Judiciário protege Bolsonaro mas Lula segue a grande força da eleição

"Mesmo enfrentando os movimentos de uma provável dança de cadeiras entre candidatos a presidente, situação em que as intenções de voto acumuladas por Lula já não são contabilizadas, e o eleitorado potencial de Fernando Haddad ainda não mostrou a que veio,  o apoio popular a Lula é a força dominante da campanha", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Ao mostrar Haddad, que nem candidato é, em empate técnico com Bolsonaro num eventual segundo turno, o Ibope mostra a direção em que o vento da eleição está soprando". Para PML, "se o respeito a vontade soberana do eleitorado estivesse garantido, a eleição deveria ser um passeio para o bloco político liderado por Lula, mas não será."

Judiciário protege Bolsonaro mas Lula segue a grande força da eleição
Judiciário protege Bolsonaro mas Lula segue a grande força da eleição


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Em sua fase atual, a campanha assume o formato de uma travessia acelerada até 7 de outubro, data da votação em primeiro turno. Mais do que uma campanha curta, é uma campanha clara. 

Os números divulgados pelo Ibope não devem ser vistos como uma tendência duradoura. Refletem uma situação passageira. Isso porque refletem os movimentos de quem pode ser levado a realizar uma provável dança de cadeiras entre candidatos a presidente, situação em que as intenções de voto acumuladas por Lula já não são contabilizadas, e o eleitorado potencial de Fernando Haddad ainda não mostrou a que veio. Em qualquer caso, o apoio popular a Lula é a força dominante da campanha. Essa vantagem é confirmada pelo retorno do Partido dos Trabalhadores a condição de mais popular partido político do país -- a uma distância quilométrica de adversários que nem chegam a ser competitivos como força partidária.

O fato de Fernando Haddad --  cuja candidatura sequer foi oficializada -- ser colocado em empate técnico contra Jair Bolsonaro num segundo turno é uma demonstração definitiva da direção em que sopra o vento nesta eleição.  

continua após o anúncio

 Não é difícil entender esse processo, que reune duas correntezas a favor. De um lado, há a memória das conquistas e melhorias obtidas pela maioria da população em seu governo. Soma-se a isso a decepção profunda com dois anos de Temer-Meirelles, calamidade que uniu os principais adversários no palanque de 2018, do PSDB de Alckmin ao MDB de Meirelles, e mesmo Jair Bolsonaro com seu voto-homenagem a Ustra e um programa de governo que pretende continuar "o que Temer vem fazendo, só que mais rápido", como explica o guru Paulo Guedes.

 Se o respeito a vontade soberana do eleitorado estivesse garantido, a eleição deveria ser um passeio para o bloco político liderado por Lula, mesmo da prisão, mas não será.

continua após o anúncio

 A aliança explícita do Judiciário com adversários do PT é um fato que não precisa ser colocado em dúvida e seu impacto nas próximas semanas ainda não pode ser inteiramente avaliado. É ali que se prepara o fato mais relevante de todos, a exclusão de Lula da campanha, hoje vista como inevitável. A essa iniciativa se soma um esforço para constranger a candidatura de Haddad com denúncias requentadas. Como se nada disso  bastasse, o início da propaganda eleitoral tem sido marcado pelo esforço prejudicar a propaganda do partido no todo e no detalhe, chegando-se ao requinte de censurar frases com uma grosseria que recorda o desempenho de dona Solange Fernandes, uma das tesouras mais célebres da censura da ditadura militar, de triste memória.

 "Foi-se longe demais com esse paternalismo que avilta a inteligência e a capacidade de escolha dos cidadãos," protesta a Folha em editorial (6/9/2018). "Chegou-se ao ponto de interferir na liberdade de expressão, o que jamais deveria ser admitido".

continua após o anúncio

 Atendendo a um pedido do Partido Novo, o que por si só deveria ser motivo de suspeição, em função do nítido interesse de parte envolvida, o TSE tomou uma iniciativa que seria puro folclore se não envolvesse um ataque a liberdade de expressão, direito protegido de forma absoluta pela Constituição -- e ainda mais indispensável em toda campanha eleitoral. O TSE vetou a frase "trazer o Brasil de Lula de volta", iniciativa que se inscreve na mesma linha de truculências bizarras -- e inaceitáveis, de todo modo -- que marcou um período sem liberdade que o país superou após duas décadas de imensos sacrifícios, quando versos do mais alto valor estético e informações de inegável interesse público eram suprimidas sem o menor dos jornais, revistas e, especialmente, do rádio e da Tv. Apenas uma visão distorcida pelo espírito policialesco é incapaz de enxergar nessa expressão  ("Brasil de Lula") algo além da afirmação de uma identidade histórica -- semelhante a Era Vargas, por exemplo --, indispensável a toda manifestação de natureza política, ainda mais numa campanha eleitoral, quando o esforço em nome de uma comunicação de massa deve ser estimulado e não cerceado.  

Reproduzindo um comportamento que é um traço permanente de um Judiciário cada vez mais politizado, essa postura contrasta com o tratamento benigno que tem sido assegurado aos movimentos fascistas de Jair Bolsonaro. Uma acusação de  racismo assinada pela Procuradora Geral da República encontra-se travada em sua fase pré-inicial -- o STF sequer decidiu, e não se sabe se um dia o fará, se aceita examinar a denuncia. O escandaloso espetáculo do fim de semana de Rio Branco, no qual o candidato encenou o massacre de petistas a tiros de metralhadora já caminha para o esquecimento.

continua após o anúncio

Como se tivesse recebido um sinal verde para novas demonstrações de agressividade muito além do aceitável, no último show de ódio Bolsonaro divertiu a platéia dando chutes naquele boneco inflável que retrata Lula com uniforme de presidiário.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247