Jogo bruto

O comportamento recente da imprensa é apenas o começo do que se prenuncia uma campanha eleitoral suja, desleal, onde o jogo bruto pode produzir efeitos iguais aos observados na eleição de Fernando Collor



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Começou o jogo bruto no processo eleitoral. A imprensa comprometida, que não mais se preocupa em mascarar suas preferências políticas e se comporta, escandalosamente, como partido, decidiu usar todos os seus recursos para frustrar o projeto de reeleição da presidenta Dilma Rousseff, de modo a favorecer a eleição do seu candidato, o senador Aécio Neves. O editorial do "Estado de São Paulo", sob o título de "A presidente desmentida", é mais um exemplo da disposição dos jornalões em minar o projeto de Dilma, sem nenhum escrúpulo ou profissionalismo quando se trata de omitir ou distorcer informações para atingir o governo.

No editorial, o "Estadão" dá crédito a Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás, que, através do seu advogado Edson Ribeiro, desmente a Presidenta quanto ao tempo que o Conselho de Administração da empresa estatal de petróleo teve para examinar documentos e decidir sobre a compra da refinaria de Pasadena. Segundo o jornalão paulista, o advogado afirmou à "Folha" que Dilma "e os demais conselheiros da Petrobrás à época receberam a íntegra da proposta do contrato com a Astra Oil 15 dias antes da fatídica reunião em que foi aprovada". E acrescentou:"Os conselheiros tiveram tempo hábil para examinar o contrato. Se não o fizeram, foram no mínimo levianos ou praticaram gestão temerária".

O "Estadão" classificou a declaração do advogado Ribeiro de uma "bomba incandescente", que "mergulhou a presidente no que é sem dúvida a sua pior enrascada desde que ascendeu ao Planalto". E arremata:"Resta saber, se o desmentido ficar comprovado, como Dilma se sairá dessa. Se é que conseguirá sair".

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Ninguém precisa ser muito esperto para perceber que quem se meteu numa enrascada foi o jornalão paulista, ao dar crédito às declarações do advogado Ribeiro e não à Presidenta, pois o empresário Jorge Gerdau, um dos integrantes do Conselho da Petrobrás à época, disse em nota que Cerveró mentiu. "Ao contrário do que foi informado – diz a nota – Jorge Gerdau Johannpeter esclarece que o contrato de compra da refinaria de Pasadena não foi enviado previamente para avaliação do Conselho de Administração da Petrobras". Outros conselheiros, como Thomas Traumann e Fábio Barbosa, presidente executivo do Grupo Abril, confirmaram as declarações de Gerdau. E agora? Como fica a credibilidade do "Estadão"?

O fato é que a chamada Grande Imprensa, cuja posição política já se escancarou, decidiu entrar com todos os seus recursos no processo eleitoral. Seu objetivo: derrotar Dilma e eleger Aécio, o pupilo de FHC. E para atingir esse objetivo vale tudo, até montar um questionário dirigido contra a Presidenta, segundo denúncia do jornal digital "Brasil 247", para ser utilizado pelo instituto Datafolha na pesquisa sobre intenção de votos. Entre outras perguntas estão estas:"Voce diria que, nos últimos 30 dias, notou aumento, diminuição ou não notou mudanças no preço dos alimentos? Nos últimos doze meses você alguma vez foi assaltado, roubado ou agredido? Na sua opinião a presidente Dilma Rousseff tem muita responsabilidade, um pouco de responsabilidade ou nenhuma responsabilidade no caso da compra da refinaria dos Estados Unidos pela Petrobrás?" Só depois dessas é que vem a pergunta sobre intenção de voto.

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Não é dificil perceber o objetivo das perguntas: seguindo o raciocínio das mentes maquiavélicas que conceberam tal questionário, as pessoas consultadas serão sutilmente induzidas a reprovar Dilma, provocando um resultado desfavorável a ela. A tendenciosidade da pesquisa, cujos resultados estão previstos para serem divulgados neste final de semana, deve produzir a queda da Presidenta e a elevação dos candidatos oposicionistas Aécio Neves e Eduardo Campos.

A TV Globo, por sua vez, esta semana ignorou solenemente as lágrimas da presidenta Dilma Rousseff na cerimônia de assinatura do contrato de concessão do aeroporto Tom Jobim, antigo Galeão, no Rio de Janeiro, quando lembrou o retorno dos exilados ao Brasil. O "Jornal Nacional" fingiu que não viu o fato, embora interessante do ponto de vista jornalístico, pois não é todo dia que um Presidente da República chora em público. A omissão, porém, tem uma explicação: a imagem de Dilma chorando certamente contribuiria para melhorar o seu "ibope" junto ao eleitorado.

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Mas isso é apenas o começo do que se prenuncia uma campanha eleitoral suja, desleal, onde o jogo bruto pode produzir efeitos iguais aos observados na eleição de Fernando Collor, quando a onda de boatos acabou derrotando Lula em sua primeira tentativa para chegar ao Planalto. Chegaram a espalhar na época o boato de que, se eleito, Lula mudaria a cor da bandeira brasileira para vermelha, o que causou indignação até entre militares. O povo, portanto, deve estar atento a essas manobras – e principalmente aos boatos – que deverão ser espalhados pelos milhares de internautas que teriam sido contratados pelos tucanos. Como diriam os antigos udenistas: "O preço da democracia é a eterna vigilância".

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