão de 45 mil pessoas. Seus organizadores – leigos e religiosos ligados a movimentos sociais – aguardam apenas este final de semana para concluírem a coleta de apoio.
Neste sábado (19/09) o grupo Prerrogativas, formado por advogados de diversas partes do país, promoverá uma conversa com o sacerdote no seu programa semana, transmitido pelo Canal Prerrogativas do Youtube, a partir de 11h0. Com a mediação de Marco Aurélio Carvalho, Fabiano Silva dos Santos e Gabriela Araújo, padre Lancellotti falará sobre violência e a população em situação de rua.
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